Rosália Peixoto encanta com suas pinturas em porcelana
Ela desenvolve e pinta as peças que já foram expostas até no exterior. O talento e a admiração pelas artes veio da família pernambucana
atualizado
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Maria Rosália Wanderley Peixoto é uma rara personalidade em Brasília. Quem convive com ela, relata que ela é uma anfitriã nata.
Porém, o que nem todas as pessoas conhecem é o lado artístico de Rosália. A pernambucana, radicada em Brasília desde 1991, possui a habilidade de pintar em peças de porcelana. Formada em desenho industrial e artes plásticas pela Universidade de Pernambuco, a artesã é grande conhecedora e incentivadora da arte brasileira. O encontro com essa técnica artística aconteceu em 2002, quando ganhou um item pintado por uma amiga.
Encantada, Rosália dispôs-se a participar das aulas de pintura junto com sua amiga no ateliê Clarart, da professora Clara Helena. Até hoje frequenta as aulas, rigorosamente, às quartas-feiras. “Somos apenas seis alunas na turma. Caso eu tenha algum compromisso, saio antes para não me atrasar. É a melhor terapia que poderia fazer. Atualmente, não tenho feito outra coisa além de pintar”, conta.
Sob a orientação da professora, Rosália fez sua primeira exposição em 2004. A estreia aconteceu na Embaixada de Portugal. Com o sucesso do evento, seguiu para outras mostras. Suas peças passaram pela Legião da Boa Vontade (LBV), novamente pela embaixada lusitana e foram parar em Campos do Jordão (SP) e no México.
O amor pela técnica foi tão grande que Rosália construiu um ateliê em sua casa. “Como tenho meu próprio forno e todo o material para trabalhar, não preciso levar as peças para queimar na escola onde tenho aulas”, explica. “Prefiro trabalhar durante o dia, com a luz solar. Aliás, nunca fui muito fã de trabalhos e estudos noturnos. Adoro a luz do sol”, confidencia.
As peças pintadas à mão são sucesso de encomendas pelas redes sociais no perfil @ro_porcelanas. As mais especiais viram presentes para amigos e familiares. Recentemente, a confeitaria Labecca Café fez uma grande encomenda para compor com os chocolates belgas, minipanetones e outras delícias natalinas.
Confira algumas peças pintadas por Rosália e expostas em sua própria casa:
Processo criativo
Para se inspirar, Rosália navega pela internet, conversa com amigas e professoras no ateliê e, claro, admira a natureza. Como a técnica exige um material específico, a artista costuma comprar os itens ainda brancos. As tintas especiais vêm em pó – só ganham a consistência necessária para a pintura quando misturadas com óleo, inclusive para oferecerem um efeito mais bonito depois que forem queimadas.
“A queima da porcelana exige uma temperatura de 740º a 800º C em forno próprio. A peça pode ir várias vezes ao forno para retoques, mas, uma vez queimada, a tinta fica permanente na louça e não é possível remendar”, explica a artista sobre o processo.
Como coloca o melhor de si em cada criação, Rosália evita eleger uma peça favorita. “Algumas me marcam mais pelo valor sentimental – como as pintadas para minhas filhas e família ou as relacionadas com a minha cidade – do que pela complexidade da produção”, conta.
Raízes
Rosália chegou a Brasília em 1991 na companhia do marido, o empresário Lourenço Peixoto. Juntos há 35 anos, os dois constituíram uma família pautada no amor pelas artes. As filhas Júlia e Sofia são arquitetas e trabalham com design gráfico. Joana, a caçula, é formada em gastronomia e moda, e atualmente especializa-se na técnica de pâtisserie (panificação francesa) em Chicago, nos Estados Unidos.
Na residência da família, no Lago Sul, as paredes são coloridas por artistas como o piauiense Francisco Galeno, o paraibano João Câmara Filho e pelo ilustrador pernambucano Reynaldo Fonseca. Até o piso da casa traz referências artísticas à arte barroca, com cerâmicas assinadas por Francisco Brennand, artista conterrâneo e bom amigo da família.
A mãe de Rosália, dona Zezé, possuía muitos talentos manuais e os reproduzia em bordados e costuras. A influência materna inspirou os filhos Antônio Henrique e Lígia Cavalcanti Wanderley a serem artistas plásticos.
Pelo outro lado, o avô de Lourenço Peixoto foi professor de belas artes e artista plástico em Maceió (AL), tendo a técnica do paralelismo em óleo sobre tela como a sua. Há dois anos, os colecionadores Lourenço e Rosália inauguraram a galeria Éle Pê, no Lago Sul, em homenagem ao avô do patriarca. No espaço, incentivam e divulgam a arte brasileira, principalmente, a nordestina.