Quais são as tendências gastronômicas de 2022?
Conversando com chefs, restauranters e observando o mercado, foi possível inferir o que esperar, e isso envolve mais que a comida servida
atualizado
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Os anos de 2020 e 2021 alteraram tudo: a forma como convivemos e interagimos, nossos hábitos sociais e o mercado como um todo. A gastronomia, feliz ou infelizmente, engloba tudo isso. Bati um papo com chefs de Brasília e de outros estados sobre o que podemos esperar no país para 2022 e, não muito surpreendentemente, as maiores tendências são nos hábitos e na forma de abordar os negócios do ramo alimentício e não tanto a comida em si. Entenda.
Os preços seguirão subindo
É, pessoal, esperado e confirmado. Os estabelecimentos não têm mais como segurar. De acordo com o IBGE, até novembro deste ano, a inflação medida pelo IPCA nos alimentos foi superior a 20%. Some isso a um aumento médio de 25% na energia elétrica (lembrando que, cheio ou vazio, restaurantes possuem a conta de luz muito estável) e superior a 30% no gás de cozinha. Ficou insustentável não repassar esses custos ao consumidor. E os preços devem continuar sendo reajustados no ano que segue. Aprender a cozinhar em casa pode ser uma boa.
Drinques prontos engarrafados
Uma experiência que surgiu durante a pandemia, visto que grande parte da receita de restaurantes vem de drinques e bebidas. Os mixologistas e bartenderes se desdobraram para desenvolver fórmulas que se conservem e viagem bem.
Deu tão certo que virou tendência. As casas estão investindo bastante neste campo.
Traz o doguinho
Com a pandemia, muitas pessoas recorreram à adoção de pets para vencer o isolamento e, agora, esse pessoal quer passear! Estabelecimentos pet friendly vieram para ficar e estão se expandindo cada vez mais. Alguns até já possuem treats, como biscoitinhos e picolés artesanais para os animaizinhos que forem acompanhar seus tutores.
Comidinhas rápidas
Muitos chefs renomados tiveram que lançar comidinhas rápidas para se manterem com portas fechadas ou salão com ocupação reduzida. Hambúrgueres, sorvetes, comida de rua foram as soluções encontradas por eles. O sucesso foi tanto que alguns estabelecimentos mantiveram suas operações focadas apenas nisso.
Fato é que em 2022 veremos muitos variarem suas carteiras de estabelecimentos, como fez o chef goiano Ian Baiocchi que, além de seus restaurantes de alta gastronomia, possui sua linha de gelatos e hambúrgueres.
Valorização do produto local
Já era uma tendência por conta do frescor dos alimentos e fortalecimento da rede local de produtores, mas agora tornou-se uma necessidade econômica. Transporte tornou-se muito caro com o aumento da gasolina, afinal, a base brasileira é rodoviária e o acondicionamento depende da energia elétrica, ou seja, quanto mais próximo forem os produtores, mais vantajoso em todos os aspectos para os restaurantes.
Colaboração entre chefs
Você deve ter percebido pela cidade que cada vez é mais comum eventos nos quais chefs de mais de um restaurante colaboram juntos como convidados. Os cozinheiros perceberam que esse movimento é mais vantajoso do que agir apenas em competição. Todos se divulgam, aprendem técnicas e receitas diferentes e o público de um passa a conhecer o do outro. A fuga da rotina chama a atenção.
Além disso essa proximidade entre os chefs permitem uma troca comercial bastante interessante, com soluções comerciais, intercâmbio de experiências e muitos outros fatores.
Delivery e Take-out vieram para ficar
Com a pandemia e os salões fechados, todos os restaurantes precisaram se adaptar a esse sistema. Desenvolver pratos e meios que pudessem passar por embalagem, espera de entrega e esse tipo de coisa. Mesmo que não seja mais financeiramente interessante para muitas casas, estar no rol de restaurantes disponíveis dos aplicativos é uma divulgação que tem compensado para as casas. Acaba sendo uma vitrine.
Cozinha afetiva
A cozinha afetiva (chamada anteriormente com seu nome em inglês, comfort food) já era uma tendência, mas agora ganhará força, isso porque esse tipo de gastronomia traz conforto, memórias boas e remete a tempos mais fáceis. Tudo que o consumidor atualmente vem buscado em suas experiências.
Ingredientes que potencializam a imunidade
Embora a ciência condene esse tipo de movimento, espere pratos com ingredientes considerados potencializadores de imunidade, como é o caso do gengibre, cúrcuma, mel e muitos outros. Isso pelo medo de adoecer que a pandemia traz. Embora sejam saborosos e tenham propriedades nutricionais interessantes, não há qualquer evidência científica que correlacione o consumo deles em uma resistência maior ou menor à Covid-19.
Eventos e mesas em área externa
Como medidas restritivas podem surgir a qualquer momento durante a pandemia, a prioridade das casas para evitar aborrecimentos e surpresas é manter espaços externos e abertos, onde os comensais possam ficar com mais segurança e espaçamento. O mesmo para eventos e feiras.