Em crise, mercado gastronômico aposta em marcas exclusivas de delivery
De pratos feitos a sobremesas, pequenos negócios estão aproveitando a demanda de entregas para ganhar visibilidade
atualizado
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Em tempos de pandemia, o mundo dos negócios está no meio de um turbilhão de mudanças. Entre adoção de home office, comércio eletrônico, delivery e outras formas de manter as vendas e serviços, muitas pequenas empresas surgiram justamente neste momento de crise.
De acordo com Luciano Gadelha, economista especializado em administração de pequenos negócios, o momento, apesar de assustador, pode ser oportuno. “Muitas empresas estão fechando, sem perspectiva de faturamento. Mas acredito que o momento é perfeito para investir em serviços com um delivery diferenciado”, pontua.
Para ele, o importante é observar a brecha e preenchê-la. “O empresário precisa pensar que, se há uma crise, ele pode ser a solução para ela. Se há demanda de um determinado serviço, ele precisa tentar suprir a demanda. Essa é uma receita que pode fazer o sucesso da marca”, aconselha.
É o caso de Diego Mariz e Lanna Oliveira. Os sócios à frente da Menu viram uma oportunidade de negócio durante a pandemia. “Eu e Lanna sempre gostamos de ter experiências gastronômicas e buscamos conhecer mais sobre o meio. Há algum tempo pensamos em juntar as habilidades práticas que eu tenho na cozinha com as habilidades gerenciais da minha sócia”, conta Diego.
Segundo ele, o fato do espaço físico do “restaurante” ser a própria casa das pessoas tornou o projeto mais viável. “Pensamos que seria uma experiência agradável durante esse momento de isolamento social para os nossos clientes”, ressalta.
A empresa recém-inaugurada começou com apenas duas opções de pratos. “Felizmente, fomos surpreendidos com muitos feedbacks positivos e decidimos deixá-los como opções fixas em nosso cardápio. Estamos desenvolvendo outras receitas para oferecer no aos clientes. A ideia é trabalhar com pratos principais fixos e operar com 1-2 pratos sazonais”, explica. Para encomendar os pratos, o cliente deve entrar em contato com até 36h de antecedência. A entrega é feita no local e horário combinado.
No cardápio, os destaques são o queijo brie folheado (R$ 32), acompanhado de geleia de frutas vermelhas ou damasco; escalope de filé ao vinho (R$ 48), acompanhado de risoto de parmesão; e talharim ao pesto com camarão (R$ 40).
Redes sociais e mimos
Outra empresa que deu os primeiros passos durante a pandemia foi a Meu Bolo. Especializada em bolos no pote, a operação comandada por Ana Beatriz Borges, Bruno Leonardo Costa e João Salomão Meira tomou forma durante a Páscoa. “Eu já tinha feito bolos assim, mas nunca com a empresa formulada e pronta. Na Páscoa, começamos a fazer para vender e o retorno foi muito maior que o esperado”, conta Ana Beatriz.
Ela explica que sempre gostou de cozinhar e passou a fazer os bolos no pote para vender na igreja. “As pessoas gostavam muito. Foi aí que eu pensei em abrir um pequeno negócio do ramo”, explica.
Após alguns ajustes na identidade visual e com o cardápio pronto, a Meu Bolo foi um sucesso desde o início da quarentena. “Nós começamos a divulgar bastante nas redes sociais e recebemos um feedback superpositivo. Fazemos tudo com muito amor e carinho. Queremos que os clientes sintam esse cuidado quando recebem a entrega”.
No menu, quatro sabores fixos: chocolate com café, 100% cacau, 50% cacau e ao leite. O comensal pode escolher entre os tamanhos pequeno (R$ 10), médio (R$ 13) e grande (R$ 16). A marca oferece ainda o mimo in box, com dois bolos grandes (R$ 60) ou um bolo e um brigadeiro de colher (R$ 50).
A Pudim Zim também começou por conta do coronavírus. Capitaneada por Daniele Arachi e Rodrigo Hobo, a marca, como o nome mesmo diz, é especializada em pudim.
“A Daniele tinha o costume de fazer pudim para as festas de família e amigos, e todo muito sempre elogiava muito. Com a crise e a quarentena, vimos uma oportunidade de abrir o negócio com o pudim, já que fazia tanto sucesso”, destacou Rodrigo.
E, assim, nasceu a Pudim Zim. Os sabores são o tradicional e o de café por apenas R$ 5. O comensal pode escolher e receber o pedido em casa. “Estamos, inclusive, fazendo testes com outros sabores de pudim para aumentar nosso leque de produtos”, entrega Daniele.
A Quitutes da Naná também surgiu depois que a quarentena teve início. A empresa familiar formada por Nadir Falcão (a Naná), Lúcio Farias, Raíssa Falcão e Matheus Falcão começou por acaso, com receitas que já eram feitas em casa. “Minha mãe sempre cozinhou muito bem e fez quitutes muito gostosos para a família, e meu pai queria trabalhar com algo relacionado a comida”, explica Raíssa.
Então, depois de um conhecido dar a ideia de vender os pães da “dona Naná”, a família decidiu investir no negócio. “Tem sido muito legal e desafiador. Tudo é produzido por nós na nossa chácara”, conta.
Segundo ela, as entregas tiveram muito sucesso após a divulgação dos serviços da nova marca. “O delivery foi ótimo para a gente, nos surpreendemos muito. A gente não esperava que receberíamos todos esses pedidos”, completa. Dentre as opções, os mais pedidos são os pães recheados de presunto, calabresa, banana e frango.
Foco no produto
Outra marca que o Metrópoles já tinha entregado em primeira mão é a Franks Hot Dog. O projeto, encabeçado pelo chef Gil Guimarães, surgiu em 2019, mas só foi efetivado em maio deste ano.
A proposta inicial era ter um ponto de venda físico, mas, com o isolamento social, Gil adaptou para o delivery. No menu, o Franks original (R$ 12), feito com salsicha e mostarda no pão especial; Franks bacon (R$ 18), que leva salsicha artesanal, american cheese, bacon e maionese de mostarda o pão especial; e o Choripán (R$ 16), com linguiça parrilleira artesanal e chimichurri no pão ciabatta.
Uma proposta inovadora que também teve destaque com exclusividade no Metrópoles foi a da Mivê Pães. A primeira padaria digital de Brasília foi idealizada por Caio Martins, que comanda a marca junto com os sócios Alice Firmino, Felipe Santana e Thais Firmino.
O serviço, lançado durante o isolamento, funciona por intermédio de um aplicativo próprio da operação – as vendas podem ser feitas de três formas: compras imediatas, encomendas e, futuramente, assinaturas.
As receitas, feitas com exclusividade pela chef Je Lacerda, são uma combinação de pães tradicionais encontrados apenas na Mivê Pães. Dentre os itens do menu, os mais pedidos são o pão de queijo com carne seca, o pão de queijo de goiabada, as roscas húngaras e o tradicional pão francês, conforme elenca o empresário.
Menu
Pedidos pelos telefones (61) 99281-9023/ (61) 98216-3898.
Meu Bolo
Pedidos pelo telefone (61) 9423-7851 ou pelo Instagram.
Pudim Zim
Pedidos pelo telefone (61) 99628-3717 ou pelo Instagram.
Quitutes da Naná
Pedidos pelo telefone (61) 99973-0970 ou pelo Instagram.
Franks Hot Dog
Pedidos exclusivamente pelo iFood.
Mivê Pães
Pedidos pelo aplicativo próprio da operação.