Leandro Nunes não se abala com críticas no “The Taste Brasil”
Chef diz que as duas semanas de gravação valeram por seis meses de estudo. Fora da TV, planeja reforma no Jambu e expansão dos negócios
atualizado
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Leandro Nunes é sócio e chef em um dos restaurantes mais conceituados de Brasília, o Jambu. Tem um currículo que inclui curso na Le Cordon Bleu, em Paris, e estágio no Noma (um dos melhores do mundo, em Copenhague, Dinamarca).
Aqui na cidade, antes de abrir o Jambu, passou pelas cozinhas do Patú Anú, Oscar (à época sob consultoria do francês Laurent Suaudeau), foi sous-chef no Bottarga e chef no Liv Lounge. Mesmo assim, não viu problema em disputar uma vaga no reality show “The Taste Brasil”, do GNT.
O chef brasiliense de 31 anos é um dos 12 concorrentes da terceira temporada do programa, atualmente no ar. No primeiro episódio, ouviu críticas severas dos jurados antes de ser escolhido para o time de André Mifano. Não se abalou.“Normal. Cada um possui um paladar diferente. Você nunca vai conseguir agradar a todos, sei disso e eles também”, afirma. “Ficaram um bom tempo provando antes de me chamarem e a gente conversou bastante”, conta Leandro.
O Felipe havia feito bons elogios, o Claude disse que não era acostumado com aquilo por não fazer parte da criação gastronômica dele e eu já havia percebido que o André estava falando um monte para fazer o Felipe trocar de ideia, então estava bem tranquilo na verdade
Leandro Nunes, chef
Seis meses em duas semanas
Ele admite que teve receio, sim, de a participação no programa prejudicar sua imagem construída. Mas, ao mesmo tempo, achou que, se houvesse estrago, não seria tão grande assim. Cita o exemplo de Gabriel Vidolin, chef d’O Leão Vermelho, conceituado restaurante de São João da Boa Vista, interior paulista.
Na primeira temporada do “The Taste Brasil”, Gabriel concorreu e não passou da primeira fase. “Nem por isso acho que tenha tido uma repercussão ruim na imagem dele. Claro que podemos ter altos e baixos, mas no fim o público sabe que é um programa de TV”, avalia Leandro Nunes.
Ainda tem muito chão pela frente. Até agora foram exibidos apenas dois episódios e, por contrato, os participantes não podem contar nada do que se passou nas gravações já realizadas. Mas o chef garante que o que vivenciou nos estúdios da atração “foi sensacional”.
Mudanças e projetos
A presença no “The Taste Brasil” não é a única novidade na carreira de Leandro Nunes. Há um ano, a mãe dele comprou a parte do outro sócio do Jambu. Agora parceiros, mãe e filho planejam para maio uma reforma no restaurante que vai deixá-lo “mais com a cara” do chef.
Além disso, há projetos de expansão dos negócios, com a abertura de uma nova casa, com outro conceito, provavelmente em Águas Claras. “Ainda está engatinhando, não gosto de dar detalhes que possam ser mudados”, desconversa.
Mudanças, aliás, parecem agradar ao jovem chef. E isto está, literalmente, na cara. O jeito de bom moço, dos primeiros tempos da carreira, foi trocado há um ano pelo visual cheio de tatuagens, piercings e cabelos raspados nos lados.
Outra mudança radical, e mais significativa, aconteceu quando ele decidiu ser chef de cozinha. “Estava no terceiro semestre de direito, comecei a assistir muitos programas de gastronomia. Até que no fim do quarto semestre decidi mudar de área”, relembra.
Lembranças de infância
O pai, dono de escritório de advocacia, não achou que o filho falasse sério. “Mas, depois que ele entendeu, me ajudou a procurar cursos, me apresentou a um dono de restaurante conhecido dele para tirar dúvidas e sempre me apoiou.”
Na verdade, a decisão do rapaz não deve ter sido assim tão estranha para o advogado paraense. Afinal, quando criança, Leandro Nunes já adorava aprender a fazer pato no tucupi com o pai em aniversários e datas comemorativas. “Embora o interesse fosse mais pela ansiedade de comer o pato do que cozinhar”, ele confessa.
Houve ainda a inspiração de uma tia-avó, responsável pela mesa enorme montada anualmente na festa do Círio de Nazaré, em Belém, “com pato no tucupi, maniçoba, vatapá, canudinho de caranguejo e por aí vai.”
É claro que tudo isso está de certa forma no cardápio do Jambu. E às memórias afetivas somam-se as influências de grandes profissionais da área. “Na maioria, os meus chefs de referência não são estrelas”.
Leandro cita René Redzepi (Noma), Bertrand Grébaut (Septime, Paris), Matthew Orlando ( Amass, Copenhagen), Thomas Keller (Per Se, Nova York) e Rafael Costa e Silva (Lasai, Rio de Janeiro). Ou seja, nenhum dos jurados do “The Taste Brasil”.