Da cozinha ao coração: 4 chefs do DF contam suas histórias como pais
Os cozinheiros Celso Jabour, Daniel Larsan, Edu Nobre e Ronny Peterson mostram como é ser pai em diferentes estágios da vida
atualizado
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É tradição no Brasil celebrar o Dia dos Pais no segundo domingo de agosto. É também dia de ver as fotos dos pais dos amigos nas redes sociais e dia de se emocionar com histórias cheias de amor e aprendizados.
No ramo da gastronomia, chefs e empresários viram as prioridades mudarem com a chegada dos filhos. Alguns passaram conhecimentos e os veem seguir caminhos parecidos. Outros estão aprendendo como é ser pai e curtindo cada instante com os pimpolhos.
Em um momento em que nem sempre “há tempo para a gente ser mais”, o Metrópoles convidou quatro chefs da cidade, que também são pais, para contar um pouco das memórias que têm construído com os filhos.
Primeira viagem
Desde criança, o chef Edu Nobre sonhava em ser pai. “Sempre foi um dos maiores sonhos que tive. Construir uma família, ter uma criança para brincar e passar todos os meus conhecimentos”, lembra o cozinheiro.
Junto com a esposa Ariela, com quem comanda o IVV Swine Bar e é sócio do projeto Yard, ele realizou esse sonho durante a pandemia. Hoje ele comemora seu primeiro Dia dos Pais com o pequeno Tom nos braços.
Nos últimos seis meses, ele mudou suas prioridades e tem dedicado cada momento livre ao filhote. E também aproveita esse tempo para enraizar a paixão pela gastronomia.
“Ele é muito pequenininho, mas já ando com ele na cozinha, brinco, aponto para as coisas, mostro vegetais. Ligo o fogo na frente dele e ele fica com aquele olhão assistindo”, compartilha Edu.
Os primeiros seis meses da vida de Tom também mudaram o comportamento apressado do chef. Ele revela que aprendeu a ser uma pessoa mais paciente e a valorizar cada segundo com a família. “Foi um aprendizado muito importante”.
De pai para filhos
Quando Celso Jabour se tornou pai, muitas coisas mudaram na vida dele. Afinal, Gabriela era apenas a primeira de seus três filhos. Na escadinha, além dela, o chef e empresário é também pai de Luiz Augusto, conhecido na cidade como Guto; e Luiza.
“Isso me deu um senso de responsabilidade muito grande, porque eu iria criar, educar e bancar três filhos”, lembra Jabour. Ele trabalhou muito e firmou uma das confeitarias e bufês mais conhecidos da cidade, a Sweet Cake. Hoje, colhe não só os frutos do sucesso com o trabalho, mas também com a criação dos herdeiros.
Enquanto Gabriela continua nos negócios da família como chef da Sweet Cake, Luiza e Guto comandam o restaurante Almería, localizado no Clube de Golfe e inaugurado em 2020. Ele destaca que influenciou os filhos a se apaixonarem pela gastronomia, mas do melhor jeito possível, com tudo sendo comemorado e chorado com uma comida gostosa.
Foi a primogênita que garantiu um dos momentos mais marcantes dessa pandemia para Celso. Entre os diversos almoços e jantares juntos, ele lembra o dia que soube que será avô novamente, agora da Alice. A menina, que deve nascer em pouco menos de dois meses, será irmã de Arthur, filho mais velho de Gabriela, de 7 anos.
“Imediatamente foi comemorado com uma Bisteca Fiorentina assada na nossa parrilla e escoltada por uma bela garrafa do vinho Lucente da Toscana”, conta.
Seis é demais
Daniel Larsan sempre vinculou a figura de pai a um herói. Hoje, ele pode interpretar esse personagem para seis crianças: Mariana, 10; Bento, 9; Francisco, 8; Luiza, 5; Tereza, 3; e Joaquim, 1. “Não sei muito bem explicar, mas parece que existe uma chavinha, igual chave de energia, que vira no momento em que seu filho nasce. Gera um laço espiritual em que você muda sua cabeça sem perceber”, explica o empresário responsável pela hamburgueria e hit do momento, Madre Teresa Deli.
A chavinha mais recente virou logo no começo da pandemia, com o nascimento do pequeno Joaquim. Ele nasceu no fim de março de 2020, quando a pandemia começou a atingir mais locais do Brasil. Entre muitos motivos para chorar, a família teve um especial para sorrir.
“A gente lamenta o número de mortos. Sobretudo, de pais e famílias que se foram nesse momento. Mas olhando para minha casa, a pandemia nos trouxe dores, mas (também) nos trouxe muitas alegrias. A pandemia fez com que a gente se reunisse mais, se unisse mais, minha família, esposa e filhos”, pontua Daniel.
Entre os momentos de alegria também estão os churrascos com as crianças. Ele, que sempre valorizou a família, trouxe da infância com o pai a paixão pelo fogo e pela carne. De acordo com Larsan, o churrasco simboliza celebração e união. “Quando vejo uma churrasqueira, chega me dá arrepios.” Os apaixonados por hambúrguer, agradecem.
Valsa gastronômica
Quando os clientes recebem a combinação entre um prato e um vinho no restaurante Aroma, eles também ganham a mistura de conhecimentos e paixões de pai e filho. Por lá, o chef Ronny Peterson divide espaço com o filho Kevin Santos, de apenas 20 anos, que é um dos sommeliers da casa.
Mas eles também dividem conhecimentos e criações na cozinha. Ronny conta que os dois aproveitaram momentos de pandemia para testar novas receitas. “Meu filho é muito criativo do que eu na arte de cozinhar. Vira e mexe ele sugere algumas misturas e quase sempre dão certo! Ele é um grande parceiro, nossas ideias sempre combinam.”
Mais que brincar com panelas, eles também aproveitaram para se divertir com brincadeiras que o chef apreciava na infância. A lista, que incluía bolinha de gude, adedonha (ou stop) e a preferida dele, esconde esconde, reavivou memórias. Mas nenhuma memória teve o peso da primeira refeição que fez com a família no Aroma.
“Ligar pela primeira vez o fogão da cozinha do meu restaurante e fazer um belo espaguete à bolonhesa é uma lembrança que jamais vou esquecer. Esse prato com certeza teve um sabor especial”, pontua Ronny Peterson.