“Momento pede valorização do produtor local”, diz chef Emmanuel Bassoleil
À frente da cozinha do Hotel Unique e jurado no programa Top Chef, o francês participa da nova campanha da Le Creuset Brasil
atualizado
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É preciso concentração e ouvidos atentos para acompanhar Emmanuel Bassoleil. Ele fala rápido, quase sem pausas, num português fluente de quem está perfeitamente adaptado a estas terras – só restou um sotaque na medida para garantir a dose extra de charme ao chef francês.
Dos seus quase 60 anos, ele passou 32 no Brasil e tem a carreira totalmente entrelaçada à evolução da gastronomia no país. Depois de trabalhar em restaurantes na Europa, de bistrôs a casas com três estrelas no Guia Michelin, e dar duas voltas ao mundo cozinhando em navios de cruzeiro, o francês aportou por aqui em 1987 para conhecer a família da namorada brasileira (e futura mãe de seus dois filhos).
O plano do casal era passar três meses no Brasil e partir para fazer a vida na Califórnia, mas uma oferta de emprego em São Paulo mudou todo o roteiro. À convite de Claude Troisgros, Bassoleil foi trabalhar no Roanne, num casarão no Jardim Paulista – onde, tempos depois, seria reconhecido como um dos maiores chefs do país.
Naquele final dos anos 80, no entanto, a figura do chef ainda era algo raríssimo por aqui. Cozinheiros e cozinheiras, claro, sempre deram duro nos bastidores, mas as luzes iam para o restaurateur ou, no máximo, para o maître, no salão. Bassoleil ajudou a mudar esse cenário, somando forças a um trabalho que já vinha sendo feito pelos compatriotas Claude Troisgros e Laurent Suaudeau desde o início da década. Eles ajudaram a profissionalizar a cozinha, investiram na formação de chefs, mostraram que a gastronomia podia atingir um novo patamar.
Mais do que isso: ao apresentar pratos com técnicas francesas e insumos locais, deram um novo status a ingredientes brasileiros. Cachaça, quiabo, mandioca e inhame, para citar alguns exemplos, passaram a ser vistos com outros olhos depois do aval dos estrangeiros.
Com essa história em mãos, o renomado chef francês hoje é responsável pela cozinha do Hotel Unique, empreendimento cinco estrelas com quase uma centena de quartos localizado em São Paulo, e ainda divide o tempo com o programa de TV Top Chef. “Meus planos para o futuro agora são de trabalhar menos”, brinca. Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, o profissional contou que durante os poucos meses que passou quarentenado, se dedicou muito a família. “Eu tive só dois meses de isolamento. No começo de junho já tinha voltado a rotina normal. Não tive tanto tempo assim, mas aproveitei com a família”.
Segundo ele, o momento na gastronomia é de mudança, cuidado e volta às origens. “Estamos aprendendo a trabalhar com uma equipe menor, fazer comfort food, valorizar produtores locais e evitar insumos importados. Esse e o momento que estamos vivendo e acredito que será algo que a gastronomia vai levar para o futuro”, aponta.
Lembranças de infância com a Le Creuset
Nova cara do lançamento da Le Creuset Brasil, Emmanuel conta que sempre teve uma ligação especial com a marca. “Na minha casa sempre teve as panelas da Le Creuset, e minha mãe só cozinhava nelas”, relembra. Segundo ele, elas são sinônimo de durabilidade e qualidade. “São panelas para a vida inteira. Lá na França temos uma tradição de dar uma panela Le Creuset de presente de casamento, pois a união deve durar igual a panela: para sempre”, explica.
Sobre a nova linha, ele complementa que gostou muito da cor batizada de meringue. “Ressalta bem as cores dos alimentos, é muito bonita para pôr na mesa “. A marca francesa pioneira em panelas coloridas investiu em uma nova tonalidade, que começará a ser vendida a partir desta quinta-feira (13/8). Com tons sempre fortes, alegres e vibrantes, a grife gourmet traz o tom similar ao marfim, que remete a uma sensação calmante e é inspirada na cozinha clássica francesa, celebrada mundialmente por seu requinte.