Saiba mais sobre a importância das mulheres na história da gastronomia
A segmento é um ambiente dominado por homens e bastante machista. Exaltar as conquistas delas é algo essencial!
atualizado
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Há alguns anos falei sobre a situação feminina na cozinha profissional. O ambiente gastronômico segue até hoje sendo muito machista.
O machismo nesse campo é tão grande que sugiro um teste: coloque “homem cozinhando” e “mulher cozinhando” no Google. O primeiro apresentará diversos chefs e profissionais, o segundo, cozinhas domésticas. E foi assim por muito tempo também nos bastidores, embora hoje em dia já exista uma presença mais evidente, mas ainda longe do justo ou ideal.
Na ideia original deste artigo, pensado para fechar o Mês da Mulher, citaria preparos cujas criadoras têm nome e sobrenome, mas infelizmente não é tão fácil assim, justamente pela falta de visibilidade dada ao trabalho delas ao longo das décadas. Ainda assim, reúno aqui, mulheres que conseguiram seus direitos por suas inovações criativas, além de outros grandes nomes que têm muita relevância.
Elas conseguiram os créditos
A famosa torta holandesa (ou alemã), encontrada em diversas confeitarias em vários estados brasileiros, é uma criação de Silvia Leite, dona do café Bruges, localizado em Campinas. A torta foi criada para homenagear uma viagem que a confeiteira fez para a Holanda.
Os conhecidos cookies foram criados pela estadunidense Ruth Graves Wakefield, na década de 1930. Nunca se soube se foi uma receita intencional ou acidente, mas fato é que Ruth soube capitalizar e conseguiu uma parceria com a Nestlé para ter sua receita impressa em todos os pacotes de cookies da empresa. Uma confeiteira com excelente visão de negócio.
Outra americana, Sheila G. Mains, alcançou o sucesso com pedacinhos de brownies. Enquanto as aparas dos brownies (aquela parte das extremidades, que fica mais assada e com tamanhos irregulares) não eram usadas em vendas e sim descartadas, ela viu nisso uma oportunidade. Passou a vender apenas as aparas, com sabores diversos. A ideia deu tão certo que empresas como Brownie do Luiz aproveitaram o conceito.
As gurus
Nos EUA, é indiscutível a importância de Julia Child. Ela começou a cozinhar após seu marido ser transferido para a França. No país europeu, ela decidiu estudar gastronomia e, quando voltou para a América, escreveu seu próprio livro de receitas, com cada prato feito com diversos métodos de preparo. Após o feito, virou celebridade e chegou a apresentar um programa de TV. Ela foi a responsável por levar a base da gastronomia clássica francesa para os lares norte-americanos.
O sucesso de programas do tipo no exterior possibilitou que o formato ganhasse espaço no Brasil. Papéis importantes tiveram Palmirinha e Ofélia. As duas cozinheiras ensinavam receitas caseiras cheias de afeto e foram essenciais para a popularização da gastronomia no país.
Já Ana Maria Braga foi um divisor de águas. A apresentadora começou na televisão com um olhar totalmente voltado para a dona de casa, porém o programa evoluiu. Hoje, através de sua atração diária, é possível conhecer produtos de todo país, profissionais da área, técnicas básicas e avançadas. Sua importância para qualquer esfera da cozinha nunca deve ser menosprezada.
As anônimas
Por fim, lembro as quituteiras e cozinheiras que praticamente construíram a gastronomia nacional. Como quem cuidava das cozinhas eram as mulheres, devemos à elas praticamente todos os doces brasileiros de gamela, tortas, pratos tradicionais e que repercutem no mundo inteiro. Pode colocar nesse balaio delícias como o doce de abóbora, a pamonha, ovos nevados e a ambrosia.