Frutos do Cerrado viram delicados brigadeiros nas mãos de Eliane Régis
Pequi, baru, jatobá, buriti e muitas outras delícias nativas do bioma Cerrado são o ponto central do trabalho da chef, adepta do slow food
atualizado
Compartilhar notícia
Comida de verdade leva ao menos dois ingredientes necessariamente: amor e paciência. E são justamente esses os principais itens utilizados por Eliane Régis, paraibana de Campina Grande, tecnóloga em gastronomia pelo Iesb, que se mudou para o Cerrado e hoje explora a doçura do bioma.
Adepta do slow food e da comida afetiva, Eliane encontrou no Cerrado uma paixão e uma bandeira a defender. Agora, faz brigadeiro ou beijinho recheados com o sabor dos frutos naturais da região. Podem ser de pequi, baru, coquinho azedo, buriti, cagaita, cajá-manga e araticum.
Apesar de ter foco no bioma Cerrado, ela é capaz de fazer doces com outros ingredientes do Brasil. Eliane conta que já recebeu encomendas para fazer brigadeiros com amora selvagem, siriguela, cupuaçu, umbu e até de açaí.
Gosto pelo artesanal
Eliane garante que seu principal foco é o carinho. “Desde pequena fui ensinada a ter gosto pelo que é nosso, artesanal e vem da terra. Procuro para valorizar, porque o nosso Brasil é lindo, e muito, muito rico.”
Na Central, há 33 cooperativas associadas em todo o Brasil. Elas têm o objetivo de divulgar o Cerrado. Compram frutos e produtos de agricultores e revendem — cachaça, sabonetes, frutas in natura, etc.
Assim, desde a seleção do que vai ser utilizado, Eliane Régis procura manter o cuidado com a comida. A chef conta que uma vez, quando ouviu críticas a respeito do preço da castanha de baru, levou a pessoa que fez o comentário até o local da colheita, para que pudesse observar como é um processo complexo e artesanal.
Se valorizamos os ingredientes de fora, como a noz pecan, as amêndoas, por que não usar o baru, uma castanha riquíssima e que está aqui do nosso lado?
Eliane Régis
Defendendo valores
“São raízes. Minhas memórias culinárias são o sítio, a panela de barro, o fogão a lenha… Lá em Campina Grande somos acostumados a nos reunirmos para preparar canjica e cural nas festas juninas.”
Segundo Eliane, com essas experiências, aprendeu a valorizar todos os processos. No caso do milho, utilizado nas comidas típicas juninas, o tempo entre plantar e colher pode levar até um ano inteiro. Para ela, cozinhar por cozinhar não faz o menor sentido.
Jatobá: fruto de sabor suave, que diminui a força do açúcar nas preparações de ElianeSabor
Toda a lógica de Eliane faz sentido quando se coloca um de seus brigadeiros na boca. Essa comparação de gosto com música ficou ruim, porque não tem explicação nenhuma sobre a relação. Vamos assim: O gosto dos frutos, doce, amargo ou adstringente, não competem entre si. Tudo combina.
Como estamos pouco acostumados aos sabores dos docinhos de Eliane, a dica é experimentá-los aos poucos. Vale a pena degustar todos.
A técnica de preparo é sofisticada, e cada um tem seu segredo. O pequi, por exemplo, como é um fruto duro, precisa ser processado e picado com creme de leite. Já o jatobá, mais forte, vira uma farinha, assim como o baru.
Caso seja pedido do cliente, Eliane também pode deixar os brigadeiros com pedaços das frutas, e não só com o extrato (que não altera a textura).
Saboreando Meu Brasil
Em processo de transformação e criação, Eliane pretende transformar o negócio na marca Saboreando Meu Brasil. Tudo artesanal e rústico, inclusive as caixinhas.
O trabalho da chef é personalizado. O preço, portanto, não é fixo. Depende da época da fruta, se é finalização em brûlée, etc. O cento sai, em média, R$ 170.
Há embalagens personalizáveis para presente de quatro, oito, 10 ou até mais docinhos. Eliane também produz encomendas para casamentos e coffee breaks. Basta pedir com antecedência.
Para entrar em contato basta ligar para o telefone 98121-5287 ou mandar um WhatsApp. É possível ver fotos dos doces no Instagram @segredosdacozinha. O cento dos docinhos sai em média R$ 170, e os pedidos devem ser feitos com 10 dias de antecedência.