Descubra por que as hamburguerias invadiram o comércio de Brasília
Dois chefs, um consagrado e outro estreante no mercado local, explicam o motivo do crescimento da tendência na capital
atualizado
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Primeiro, veio a onda das temakerias. Depois, do sorvete de iogurte e das paleterias mexicanas. Agora, a moda que tem tomado o cenário gastronômico do Brasil e de Brasília é a das hamburguerias. Os estabelecimentos estão com tudo. Na 408 Sul, por exemplo, três restaurantes do tipo ocupam o comércio — isso sem falar de lojas do McDonald’s e Burguer King.
Casas temáticas de desenhos animados, opções para vegetarianos e veganos, e burguers regados com queijo raclette. Há de tudo no mercado brasiliense. Deko Sadigursky, chef da hamburgueria The Black Beef, entende que a efervescência está relacionada à alta demanda.
“As três comidas mais consumidas no mundo são a pizza, o hambúrguer e o cachorro-quente. É muito raro ver alguém que não goste de um bom sanduíche. Então, quem quer abrir um empreendimento e não tem o mesmo domínio de um chef sobre o assunto, opta pela hamburgueria – é um lugar comum”, afirma Deko.
Para Deko, esse momento já passou: “Hoje em dia o pessoal tem um nível cultural maior. O cliente quer mais qualidade, insumos de melhor procedência. As hamburguerias do tipo ‘casual diner’ são as que estão aí para suprir essa demanda.”
A casual diner é a hamburgueria que trabalha na contramão dos fast-foods tradicionais: usa louças para servir a comida em vez de descartáveis, trabalha com garçons e tem ambiente o mais aconchegante possível.
Para se estabelecer nesse mercado, é importante ter uma visão mais de cozinha do que de empresário. Não pode cair no erro de reduzir os custos sem pensar na qualidade do produto. Vale tomar cuidado
Deko Sadigursky
Nem tudo é o que parece
Gil Guimarães, comandante do Parrilla Burger, alerta: “Essa prática não é sustentável. Vai haver um ajuste natural, o mercado já está mostrando sinais de saturação. Infelizmente, algumas casas vão ter que fechar.”
Gil conta que essa febre das hamburguerias começou em São Paulo, há aproximadamente dois anos. Nessa mesma época, ele já trabalhava com a ideia do sanduíche, ao mesmo tempo que Mara Alcamim, chef do Universal Diner, introduziu o preparo no cardápio.
“É muita modinha, e fazer um hambúrguer legal em casa não é sinônimo de fazer uma receita gostosa na rua. O pessoal opta por esse empreendimento também porque requer menos espaço, mas mesmo com as facilidades, é preciso se estabelecer, contar uma história. Só fica de pé quem mostra pro cliente que vale a pena pagar aquele valor pela comida”, avalia.