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Saiba quem é a chef vegana Sarma Melngailis, da nova série da Netflix

A nova série documental da Netflix conta a história de Sarma Melngailis, que foi do estrelato na culinária vegana à prisão

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Foto: Netflix/Divulgação
Na foto temos uma mulher dentro da cozinha de um restaurante com varias tigelas ao redor dela
1 de 1 Na foto temos uma mulher dentro da cozinha de um restaurante com varias tigelas ao redor dela - Foto: Foto: Netflix/Divulgação

Uma loira magra e alta caminhando pelas ruas de Nova Iorque poderia ser apenas mais uma mulher que atendia aos padrões sociais. Mas, na verdade, ela é a estrela principal de um dos maiores golpes dos Estados Unidos. Sarma Melngailis foi de maior nome do veganismo e crudismo a fugitiva procurada pela Polícia federal norte-americana. Mas ela era realmente culpada? 

Essa é a questão levantada em Bad vegan, que chega ao Brasil como De rainha do veganismo a foragida, a nova série documental da Netflix. O documentário estreou em todo o mundo nesta quarta-feira (16/3) e conta a história de Sarma Melngailis, chef que comandou o restaurante Pure Food and Wine, em Nova Iorque, por 12 anos. Até que, junto com o marido, Anthony Strangis, ela roubou quase US$ 2 milhões do estabelecimento. 

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Ela relata o relacionamento com Anthony Strangis e como ele tirava dinheiro dela
Ela era proprietária do Pure Food and Wine, que servia comida vegana e crua
A lasanha do restaurante era bastante conhecida. A casa atraía pessoas de todo o país
Quem bancou o Pure Food and Wine, e teve um grande prejuízo, foi Jeffrey Chodorow
A série documental traz pessoas que trabalharam com ela, como o gerente Jim Switzer
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Sarma Menlgailis conta a história dela no documentário. Ela revelou em seu site que recebeu uma quantia de dinheiro pela participação para pagar o que devia aos funcionários, mas não teve lucro

Foto: Netflix/Divulgação
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Ela relata o relacionamento com Anthony Strangis e como ele tirava dinheiro dela

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Ela era proprietária do Pure Food and Wine, que servia comida vegana e crua

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A lasanha do restaurante era bastante conhecida. A casa atraía pessoas de todo o país

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Quem bancou o Pure Food and Wine, e teve um grande prejuízo, foi Jeffrey Chodorow

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A série documental traz pessoas que trabalharam com ela, como o gerente Jim Switzer

Foto: Netflix/Divulgação

Contada assim, a história parece simples, mas existe muito mais por trás do que parecia apenas um golpe. E o jornalista Allen Salkin foi o primeiro a ver isso. Em 2016, ele foi atrás da história e escreveu um artigo detalhado sobre o caso para a Vanity Fair. Agora, o diretor Chris Smith, responsável por A máfia dos tigres (2020) e Fyre Festival: fiasco no Caribe (2018), levou a narrativa para a Netflix com ajuda do produtor Mark Emms, que conhecia a chef e foi cliente do restaurante. 

“Foi a história mais bizarra e surreal que eu já tinha ouvido e eu tinha que tentar dar sentido a isso. Por que esse pesadelo aconteceu com alguém como Sarma? Era também uma história que achei profundamente chocante e cruel e achei importante que seja contada a um público mais amplo. Eu nunca tinha feito um documentário antes, mas eu sabia que precisava fazer isso”, afirmou Emms em entrevista ao Metrópoles

Do estrelato à cadeia

Sarma se tornou conhecida depois que começou um relacionamento com o chef Matthew Kenney, com quem começou a apresentar a culinária vegana nos Estados Unidos. Juntos, eles conseguiram um investidor e abriram o Pure Food and Wine. Eles deram destaque aos movimentos do veganismo e crudismo e tornaram as receitas veganas atraentes. A marca se tornou um sucesso e atraiu nomes famosos, como Gisele Bündchen e o marido, Tom Brady, e o ator Alec Baldwin. 

