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Coronavírus: queda no consumo assusta donos de restaurantes

O primeiro fim de semana em que o setor sentiu os impactos da pandemia registrou uma baixa de 50% no faturamento médio

atualizado

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Julia Bandeira/Especial para o Metrópoles
Praça da Quituart cheia
1 de 1 Praça da Quituart cheia - Foto: Julia Bandeira/Especial para o Metrópoles

O setor de bares e restaurantes começou a sentir os impactos da pandemia do novo coronavírus: no fim de semana, as casas registraram queda média de 50% no faturamento. Mesmo estando de acordo com as recomendações do decreto publicado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) na última quarta-feira (11/03) e seguindo a cartilha publicada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o reforço na higiene e a distância entre mesas não foram suficientes para movimentar os estabelecimentos.

“Na sexta-feira [13/03],  tivemos um impacto e, no sábado [14/03], mais ainda. A casa até estava cheinha, algumas reservas ficaram, mas tive várias desistências”, conta Giovanna Maia, proprietária do gastropub Loca Como Tu Madre. “Tenho pensado com muita prudência. Gostaria de me recolher um pouco, meus funcionários também, minimizar a operação. Estamos nos reunindo para desenvolver combos, material para quem preferir receber os pedidos em casa. Penso em minimizar a operação, dar férias coletivas”, completa.

O chef Luiz Trigo, do Le Birosque, ainda não teve um fim de semana ruim, mas viu ficarem vazias as mesas do Quituart, centro gastronômico onde instalou seu restaurante. “Acho que vamos sentir bastante nesta semana. Dispensei alguns funcionários, comecei a dar folga… Estou esperando outra realidade, vendo a questão do delivery, mas não tem o que fazer. Honestamente, acho que, cedo ou tarde, as casas pequenas vão fechar. O Le Birosque, com um mês sem faturamento, fecha. Não temos gás para isso”, lamenta o cozinheiro.

Para Rodrigo Freire, ex-presidente da Abrasel-DF, ainda não é a hora para o governo pensar em fechar bares e restaurantes. “As autoridades devem ter muita responsabilidade para dar o remédio certo na hora certa. A gente sabe que a prioridade é a saúde das pessoas, sem dúvida, mas ao mesmo tempo sabemos que o efeito das medidas pode causar um prejuízo enorme: desemprego, falências, um efeito cíclico na sociedade”, adverte. Segundo ele, empresas como as de Maia e Trigo trabalham com um custo médio de 40% do faturamento, ou seja, em 30 dias a maioria dos estabelecimentos do setor poderia quebrar.

“Estamos lidando com uma mudança de comportamento muito brusca. Não temos artifícios para reagir a isso. Temos de aguardar e ver o que vai acontecer: o tempo agora é de sobreviver. Eu estou muito apreensivo, tenho responsabilidades com os meus funcionários. Todas as novas normas foram implementadas aqui, mas, no final do dia, não surtirão efeito. É paliativo, para não fechar o restaurante num primeiro momento, mas não espero outra coisa”, comenta Trigo.

Para Freire, o momento é de manter a calma, proteger os grupos de risco e, na medida do possível, estimular a economia local. “Sabemos que podemos chegar a um ponto mais crítico, mas as autoridades não podem se precipitar. A economia brasileira não vai conseguir segurar esse baque. Empresários falam em governo para ajudar, mas o país não tem orçamento para isso”, avalia.

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