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A nova horta: o que é e como fazer um jardim comestível em casa

O Metrópoles conversou com Rita Taraborelli, especialista em jardim comestível e autora de livros sobre o assunto

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Na foto, uma parte de um jardim comestível com plantas - Metrópoles
1 de 1 Na foto, uma parte de um jardim comestível com plantas - Metrópoles - Foto: Reprodução/ Instagram

A combinação perfeita entre a estética de um jardim convencional com os benefícios de uma horta orgânica agora tem nome e sobrenome: jardim comestível.

A tendência, relativamente nova, tem ganhado cada vez mais adeptos nos últimos anos com a crescente preocupação com a segurança alimentar, a sustentabilidade e a saúde. A solução se mostrou viável e benéfica para muitas pessoas e comunidades em todo o mundo.

De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), os jardins comestíveis podem fornecer até 20% da dieta de uma família média, além de reduzir a pegada de carbono ao diminuir a necessidade de transporte de alimentos.

Além disso, a entidade afirma que eles também podem melhorar a segurança alimentar em comunidades carentes e oferecer oportunidades de emprego e empreendedorismo.

Um estudo da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, revelou que um jardim comestível de tamanho médio pode produzir até  500 libras (cerca de R$ 3.300) em alimentos por ano. A prática pode, ainda, reduzir a dependência de alimentos processados e industrializados, promovendo uma alimentação mais saudável e sustentável.

Para elucidar um pouco mais sobre o assunto, o Metrópoles conversou com Rita Taraborelli, uma artista, ilustradora, cozinheira vegetariana e autora do livro de receitas Jardim Comestível.

Na foto, a autora e ilustradora Rita Taraborelli - Metrópoles
Rita escreveu dois livros sobre jardins comestíveis

O interesse pelo assunto surgiu com a mãe da escritora, que era apaixonada por plantas e estudou jardinagem ao longo da vida.  Segundo ela, alguns anos após se formar em gastronomia, Rita refletiu um pouco sobre a carreira.

“Me peguei pensando no jardim e como eu era infeliz trabalhando em restaurante. Nunca vou me esquecer, na mesma hora olhei para algumas flores de cenoura e comecei a pensar em como nós, cozinheiros, estávamos distantes do ciclo natural das plantas que eram usadas na cozinha. Naquele momento achei, de verdade, que poderia e deveria desenvolver algo neste caminho”, relembrou.

Tempos depois, nasceu o livro Jardim Comestível – Cozinha mediterrânea à brasileira, fruto dessa reflexão. “É mais uma obra inaugural do projeto. Fiz em um período que minha mãe adoeceu e precisei estar perto dela. Foi um período que precisei ressignificar o jardim e, ao mesmo tempo, pegar tudo que fazia sentido pra mim e fazer algo com isso”, frisou.

A obra apresenta ao leitor os ingredientes principais como plantas ou partes de, como raízes, brotos, flores e frutos, trazendo ao leitor o questionamento e consciência a respeito do alimento.

“Este livro é muito mais sobre olhar para estas plantas e o que podemos fazer com elas na cozinha, do que propriamente um livro de como plantar. Tem algo contemplativo, pois é uma obra com bastante estimulo visual, e também receitas apetitosas, pois o jardim comestível tem um pouco disso”, diz.

A continuação é o Flora Comestível do Brasil – Receitas vegetarianas. “Nele, eu já trago para o leitor uma seleção de plantas autóctones, deste território que hoje chamamos de Brasil, e convido uma profissional fantástica, a Mônica Passarinho, para apresentar o passo a passo de 10 plantas que podem ser cultivadas facilmente em casa.”

Jardim comestível é o mesmo que horta?

“A grosso modo, a horta é um espaço mais reservado, muitas vezes cercado e isolado da área de convivência, com o objetivo de cultivar variedades comestíveis, geralmente espécies de pequeno porte“, explicou a expert.

Um jardim comestível, por sua vez, carrega um convite para que este espaço faça parte do convívio da casa.

Taraborelli complementa que o jardim comestível “é a fusão do jardim, que a princípio teria um viés mais contemplativo, decorativo e paisagístico, com o aproveitamento do espaço para produzirmos alimentos e, também, aprendermos com eles”.

Trata-se de um espaço mais dinâmico do que aquele que segue um paisagismo mais convencional. “Por exemplo, em casa temos uma mesa que fica embaixo de uma estrutura que acolhe um pé de ora-pro-nóbis, que além de nos fornecer alimento, adorna o jardim, faz sombra e também protege o muro com seus espinhos”.

Na foto, um pé de cúrcuma - Metrópoles
Cúrcuma do jardim de Rita

Quais plantas podem ser utilizadas?

Não tem regra, mas quanto mais espécies, melhor. Sobre quais plantas utilizar, ela diz que depende da região. “Vivemos em um momento em que as PANC estão se infiltrando no mainstream, é natural que encontremos muitas plantas categorizadas como PANC nos jardins comestíveis atuais. Apesar dos modismos, algumas são bem icônicas e fáceis de cultivar e encontrar em locais que comercializam mudas, como capuchinha, jabuticaba, pitanga, ora-pro-nóbis, berinjela, peixinho, hortaliças convencionais, cenoura, tomate, taioba, ervas, pimenta vermelha, batata-doce, primavera, abacaxi, entre outras”, indica.

Por onde começar?

A autora indica começar avaliando a incidência solar do local a ser explorado como jardim comestível.

“Desenhar este espaço e imaginar onde ficaria cada variedade é importante para começa a dar uma direção para a concretização deste espaço”, comenta, complementando que vale a pena levar em conta plantas de portes diferentes, pequenas, médias e grandes, e também estudar um pouco quais espécies são amigas ou antagônicas.

Outra dica é começar a compostar o lixo da cozinha. “Vai servir para a nutrição para o solo e completará o ciclo”, orienta.

Vale avaliar quais plantas vão no solo, no canteiro ou em vasos. “Para frutíferas, taioba, inhame e batata-doce, por exemplo, se a única opção for vasos, estes precisam ser bem grandes para que as plantas possam se desenvolver bem. Ervas costumam se adaptar em vasos pequenos mas, conforme crescem precisam ser transplantadas para vasos maiores ou canteiros”, explica.

Rita indica ainda semear em casa. “Acompanhar este processo de germinação é bastante importante para entendermos o ciclo completo de algumas plantas e, principalmente, porque a gama de mudas costuma ser bastante limitada e voltada para uma realidade mais comercial”, reitera.

Jardim Comestível - Cozinha mediterrânea à brasileira

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Flora Comestível do Brasil - Receitas vegetarianas

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