EUA querem Brasil no “março de máxima pressão” contra Venezuela
Desde fevereiro, Trump vem endurecendo o discurso e as sanções contra Maduro. Ao mesmo tempo, o mandatário tem encontrado líderes da região
atualizado
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Enviado especial a Miami (EUA) – A administração do mandatário norte-americano, Donald Trump, quer que o Brasil some esforços no que vem sendo chamado de “maximum pressure march” – ou “março de pressão máxima” – contra a Venezuela.
Trump, que enfrenta no fim deste ano corrida incerta para a reeleição, tem aumentado o tom com Nicolás Maduro. E a visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aos Estados Unidos – mais especificamente à Flórida, onde fica a maior comunidade venezuelana do país – serviu para o recado ser passado.
Desde fevereiro, Trump se reune com líderes de países que fazem fronteira com a Venezuela. O mandatário colombiano, Ivan Duque; o equatoriano, Lenin Moreno; e o autointitulado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, estiveram nos Estados Unidos para falar sobre a crise política que a nação venezuelana enfrenta, bem como a respeito das sanções ao país. Somado a isso, o fato de as instituições que levam algum incentivo à Venezuela serem punidas.
No dia 18 de fevereiro, por exemplo, a petroleira russa Rosneft foi punida após acusação de ajudar Nicolás Maduro, líder venezuelano, a contornar sanções impostas pelos Estados Unidos.
O termo “maximum pressure march” foi usado em briefing de um representante da Casa Branca, antes da viagem de Bolsonaro, em que os objetivos da administração atual foram detalhados. Nessas reuniões, fica acordado entre jornalistas e fontes que apenas a informação – e não o nome de quem a repassou – seja divulgada.
No jantar que foi realizado no resort de Mar-a-lago, na Flórida, o assunto esteve na mesa. Na mesma ocasião, Bolsonaro comemorou o que chamou de “boa relação de direita” com Trump.
O ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, em rápida conversa com jornalistas no fim da tarde de domingo (08/03), confirmou que o tema Venezuela foi tratado no encontro entre os mandatários. A declaração foi dada pouco antes de ele se reunir com o Chefe do Executivo para um jantar na casa do general Mauro César Lorena Cid, coordenador do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), em Miami.
“Venezuela foi um dos principais assuntos na mesa”, disse o ministro, emendando críticas ao regime de Nicolás Maduro.
Ao longo da viagem, o próprio presidente Bolsonaro, em diversos momentos, disparou contra o regime de origem chavista. Nessa segunda-feira (09/03), em discurso no evento da Apex para empresários brasileiros e norte-americanos, o titular do Planalto voltou a falar sobre o país vizinho.
“Estou muito feliz em ter tido a honra de participar do jantar com o senhor Donald Trump no sábado último. Muitas coisas foram tratadas, algumas de forma reservada. Como por exemplo a questão da nossa Venezuela”, destacou Bolsonaro.
“Eu tenho dito a todos: é importante que nós queiramos fazer o possível para que seja restabelecida a normalidade na Venezuela, o que não é fácil, tendo em vista o grau de degradação moral e política no país”, prosseguiu o mandatário do Brasil.
O presidente não deu muitos detalhes de como será feita essa movimentação e destacou que uma parte das conversas foi reservada. O primeiro passo, porém, foi explicado com clareza. Na avaliação do governo brasileiro, é fundamental impedir que outros países escolham governantes alinhados à esquerda para não fortalecer um bloco regional, como houve nos primeiros anos da década de 2000.