Entenda por que frutos do Cerrado não são vendidos nos supermercados
Os produtos são típicos da região e compõem receitas deliciosas, mas ainda é raro encontrá-los nas prateleiras
atualizado
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Pequi, buriti, baru, jatobá, murici, cagaita, araticum… O bioma Cerrado é diverso e oferece uma série de castanhas e frutos riquíssimos em nutrientes. Mesmo sendo tão ricos e variados, ainda é difícil encontrar os alimentos daqui em supermercados comuns.
Para a chef Eliane Régis, integrante do movimento Slow Food, a burocracia dificulta o acesso a essas delícias. “Geralmente, o contato entre agricultor e supermercado é bem difícil. A cobrança de taxas, por exemplo, atrapalha o processo. São pessoas mais simples que trabalham no extrativismo e precisam lidar com isso.”
Mayk Arruda, também do movimento Slow Food, completa: “É uma questão de cadeia produtiva que ainda não foi totalmente estruturada. Tudo é muito artesanal”.
Pequi, baru, maracujá do Cerrado e araticum são os mais fáceis de serem encontrados nas feiras livres. Normalmente, são vendidos na Feira de Agricultura Familiar do CEASA, no Mercadinho de Brasília, na Feira da 403 Norte e na Bioon Ecomercado.
Parte da ação do movimento Slow Food busca criar uma cultura de valorização desses insumos nos locais onde estão disponíveis. São frutos de colheita difícil. A casca é sempre bem dura por conta das condições climáticas do Cerrado, fator que também atrapalha o consumo.
Para quem deseja utilizar os frutos em casa, a chef indica vários preparos. É possível fazer molho pesto com a castanha de baru; biscoito com a oleaginosa; sucos e geleias com maracujá e cajuzinho do Cerrado; geleia de araticum para rocamboles; mousse de maracujá do Cerrado; e até cheesecake com cobertura de cajuzinho.
Benefícios
Mayk Arruda cita quatro principais vantagens da inserção de frutos do Cerrado na mesa dos brasileiros: a possibilidade de geração de renda para os pequenos agricultores, o auxílio na manutenção da biodiversidade, o valor nutricional elevado desses alimentos para a dieta e a contribuição para renovar a força de trabalho no campo.
“O futuro deve reservar a criação de mais legislações específicas para garantir o processo de organização da cadeia produtiva. O pequi e o baru, por exemplo, são os mais promissores. A farinha de jatobá também teve sua demanda acrescida por causa dos médicos que a utilizam como suplemento natural”, conclui.