Menu infantil: entenda como ele é desenvolvido nos restaurantes
Saiba o que se passa na concepção dos pratos para os pequenos e como eles de fato deveriam ser
atualizado
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Na minha concepção, restaurantes não vendem comida, vendem experiências. E esses momentos, muitas vezes, são compartilhados em família, em almoços ou jantares em que todos vão celebrar ou apenas curtir e, em várias dessas ocasiões, há crianças. É comum vermos menus ou pratos infantis em estabelecimentos de alto padrão, mas como esses pratos são criados? E qual a melhor forma de desenvolver pratos para os pequenos?
Evitar confusão
A bem verdade, em todas as casas nas quais trabalhei (e também trocando ideias com colegas de profissão), cheguei a uma conclusão nada bonita: o prato infantil é normalmente concebido como um “cala boca” para a criança, de forma que seus pais possam, de fato, vivenciar a experiência da refeição. Convenhamos, mesmo tendo feito parte disso, é bem injusto com os pequenos.
Além disso, não se despende muito tempo pensando no que servir. Normalmente, é uma massa com molho de tomate, ou acompanhada de carne ou frango. Em muitas casas, mesmo as mais sofisticadas, você encontra o clássico arroz, batata frita e carne ou frango grelhado.
Erro nosso, faço o mea culpa, pois trata-se de um momento propício para as crianças diversificarem seus paladares e provarem combinações novas. Eles possuem a percepção de que aquilo não é uma refeição comum e que os adultos estão comendo sugestões diferentes, logo, por que não incluí-los nessa hora?
Nutrição e responsabilidade
Também não tenho conhecimento de estabelecimentos nos quais nutricionistas são questionados sobre os pratos infantis, ou ao menos participam da elaboração do menu kids. A prática do mercado é a mais simples possível: apenas se coloca uma porção de proteína, uma de carboidrato e pega-se leve com temperos e molhos.
O adequado seria estudar formas de introduzir alimentos às crianças em preparos mais fáceis, apresentar ingredientes diferentes e ir treinando o paladar. Não há idade para tal. Quanto mais cedo os pais apresentam novos sabores, maior as chances das crianças se habituarem a eles, diminuindo os riscos de crescerem com uma alimentação limitada e zero saudável.
Restrições de acordo com a idade
“Algo que pouca gente sabe é que quanto mais cedo as crianças têm contato com alimentos alergênicos, menos chances elas têm de desenvolver a resistência”, ensina a nutricionista Priscilla Damasceno. Ou seja, alimente-os com crustáceos, glúten, queijos e outras matérias-primas que costumam desencadear alergias.
“Mas há também o lado da restrição. Crianças de até um ano de idade não devem consumir nada com mel e, até os dois, não é recomendado que consumam açúcares e refinados, independentemente da origem. Depois disso, vá apresentando novos sabores e texturas”, indica a especialista.
Qual a solução?
Muitos empreendimentos já estão trabalhando na questão. As meias porções são justamente para isso. Assim que os pais solicitam pratos infantis, os garçons explicam aos clientes a proposta de oferecer uma experiência mais completa e inclusiva na mesa.
Outras casas passaram a dedicar tempo apresentando refeições leves, porém, com ingredientes diferenciados, que normalmente não atraem crianças.
E você, mãe ou pai, também pode pedir um prato e dividir com o baixinho. As chances deles terem interesse ao verem seus heróis comendo aumenta consideravelmente. E a melhor dica é: permita sempre que a criança escolha a própria refeição.