Os dois colocaram fim no romance e na parceria de negócios, e ela ficou com o restaurante por escolha do investidor. Foi depois disso que Anthony chegou na vida dela e apresentou uma ideia utópica de que ela poderia evoluir para algo superior aos humanos e se tornar imortal. Mais que isso, tornar o cachorro dela, o pitbull Leon, imortal também. 

na foto temos um cachorro pitbull caramelo
Sarma adotou Leon depois de se separar de Matthew

Com essa promessa, ele aproveitou para pedir diferentes quantias de dinheiro para Sarma e controlá-la. Anthony tinha senhas e acesso aos caixas dos negócios da chef, o Pure Food and Wine e o One Lucky Duck. Apenas nos empreendimentos, o golpe foi de US$ 2 milhões. Mas, ao todo, eles desviaram e roubaram cerca de US$ 6 milhões entre impostos, dívidas com investidores, dinheiro da mãe dela e amigos não especificados no documentário. 

Ele sempre dizia que o dinheiro que pedia eram testes e ela precisava fazer tudo rápido e passar pelas dificuldades de forma tranquila. Quando alguém tentava interferir, ele dava um jeito de afastar essa pessoa. Com o tempo e uma dívida enorme, ele levou Sarma em uma viagem pelo país, e foi aí que ela se tornou “a fugitiva vegana”. 

O ponto alto da história para quem acompanhou tudo foi eles serem pegos por causa de um pedido de pizza que Anthony fez no nome dele. Os tablóides aproveitaram para questionar como alguém que pregava uma vida saudável foi encontrada assim. Se ela comeu ou não a pizza, é preciso ver o documentário para descobrir. 

No fim, Sarma ficou presa por quatro meses e Anthony por um ano na Rikers Island. Os dois cumpriram o resto da sentença em condicional. Sendo que foram acusados dos desvios no restaurante, mas ele nunca foi julgado por extorquir a mãe da chef. 

O restaurante permanece fechado desde 2015 e ela revela não ter como reabrir o espaço agora. “Não tenho mais como pedir nada para ninguém”, afirma no documentário. 

Assista o trailer em inglês:

Crítica

Bad vegan é um prato cheio, com o perdão do trocadilho, para quem aprecia uma boa história de crime. Com base na sinopse, comecei a ver o documentário com expectativas negativas e me surpreendi. A forma como Smith conta a história prende a atenção e nos faz questionar o tempo todo como Sarma Melngailis deixou tudo chegar a esse ponto. Mais que isso, como as pessoas deixaram chegar a esse ponto. Talvez essas questões ainda permaneçam um pouco, mas muito é explicado nos quatro episódios. 

Ter a própria chef sentada em uma cadeira contando sua versão da história é um ponto a favor da direção. E é também uma forma de permitir que cada pessoa decida o quão culpada ela é. Porém isso me fez sentir falta de ouvir a história contada por Anthony, que se recusou a participar.

Um trunfo da direção é ter diferentes personagens relevantes para a narrativa contando suas percepções. O documentário conta com a participação do jornalista Allen Salkin, que traz pontuações muito boas; do investidor principal, Jeffrey Chodorow; da família de Sarma, empregados do restaurante e de amigos dela. Quem também aparece e tem papel importante para sustentar os argumentos de Sarma é ex-esposa de Anthony, que conta a experiência que teve com ele. 

Acredito que a Sarma tem uma parcela de culpa nessa história, mas também que ela sofreu violência psicológica e até coerção. Não consigo acreditar que alguém ache normal a ideia de “se tornar imortal” e de ter que gastar dinheiro para passar por testes. Porém, se pensar um pouco, consigo lembrar diferentes casos de exploração de religiosos. 

No mais, é um documentário que vale a pena assistir. É redondo, curto e uma boa aposta para amantes de crimes, negócios e gastronomia. 

Confira a crítica completa:

Relações

Quem assistiu O golpista do Tinder (2022) e Inventando Anna (2022), também da Netflix, provavelmente vai conseguir relacionar as três produções em diversos momentos. No documentário, Sarma se coloca como vítima de violência psicológica e coerção, não apenas pelos relatos, mas também por gravações de conversas entre ela e Strangis. 

Ele pede dinheiro para ela em diferentes momentos e chega a dizer que corre risco de vida caso ela não envie, assim como Simon Leviev fez com suas vítimas. Strangis é o personagem que faz lembrar Anna Delvey, pois cria uma realidade além mundo na qual parece verdadeiramente acreditar em diversos momentos. Da mesma forma que a golpista de Inventando Anna parecia crer em sua personagem. 

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