Pintura em muro gera treta entre padaria e multimarcas na Asa Sul
Na 304 Sul, o mural pintado pelo artista brasiliense Alberto Lamback gerou desconforto entre os donos da Castália e a loja O2 Oxigênio
atualizado
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Um mural localizado na 304 Sul gerou desconforto entre lojistas da quadra na última quinta-feira (24/2). Pintada pelo artista brasiliense Alberto Lamback, a parede ilustrada com pássaros, símbolos da Castália Padaria Artesanal, agora conta com um painel com promoções da loja O2 Oxigênio, vizinha do endereço gastronômico.
Revoltado com o ato, o padeiro Eduardo Neiva Tavares, um dos nomes à frente da empresa de pães de fermentação natural, fez algumas postagens sobre o ocorrido nas redes sociais. Ao Metrópoles, ele explicou que o painel nunca tinha sido um problema para nenhum dos lojistas da quadra, até agora.
“Temos essa loja na Asa Sul há três anos. Antes de abrirmos as portas, conversamos com todos da quadra sobre a possibilidade de reformar a área onde fica esse muro, um corredor ao lado da nossa unidade. Todos concordaram”, conta. Segundo ele, o espaço estava com pichações, tubulações expostas e muita sujeira.
Contudo, nesta semana, o proprietário da loja ao lado colocou um painel promocional que cobre uma parte da pintura. “Essa obra de arte durou cerca de uma semana para ser feita e esse pôster foi colocado sem ao menos uma conversa ou aviso”, pontua Eduardo, que reconhece que não tem propriedade sobre o muro, mas afirma que contava com o respeito pelo trabalho do artista.
“Sabemos que a parede não é nossa, mas temos uma ótima relação com todos na quadra e mantemos o respeito. Sinto que ele não teve nenhuma valorização com a arte local e foi desrespeitoso com o artista. Era só ter conversado conosco. Agora, ele quer pintar tudo de branco”, frisa Neiva.
Já Alcyr Dantas, dono da O2 Oxigênio, alega que, como o muro fica na loja dele, não deve satisfações aos proprietários da Castália. “A loja é particular. Ela é minha e eu faço o que eu quiser com o muro. Inclusive, futuramente pretendo ‘quebrar tudo’ e construir uma vitrine de vidro”.
De acordo com o lojista, ninguém nunca falou com ele acerca da pintura. “Nunca vieram conversar, só pintaram o muro de uma loja que não era deles. Os errados nessa história são eles, que estão usando parede que pertence a essa padaria”, finaliza.
O que dizem as autoridades?
Segundo o Iphan, com a devida autorização do lojista ou dos lojistas responsáveis pelo muro, não há nenhuma irregularidade na pintura. “O tombamento do Conjunto Urbanístico de Brasília é disciplinado pela Portaria nº 166/2016, que estabelece os critérios de intervenção nesse conjunto. Esses critérios se concentram mais na volumetria do conjunto, alturas máximas de edificações e parâmetros gerais. Como se vê na situação em tela não é necessária a autorização do Iphan”, justificou, em nota ao Metrópoles.
Já o DF Legal alegou que informou que “não foi notificada quanto à situação descrita no local. Uma equipe será deslocada até o espaço para verificar se existem irregularidades de ambas as partes”.