Sucesso no YouTube, Netão Bom Beef mostra lado pop do churrasco
O empresário se tornou conhecido por falar de carnes na internet e é dono de um açougue especializado em cortes especiais
atualizado
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“Meu pai era bem irresponsável”, brinca Domingos Neto ao lembrar que, aos sete anos, o pai já permitia que ele cuidasse da churrasqueira nas reuniões de família. Mas foi de momentos assim que nasceu a paixão dele por carnes e churrasco. Hoje, aos 35 anos, ele é conhecido nacionalmente como o especialista em carnes Netão Bom Beef.
O menino, que nasceu e cresceu no bairro de Caiçara, litoral de São Paulo, queria ser açougueiro e comerciante desde pequeno. Na época da infância e adolescência, Netão trocava as areias das praias de Santos pelo açougue do tio e a peixaria do pai.
“Toda minha família era comerciante. Eu ficava entre colégio e casa de segunda a sábado. Domingo meu pai ficava com a gente de manhã, assistíamos Fórmula 1 e íamos para o açougue do meu tio. Quando dava a hora de fechar os comércios, toda a família ia para a minha casa fazer churrasco. Eram de 40 a 50 pessoas e na época nós morávamos em um chalé”, lembra.
A paixão pelas carnes fez com que Domingos Neto deixasse a peixaria e a casa do pais para trabalhar e morar com o tio, que também é seu padrinho. “Ali eu tive certeza que queria fazer isso da vida e fui atrás do sonho de ser sócio no açougue um dia”, afirma.
Um corte em cada porto
No tempo em que trabalhou no açougue do padrinho, Netão já nutria a ideia de um dia virar sócio do Costa Rica. Para juntar o dinheiro necessário, ele fazia um pouco de tudo e chegou a trabalhar como barman e motoboy nos horários livres. Com 23 anos ele resolveu embarcar em um cruzeiro para juntar a grana que precisava.
Mas as linhas tortas em que estavam escritas a aventura adiaram um pouco os planos iniciais. “Quando voltei, ele tinha vendido o açougue”, conta o paulista. Na época, Domingos Neto guardou o dinheiro que havia economizado e foi trabalhar como vendedor no ramo de móveis. Mas sempre namorava o ponto em que cresceu e se apaixonou pelas carnes. “Até que um dia voltei lá, fiz uma oferta e comprei o açougue do cara (que tinha comprado do meu tio).”
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Os anos no cruzeiro permitiram que Netão juntasse muito mais que dinheiro. De porto em porto ele conheceu diferentes cortes especiais de carne bovina. “Sempre que o navio atracava, eu ia no maior número de steak houses e churrascarias que conseguia. Existiam muitos cortes que eu nunca tinha visto. Eu queria trazer isso para cá com a qualidade que a carne tinha fora do país”, relata.
E foi aí que nasceu o Bom Beef, açougue localizado, em Santos. A casa de carnes oferece diferentes tipos de peças e trabalha também com os conhecidos, e queridinhos, cortes especiais. Entre as proteínas com mais saída no espaço estão a picanha, o flat iron, o denver steak e o steak do Netão, um corte borboleta feito do acém do meio.
Diamante lapidado
Quando se fala em cortes especiais, muita gente pode pensar que é uma carne diferente do que se encontra normalmente. E de certa forma é. Mas não tanto quanto soa. O corte especial nada mais é do que uma carne da qual se vai tirar o máximo proveito.
“Como eu faço para transformar uma peça de contra-filé que você encontra no mercado em um corte especial? Eu vou tirar o sebo lateral, nervo da cervical, tirar as fibras da parte debaixo e deixar lisa e tirar o músculo conhecido como trança. Vou deixar o corte lapidado. Perfeito para o seu churrasco”, explica Netão.
Ele destaca ainda que, além da facilidade que esses cortes permitem, tudo que é levado para a churrasqueira, ou panela, é aproveitado. “Você vai degustar sem tirar pedaços duros ou de gordura. Da peça de contra-filé bruto é possível fazer um bife ancho bem lapidado”, exemplifica.
O churras tá on
Nas redes sociais, Netão conta com fãs que admiram e acompanham seu trabalho. Por lá, ele mostra todo o conhecimento que adquiriu nos mais de 20 anos em que trabalhou e estudou a carne bovina. No Instagram ele conta com mais de 707 mil seguidores, enquanto reúne 951 mil inscritos no canal que leva seu nome e marca no YouTube.
O empresário deu os primeiros passos nas redes sociais do Bom Beef com um único objetivo: criar um público consumidor para o açougue. “Comecei a trabalhar mais o Instagram e explicar para as pessoas o que eram aqueles cortes. Eu limpava, mostrava o marmoreio, depois fazia churrasco com ela e mostrava desmanchando na mão. Apresentava todo o processo para se ter e cozinhar um corte especial”, lembra ele.
