Restaurantes de Brasília têm estoque só até o fim de semana
Privados de insumos por causa da greve dos caminhoneiros, estabelecimentos operam com reservas limitadas
atualizado
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A greve dos caminhoneiros não está afetando apenas postos de gasolina. Restaurantes do Distrito Federal começam a sentir os efeitos da falta de insumos. Seguindo tendência gastronômica, as principais casas de Brasília optam por comprar semanalmente alimentos frescos e não mais utilizar grandes estoques. Preocupados, empresários avaliam ter ingredientes garantidos somente até este fim de semana.
O Figueira da Villa, casa de carnes da Vila Planalto, sente na pele os problemas causados pelos protestos contra os altos preços dos combustíveis. Os principais cortes bovinos, comprados resfriados, estão acabando, causando preocupação ao proprietário, Valdir Neves.O empresário compra carnes uruguaias e argentinas vindas de São Paulo e está apreensivo com a manutenção do estoque. “Nessa quarta [23/5], por exemplo, não recebi picanha. Ainda tenho aqui no Figueira, mas estou ficando com medo”, conta. “Espero que isso se resolva o mais rápido possível”, complementa.
O Páprica Burger, eleito a melhor hamburgueria da cidade, está com o fornecimento de baby leaves (salada de brotos, em tradução livre) comprometido – as folhas são parte essencial dos sanduíches da casa. O estabelecimento tem carne em estoque, mas ainda não recebeu reposição do produto porque um carregamento não conseguiu chegar à cidade.
Mesmo com as dificuldades, a operação segue normalmente. “Não adianta desesperar. A situação, complicada, é a mesma para todo mundo”, aconselha Bruna Prieto, sócia da casa.
Planejamento contra a crise
Prevendo o desabastecimento, o chef Kenis Henon, do La Tambouille, programou-se e está com a despensa abastecida. “Estamos preparados para enfrentar tranquilamente o fim de semana, graças às câmaras resfriadas. Mas hortifrútis que perdem qualidade em pouco tempo já estarão escassos. Podemos ter problemas no início da próxima semana [caso a greve persista]”, prevê.
O empresário e chef do restaurante Simbaz, Chidera Ifeanyi, diz que, apesar de a situação estar sob controle, a preocupação é grande. “Se não houver normalização, seremos afetados muito em breve”.
Preços
Ao contrário do que ocorre com os combustíveis, até o momento, os empresários da gastronomia não pretendem repassar o custo da crise para o consumidor. “Vivemos um momento muito delicado. Se subirmos o preço, o cliente vai parar de vir. Espero que os fornecedores pensem da mesma forma”, avalia Neves.
O La Palma, hortifrúti que é referência para diversos restaurantes, também enfrenta problemas. Segundo a proprietária, Mariko Saito, o estabelecimento encerrou o recebimento de produtos de outros estados e, em seu estoque, só possui frutas e vegetais fornecidos por produtores locais.