Após 4,4 mil demissões, academias pedem reabertura gradual no DF
Setor encaminhou proposta ao GDF com plano emergencial de funcionamento, com limite de acesso de clientes e restrição a uso de equipamentos
atualizado
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Um dos segmentos comerciais mais afetados pela pandemia do novo coronavírus, as academias esportivas do Distrito Federal mergulharam na crise e agora buscam alternativas para não amargarem ainda mais prejuízos causados pela determinação do governador Ibaneis Rocha (MDB) de manter as unidades fechadas.
O setor já contabiliza mais de 4,4 mil demissões e uma redução de 39,2% na quantidade de clientes apenas no mês de abril. Uma das soluções para evitar o agravamento da situação foi elaborar critérios rigorosos para propor a retomada gradual das atividades.
O plano foi encaminhado ao Palácio do Buriti nessa segunda-feira (27/04) e promete uma série de medidas protetivas com o objetivo de sensibilizar o chefe do Executivo local a permitir lentamente o funcionamento dos estabelecimentos, a começar já na primeira semana de maio.
Segundo a presidente do Sindicato das Academias (Sindac-DF), Thaís Yeleni, a proposta foi toda baseada em recomendações das autoridades sanitárias e visa, também, garantir a manutenção da saúde da população. A entidade tenta minimizar as perdas para 960 estabelecimentos fechados e que atendem, em média, a 770 mil alunos.
“Estivemos em contato com a Federação do Comércio (Fecomércio-DF) e, embora não sejamos filiados à entidade, ela tem feito esse trabalho de forma brilhante. Defendemos que nosso segmento é essencial, ou seja, a gente trabalha para a melhora da condição física e a imunidade das pessoas, que pode ser determinante para a recuperação da doença no caso de contágio”, explicou.
Ainda segundo Thaís Yeleni, “nossa proposta é que, com as medidas necessárias, dentro das recomendações da OMS [Organização Mundial de Saúde], a gente possa retornar de forma gradual. Nossa proposta é que, no dia 3 de maio, os estúdios menores sejam autorizados para que, em seguida, as maiores unidades possam reabrir de forma controlada”.
Entre as propostas entregues ao GDF, os empresários se comprometem a realizar a medição de temperatura dos alunos, o uso obrigatório de máscaras para clientes e funcionários, higienização total das áreas até duas vezes por dia, limitar um cliente por cada 4 metros quadrados, delimitar aparelhos de musculação com fitas para restringir compartilhamento simultâneo, uso de apenas 50% dos equipamentos para exercícios aeróbicos (esteiras, bicicletas e escadas) e congelamento dos planos.
Ainda segundo a proposta, todas as unidades deverão disponibilizar material de higiene, como álcool em gel nas áreas comuns e sabonete nos banheiros. As medidas foram convalidadas pela Associação Brasileira de Academias (Acad) e atendem as recomendações das autoridades sanitárias mundiais.
Veja o documento:
SINDAC_cartilha by Metropoles on Scribd
Preocupação
Em 27 anos de atuação no mercado fitness, o empresário Dalmo Ribeiro ficou conhecido por manter uma rede de academias que leva o seu nome. Com aproximadamente 4 mil alunos, Ribeiro reconhece que o cenário é negativo para o ramo, mas ainda está inseguro sobre a reabertura do próprio negócio.
“Como empresário, no início, obviamente, a gente teve preocupação com o negócio. Só que, a partir do momento que percebemos a gravidade do atual momento, também começamos a inverter essa lógica. A prioridade que hoje eu tenho é com a saúde dos nossos clientes e funcionários. Tenho uma postura um pouco mais conservadora do que meus colegas de ramo, que é de autorizar a reabertura apenas quando o risco de contaminação estiver mínimo”, declarou.
Segundo Dalmo Ribeiro, até o momento, ele conseguiu equacionar as contas de forma a não demitir nenhum funcionário e manter a fidelização da maior parte dos alunos matriculados. “Acho que a grande maioria entendeu que foi uma decisão acima da vontade de qualquer um: é uma questão de proteção à vida. Com ela, ninguém pode arriscar”, finalizou.
Procurado pela reportagem, o GDF disse que “a reabertura de academias, bares e restaurantes ainda não é considerada neste primeiro momento pelo governo”.