No mundo: restaurantes usam criatividade para reabrir e evitar aglomeração
Desde demarcações entre mesas no chão dos restaurantes a clientes de papelão, vale tudo para respeitar o distanciamento social
atualizado
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Enquanto no Brasil ainda não há perspectiva de retorno do atendimento de salão em bares e restaurantes, alguns países da Ásia, Oceania e Europa estão, aos poucos, permitindo a reabertura dos negócios. O novo mundo criado pela pandemia da Covid-19 requer, no entanto, que as pessoas mantenham o distanciamento social para evitar novas contaminações. Para lembrar os clientes de manter um espaço entre si, empresários do setor estão usando a criatividade.
Na Ásia, muitos restaurantes apelaram para consumidores não-humanos: na Tailândia, a reabertura de um shopping foi marcada pela presença de dragões de papelão nas mesas, em uma tentativa de reforçar a importância do distanciamento social. A casa ainda conta com marcações, para os clientes se orientarem quanto e onde podem consumir os alimentos.
A presença de “clientes” inusitados começou, em alguns estabelecimentos europeus, como uma brincadeira para aproveitar espaços desocupados durante a quarentena: donos de restaurantes da cidade de Vilnius, capital da Lituânia, convidaram estilistas locais para exibirem criações recentes em manequins distribuídos em mesas que precisarão ficar vazias para manter o distanciamento entre clientes.
“Mesas vazias dentro do restaurante ficam estranhas, e não temos como removê-las. Decidimos procurar nossos vizinhos, donos de lojas de roupas, e os convidamos para usar essas mesas para exibir suas mais novas coleções. A notícia se espalhou e estilistas conhecidos entraram no projeto, que está se expandindo pela cidade”, comemora Bernie Ter Braak, dono do restaurante Cosy, que iniciou o projeto ao lado da estilista Julija Janus.
A iniciativa reuniu “algumas dezenas” de restaurantes, segundo a prefeitura da cidade. São 60 manequins vestidos para a ação, exibindo criações de 19 butiques de moda de Vilnius. Em cada mesa, os clientes dos restaurantes ainda encontram informações sobre as peças exibidas, caso decidam experimentá-las: a ideia é movimentar a economia de todos os lados.
Com três estrelas Michelin, o restaurante Inn at Little Washington, nos Estados Unidos, poderá reiniciar as atividades com um porém: a ocupação da casa deve ser reduzida em 50%. Para não retirar o mobiliário do salão, o chef Patrick O’Connell optou por usar manequins vestidos com trajes da década de 1940. A iniciativa começou como uma brincadeira, mas deve permanecer enquanto as regras de distanciamento social se mantiverem.
Em Sydney, na Austrália, a proposta do Five Dock Dining é outra: os clientes de verdade terão que dividir mesas com “clientes de papelão”, distribuídos pelo restaurante para reforçar, de maneira descontraída, a necessidade da distância entre as pessoas.
Barreiras físicas
Pela Europa, à medida em que os comércios reabrem, as marcações no chão e as barreiras físicas entre clientes vão aparecendo. Na Holanda e na Alemanha, restaurantes ao ar livre improvisaram barreiras de vidro ou de plástico entre as mesas, para isolar grupos de pessoas que se encontram para comer e beber enquanto aproveitam o verão.
Embora as barreiras físicas sejam uma solução, o que muitos restaurantes têm feito são marcações no chão para limitar o espaço ocupado pelas mesas. Na Alemanha e na Itália, donos de restaurantes foram vistos medindo a distância entre cadeiras, para conseguir isolar os clientes de grupos diferentes.
Em Amsterdã, na Holanda, o restaurante Mediamatic Eten reabriu as portas após quase três meses sem funcionar. A casa inaugurou um conceito de cabines individuais: com estufas distribuídas ao longo de um dos famosos canais da capital holandesa, os clientes têm privacidade e a segurança de não se aproximar de ninguém durante um jantar. As reservas permitem até três pessoas por mesa, com a condição de que morem juntas.
Nos Estados Unidos, o restaurante Fish Tales, em Ocean City, disponibilizou um formato inusitado à clientela: cada pessoa deve usar uma mesa individual cercada por uma boia como se fosse um carrinho bate-bate. A ideia é manter o distanciamento social entre todos, independente de serem do mesmo grupo.