Projeto estimula a alimentação saudável na infância
Projeto de extensão do Laboratório de Técnica Dietética incentiva crianças com aulas de culinária
atualizado
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Por Serena Veloso
Despertar o interesse por bons hábitos alimentares desde a infância é uma medida que pode interferir na melhor qualidade de vida e, futuramente, reduzir as chances de sobrepeso, colesterol alto e diabetes. A proposta do projeto de extensão “A conquista da alimentação saudável pelas crianças na cozinha” é justamente essa: proporcionar a qualidade e a educação nutricional de crianças de 4 a 9 anos de idade, a partir de experiências na cozinha.
Desenvolvida pela equipe do Laboratório de Técnica Dietética da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, a iniciativa envolve a realização de oficinas culinárias ao longo do semestre. Cerca de 60 crianças participam da atividade, que teve suas primeiras turmas formadas em agosto deste ano. Até novembro, quatro oficinas ocorrerão no laboratório, com os temas: frutas, hortaliças, lanches e fast foods saudáveis.
Cada aula possui uma hora e 40 minutos de duração e é ministrada às sextas-feiras ou aos sábados, de acordo com as respectivas faixas etárias dos alunos: duas turmas recebem o público de 4 e 5 anos, outras duas atendem a crianças de 6 e 7 anos e uma quinta turma é destinada às idades de 8 e 9 anos.
Receitas práticas, diferentes e bastante coloridas, com ingredientes naturais variados, são utilizadas para mostrar aos alunos que é possível tornar a alimentação mais prazerosa e nutritiva, com uma diversidade de formas de elaboração. As crianças participam das diferentes etapas da preparação, aprendem um pouco mais sobre os alimentos e ainda são encorajadas a experimentar a refeição.
Segundo a coordenadora do projeto e professora do Departamento de Nutrição da UnB, Raquel Botelho, muitas delas tinham uma resistência muito grande em saborear receitas novas em casa. “O que a gente sentiu conversando com os pais é que muitos deles trouxeram a criança para as oficinas porque ela não come nada, tem dificuldade de provar algo novo”, comenta.
A expectativa é que, com as oficinas, os alunos possam transpor essa barreira. “Queremos que as crianças aprendam a apreciar novos sabores, que desenvolvam a parte sensorial para que possam entender que o que estão comendo nas oficinas é saboroso e que elas conseguem fazer em casa”, afirma.
Além de incentivar uma alimentação com teor reduzido de sal, açúcar e gordura, também levando em consideração as restrições alimentares dos participantes, o propósito é estimulá-los no desenvolvimento de habilidades manuais e cognitivas. A professora ressalta que, no caso das crianças menores, as oficinas são mais lúdicas e auxiliam na melhoria da coordenação motora durante o preparo do alimento. Por sua vez, para as crianças entre 8 e 9 anos, o aprendizado também é voltado para os cuidados no manejo de utensílios de cozinha e aparelhos.
As aulas teórico-práticas incorporam ainda outros elementos relacionados à saúde. “Nós abordamos questões educativas como segurança na cozinha, higiene das mãos e dos alimentos”, afirma Ivana Vasconcelos, uma das nutricionistas do projeto.
Ana Cecília Silva de Alencar inscreveu os dois filhos para participarem das primeiras turmas. Ela acredita que as oficinas auxiliam as crianças a terem maior independência em suas atividades e menos receio de apreciar sabores diferentes. “Nós já levamos uma alimentação saudável em casa, mas as aulas são boas, porque quando eles participam mais da preparação dos alimentos, têm mais vontade de comer. Fico mais tranquila quando eles aprendem”, destaca.
Para o filho de 7 anos, João Miguel Alencar de Oliveira, apesar de já ter contato com a cozinha, a atividade traz novas experiências que podem ser replicadas em casa. “Eu gostei muito. Aprendi a fazer bolo sem leite e sem açúcar. Nunca tinha comido antes”, comenta o menino.
Continuidade
O projeto de extensão é fruto da concretização de um antigo sonho da professora Raquel Botelho, que se inspirou em outra iniciativa da Universidade, também voltada ao público infantil: o projeto Música para Crianças, que há 14 anos atende pequenos do primeiro mês de vida aos 9 anos de idade com um trabalho de musicalização e ensino de instrumentos.
Nas oficinas de nutrição, duas professoras, três nutricionistas e oito estudantes do curso de Nutrição integram a equipe responsável por planejar as aulas, testar as receitas que serão apresentadas e ministrar o curso. Novas turmas serão abertas no primeiro semestre de 2017. Os valores das inscrições são de R$ 220,00 para a comunidade e R$ 200,00 para filhos de professores e técnicos administrativos do quadro da Fundação Universidade de Brasília. Os interessados já podem preencher um dos formulários, de acordo com a faixa etária da criança, para participar da lista de espera das vagas que estarão disponíveis.
As informações são da agência UnB Notícias