Como não tinha ninguém que explicava o processo de forma detalhada na época, Netão ficou conhecido a nível nacional. Daí passou a oferecer conteúdo no perfil pessoal e migrou para o YouTube a pedido dos seguidores.
“O público prefere uma pessoa a uma marca, então comecei a falar também no meu Instagram pessoal. Mas eu não gostava de aparecer. Mas em menos de dois meses o canal já tinha mais de 120 mil seguidores. Então fiz uma temporada inteira e encerrei. Aí rolou uma campanha para eu voltar. Voltei e nunca mais parei”, conta.
Entre a internet e os negócios
O sucesso de Netão nas redes sociais não deve migrar para a tevê. Ele revela ao Metrópoles que já recebeu alguns convites para ter programas próprios, mas nunca conseguiu aceitar. Hoje ele só toparia uma proposta que o permita entregar um programa de qualidade e, ao mesmo tempo, tocar as redes e administrar suas empresas.
Além do açougue, o empresário também conta com a Bom Beef Burgers. A hamburgueria começou a funcionar durante a pandemia exclusivamente com sistema de delivery em Santos. Atualmente ela está prevista para abrir nas cidades de São Paulo e São Bernardo do Campo, em maio e junho, respectivamente.
“Eu pretendo levar para o Brasil inteiro. Quero que tenha uma em cada cidade do país. Se vou conseguir, não sei”, brinca Netão entre risos. Mas, com pés no chão, ele lembra que a marca precisa crescer de forma consciente, com respeito aos processos e ao cliente. O empreendedor destaca ainda que os três primeiros lugares em que quer abrir, fora de São Paulo, são Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Na casa, o carro-chefe é a Batata Crock Crock (R$ 7,90). A receita é feita em formato chips e carrega a promessa de ser “absurdamente crocante e desmanchar na boca”. Na linha burguer, o mais pedido é o Preferido (R$ 35,90). O lanche é o sanduíche favorito de Netão e leva hambúrguer 170g assado na brasa, cheddar maturado, bacon, cebola caramelizada e maionese verde no pão brioche.
O empresário ainda traz mais novidades. A casa de carnes Bom Beef vai trocar de endereço e ocupar um ponto maior no segundo semestre. Mas os frequentadores não precisam se desesperar, ela vai continuar na mesma rua, ao lado da loja atual. “Estamos construindo o prédio novo do açougue e um anexo com parrilla com capacidade para cem pessoas”, revela.
No espaço, os clientes poderão escolher as carnes que querem comer no açougue e comê-las prontas no restaurante com acompanhamentos que são a cara do churrasco brasileiro. Do outro lado da rua será a loja física da Bom Beef Burgers, que também deve abrir as portas no segundo semestre.
By Netão
Outra empreitada de Netão Bom Beef é a venda de produtos licenciados com seu nome. De acordo com o empresário, eles geralmente nascem para suprir uma necessidade existente.
“Por exemplo, eu precisava de um avental de couro com bolsos internos. Porque quando eu tinha que fazer eventos, eu precisava levar muitas coisas e queria algo prático. Então mandei fazer um avental com estojo de facas interno. Na primeira vez que usei, todo mundo queria”, recorda.
Além do avental de couro, ele também conta com uma linha de sais que inclui o Sal de Parilla (R$ 21,90) e o Sal de Parrilla e Pimenta (R$ 24,90). “Eu sempre ensinava a importância da proporção entre sal e pimenta nos workshops de hambúrguer. Mas cada pimenta tem um efeito diferente e eu queria uma mistura homogênea, então encontrei um parceiro para produzir”, explica. Ele conta que foram dois anos até chegar no produto ideal. “Hoje ele é o sal especial mais vendido do Brasil.”
Em exclusiva ao Metrópoles, ele adianta que vem um novo produto por aí. “Em breve vai sair a linha de molhos, porque eu queria eles para as hamburguerias físicas. No lugar de ter algo industrializado de qualquer marca, o cliente vai consumir um molho feito por mim”, revelou animado.
Por fim, Netão considera que o churrasco é a comida mais típica do país. Afinal, ele transforma qualquer dia da semana em uma data especial. “A gente fala muito em feijoada, mas quantas vezes você faz uma feijoada? Agora pensa em quantas vezes você vai a um churrasco. É muito mais presente”, enfatiza. De acordo com o empresário, o churrasco perfeito “é com a família, bastante risada e muita alegria”. Ele, que também é membro da Sociedade do Churrasco Tramontina, destaca que não é apenas assar e comer carne, mas sim todo o ambiente envolvido.