Olinda: pai e filho difundem gastronomia nordestina no DF há 35 anos
Conheça a história da família de homens apaixonados por gastronomia por trás do Olinda, tradicional restaurante nordestino em Brasília
atualizado
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Bondoso, trabalhador e amoroso. Essas são as características descritas pelo chef Romão Gomes de Olinda Filho sobre o próprio pai, Romão Gomes de Olinda, de 66 anos. Além do nome, ele herdou do genitor o amor pela cozinha nordestina e o restaurante da família fundado há três décadas e meia em Taguatinga, o Olinda Comida Nordestina.
“Eu tenho apenas 28 anos. Tudo o que eu sei sobre o início do restaurante foi o que escutei do meu pai e das pessoas que frequentam a casa até hoje. Para mim, é um privilégio honrar a história dos meus pais e dar continuidade ao que eles começaram com tanta luta e sacrifício”, revela Filho em entrevista especial de Dia dos Pais, celebrado neste domingo (14/8), ao Metrópoles.
Ele, que é pai de Romão Gomes de Olinda Neto (sim, são três homens com o mesmo nome na família), afirma sempre ter tido a figura paterna como um amigo, apesar da criação rígida em casa. “Cresci em um lar com educação típica do sertanejo nordestino. Apesar disso, ele é e sempre foi um superpai”, afirma o cozinheiro.
Gastronomia no sangue
Ao contrário de boa parte das pessoas, Filho aprendeu a se aventurar na cozinha com o pai, e não com a mãe. Foi no restaurante inaugurado em 1987 que Romão descobriu o amor pela gastronomia. “O meu pai sempre foi uma referência. Ele contava sobre a vida difícil que tinha no sertão enquanto salgava carne. Aquilo, para mim, era como um filme. O meu interesse pela gastronomia começou ali”, comenta Romão.
Em casa, a cozinha era o cômodo principal da família Gusmão. Os filhos, claro, cresceram ao redor da mesa. “Lembro da gente preparando e comendo algum prato típico nordestino. Essas sempre eram as melhores refeições, pois eram acompanhadas de muita história e gargalhadas”, relembra o chef.
Dentre as receitas nordestinas que o pai faz, o herdeiro ressalta buchada de bode, rubacão, baião de dois e bode com cuscuz como as preferidas do genitor. “São as que ele mais gosta de fazer”, diz. A carne de sol também é destacada por Filho.
“Desde pequeno, eu via o meu pai salgar uma quantidade absurda de carne. Eu achava aquilo mágico e ficava morrendo de vontade de salgar também. Eu sempre ajudava ele, mas nunca na salga. Até que, de tanto insistir, ele foi cedendo e me ensinou”, rememora Romão.
O prato de carne de sol com baião de dois é o carro-chefe do restaurante. Filho, que sempre admirou o corte da proteína, conta que a aprimorou. Hoje, pensa em como entregar o prato típico melhor apresentado.
Cozinha de heranças
Foi aos 16 anos que Romão decidiu que queria ser chef, idade que começou a estudar gastronomia de maneira profissional. “Lembro que treinava pratos em casa e, no outro dia, o meu pai fazia uma releitura. Era meio que um MasterChef dentro de casa”, conta.
“O meu pai fazia os pratos do jeito dele, e a gente fazia essa competição de qual era o melhor. Era muito divertido”, revela.
Aos 19 anos, Filho assumiu a cozinha do Olinda e, com novos estudos e experiências, deu uma repaginada no cardápio da casa. Ainda sim, manteve a essência nordestina do estabelecimento. Apesar da diferença de idade, o jovem cozinheiro revela: “O meu pai ainda bota a mão na massa. Um sempre ajuda o outro na cozinha.”
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Há 35 anos ativo em Taguatinga, o restaurante resgata pratos típicos nordestinos misturados a memórias afetivas, além de um tempero especial que todo empreendimento familiar tende a ter: amor. “O meu pai me deu muito além do nome dele. Me ensinou sobre valores, honestidade, trabalho duro e família. A verdade é que eu sempre me espelhei muito nele — e vou continuar”, promete.
O plano do clã é que Romão Gomes de Olinda Neto assuma as caçarolas do restaurante no futuro, dando continuidade à empresa familiar.