Gastronomia brasileira será tema de desfile da escola União da Ilha
Chef Agenor Maia, do Olivae, representará Brasília no evento. Curadoria é de Flávia Quaresma
atualizado
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Claude Troisgros, Laurent Suaudeau, Roberta Sudbrack e outros nomes famosos da gastronomia brasileira vão cair no samba neste Carnaval. É que a escola União da Ilha do Governador homenageará o segmento com um desfile no grupo especial, na segunda-feira (12/2). A culinária brasiliense será representada no sambódromo pelo chef Agenor Maia, do restaurante Olivae.
Agremiação natural da Zona Norte do Rio, a União aposta no enredo Brasil Bom de Boca e promete levar para a Marquês de Sapucaí sabores e pratos da culinária nacional, além de vários chefs de cozinha.Com curadoria da chef Flávia Quaresma, convidada pelo carnavalesco Severo Luzardo, o desfile terá um carro com vários chefes. “Há nomes representando a culinária de 18 estados”, disse Flávia. “Todos [os chefes estão] vindo por conta própria, pagando passagem e estadia. Eu só garanto a diversão e o momento único na vida de vocês”, brinca. Estão confirmados: Raiza Costa, a Rainha da Cocada; Janaina Rueda, a Dona Onça; Danielle Dahoui, da Cozinha sob Pressão; Emmanuel Bassoleil, Érick Jacquin, Danio Braga, Roberto Ravioli, Vitor Sobral, Kátia Barbosa, Guga Rocha, Batista, Bel Coelho, Rodrigo Oliveira, Heiko Grabolle (SC), Celso Freire (PR), Ana Luiza Trajano (SP), Thomas Troisgros (RJ), Leo Paixão (MG), Barbara Verzola (ES), Tereza Paim (BA), Wanderson Medeiros (AL), Adriana Lucena (RN), Onildo Rocha (PB), Cesar Santos (PE), Junior Ayoub (MA), Emerson Pedrosa (CE), Ariani Malouf (MT), Paulo Machado (MS), Daniela Martins (PA) e Denise Rohnelt (RR).
Feliz com o convite, Agenor Maia é pura emoção. “Como cozinheiro, ter uma escola homenageando nossa profissão é uma coisa sem palavras… é a cereja do bolo do que vem acontecendo nos últimos anos, a representatividade que nosso trabalho tem ganhado. Enfim, o Carnaval faz parte de nossa cultura e a gastronomia também”, avalia.
No Sambódromo
A primeira parte do enredo vai mostrar os produtos que vieram de fora, com a chegada da Corte ao Brasil. A partir daí, as influências portuguesas se misturaram com os alimentos que encontraram por aqui, como o milho, o caju e a pimenta usada pelos indígenas. O reconhecimento dos nativos da América na culinária brasileira será representada no segundo setor e um dos destaques será o pato no tucupi.
Para a Ala das Baianas, Severo reservou um toque especial. Elas estarão vestidas em alusão à banana-pacová (ou da terra) que aparece em uma das cartas de Pero Vaz de Caminha.
O terceiro setor vai mostrar a influência dos negros que vieram para o Brasil e dos pratos que se tornaram comuns na gastronomia do país, como a feijoada e o acarajé. “Nos ensinaram muitas coisas e, sobretudo, botaram o tempero na nossa culinária”, aponta o carnavalesco.
No quarto setor, a escola fará uma crítica: apesar de produzir e exportar grande quantidade de alimentos, parte da população brasileira ainda sofre com a fome. “Deveria ser o contrário. A gente produz para o mundo. Nós deveríamos ser uma nação fortíssima, temos pesquisas tecnológicas. Não temos é uma boa administração”, apontou Luzardo, sem entrar no viés político do tema.
Na sequência, com o cacau, a escola vai mostrar a alegria dos doces, uma homenagem às avós que fazem bolos caseiros, comuns na lembrança de muitas famílias. O setor vai apresentar ainda algumas das preferências dos brasileiros. “Invariavelmente tem a coxinha, a caipirinha, o brigadeiro, o açaí e o pão de queijo, que hoje é exportado. A gente vai mostrando para o mundo que temos peculiaridades”, disse o carnavalesco.
O desfile termina com um grande boteco – na visão de Luzardo, uma instituição no país. “O brasileiro vai lá para comer, beber, conversar, falar de política, de Carnaval, de futebol, de tudo, antes de ir para a casa. É uma instituição em que a comida nos agrega. É a gastronomia brasileira sendo representada”, acrescentou. (Com informações da Agência Brasil)