“Comida brasileira tem muito a oferecer”, defende chef Kátia Barbosa
A jurada do Mestre do Sabor começou a cozinhar aos 42 anos e hoje é dona de três negócios no Rio de Janeiro com culinária típica
atualizado
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Conversar com Kátia Barbosa é como bater um papo com aquele amigo de anos que você fez há cinco minutos no seu boteco preferido. Entre sorrisos e preparativos para a participação no evento Mesa ao Vivo Brasília, no Congresso da Abrasel, ela abriu espaço na agenda para uma entrevista exclusiva ao Metrópoles.
Conhecida nacionalmente como a jurada do programa global Mestre do Sabor, Kátia Barbosa tem uma história diferente do que se ouve por aí. Aos 59 anos, ela revela que começou a cozinhar apenas aos 42 e por uma questão de necessidade. “Quebrei”, conta ela entre risos. Na época, ela trabalhava com venda de joias e precisou se reinventar.
“A cozinha veio de forma repentina e necessária. Não fui para a cozinha porque ansiava ser cozinheira, eu precisava trabalhar e ganhar dinheiro”, revela a chef. Dali ela começou a trabalhar com o que mais era apaixonada: as comidas típicas do Nordeste.
De acordo com Kátia, a referência que ela tinha era de comida brasileira e queria exaltar essa culinária. “Quando a gente fala em comida típica, ela é diminuída. Eu não queria que soasse menos, porque isso é muito pequeno para o que a comida brasileira tem a oferecer para a gente.”
E foi a paixão pela comida de raízes nordestinas que a tornou a chef que ela é hoje. Kátia ficou conhecida Brasil afora por transformar uma das receitas mais queridas e tradicionais do país em um quitute de boteco. Há 10 anos ela criou o bolinho de feijoada.
A receita foi desenvolvida com incentivo e ajuda de amigos e de um dos irmãos que também é cozinheiro e levou cerca de quatro meses para ser lançada. A versão que deu certo era acompanhada de torresmo e combinava perfeitamente com uma caipirinha. “Um amigo disse que era uma feijoada de bolso”, lembra.
Com essa marca registrada, ela passou por muitos eventos pelo país, como o Comida di Buteco e o Mesa ao Vivo, realizado pela revista Prazeres da Mesa no congresso da Abrasel. E foi com esse último que marcou presença em Brasília na última semana.
Experiências e receitas
A chef passou pelo Congresso com três participações: uma palestra, uma aula show e um jantar magno. Na última quarta-feira (11/8), ela cozinhou no Restaurante Universal ao lado de Mara Alcamim, Dario Costa, que venceu o Mestre do Sabor e passou pelo Masterchef Brasil; e Alysson Muller.
Responsável pela entrada oferecida no evento, ela conta que resolveu celebrar essa região onde as pamonhas estão muito presentes. “Eu quis fazer um prato que homenageasse isso, mas com um olhar diferente para essa pamonha. Porque acho que o grande barato de cozinhar é mostrar o outro jeito de fazer aquilo que tradicionalmente a gente come sempre”, explica a chef que preparou um nugget de pamonha.
A pamonha também marcou presença na aula show que Kátia deu na quinta-feira (12/8). Ainda trabalhando com o olhar diferente para a iguaria, ela ensinou uma pamonha de arroz que aprendeu com o chef Thiago Castanho. De acordo com ela, a receita “é quase um tamale e consiste, basicamente, em transformar numa farinha, deixar ele de molho um tempo, depois cozinhar como se cozinha uma pamonha e servir com outros acompanhamentos”. Para o evento ela apostou em cogumelos.
Além disso, Kátia ministrou também uma palestra online sobre os desafios enfrentados durante a pandemia. Ela contou um pouco do que fez para se reinventar e seguir em frente.
“Sou feliz e agradeço”
No Rio de Janeiro é possível conhecer o tempero de Kátia Barbosa em diferentes modelos. Tudo começou com o Aconchego Carioca, onde ela trabalhou e se tornou dona há cerca de 12 anos. Por lá, a comida brasileira mostra o verdadeiro sabor dos botequins cariocas com pratos como Bolinho de feijoada e Bolinho de abóbora com carne seca.
Mas as receitas também marcam presença no Bar Kalango, que precisou fechar as portas durante a pandemia, mas já está de volta. “Ele nasceu de um sonho de fazer uma coisa pequena, para poucas pessoas. Agora reabriu com outro olhar. Um olhar da comida mais natural, mais próxima dos pequenos produtores, das comunidades quilombolas. É uma comida que a gente fala que é comida do sertão, mas aonde eu vou, trago ingrediente e colocamos lá. É hoje a menina dos olhos”, conta a empresária.
Outro empreendimento é o Katita, que oferece receitas brasileiras tradicionais para comer na hora ou finalizar em casa. Entre as opções estão a Feijoada da Katia, com arroz, farofa e torresmo; e o Baião de dois, acompanhado de carne de sol, cebola refogada, mandioca e torresmo. Para a viagem, ela envia os preparos embalados a vácuo e congelados.
Em todos os negócios, são as mulheres que mandam. Ela conta com a ajuda das filhas, Bianca e Giovanna. Enquanto Giovanna fica por conta da administração das empresas, Bianca divide com a mãe o comando das panelas e, em breve, deve assumir o comando das casas. “É difícil, mas o grande barato é que a gente tá determinada a fazer pela comida brasileira uma coisa bacana”, enfatiza Kátia Barbosa.