Delícias de Brasília: conheça 5 parcerias gastronômicas na cidade
Chefs de Brasília se unem a padeiros, confeiteiros e produtores diversos para garantir frescor e ares candangos a seus menus
atualizado
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Duas cabeças pensam melhor que uma. A máxima do ditado popular vale para as diversas parcerias criativas e de trabalho feitas entre estabelecimentos e pessoas que trabalham com comida em Brasília. O Seu Patrício Querido Café, por exemplo, usa em seu cardápio os pães fabricados no Ernesto Cafés Especiais, que por sua vez recebe os produtos veganos da VegAnita. A união de forças valoriza o produto local e gera intercâmbio entre estabelecimentos: por vezes, o comensal conhece um fornecedor do restaurante e torna-se cliente da outra empresa.
O português Hugo Laurentino é fã do Teta Cheese Bar desde muito antes da inauguração da própria loja, a Portugo, que abriu as portas há algumas semanas. Casado com uma diplomata gaúcha, o europeu conta que sempre teve dificuldade em achar bons queijos no Brasil e se encontrou no estabelecimento da 103 Sul. Mal sabia ele que essa admiração lhe renderia uma parceria gastronômica – e parte dos clientes do badalado bar.
“Eu não entendo essa polêmica de concorrência entre restaurantes. Sou completamente contra esse tipo de coisa, acho que juntos somos mais fortes. Na minha opinião, quanto mais marcas boas se unirem para criar produtos de qualidade, melhor para todo mundo”, defende. Com esse jeito de pensar, Hugo apareceu no balcão do Teta com uma proposta: fazer uma releitura do pastel de natas, mas com um queijo artesanal brasileiro.
“No dia seguinte, ele já deixou uma versão do pasteta para a gente provar”, lembra Marina Cavechia, sócia do empreendimento que deu o nome do novo pastel. “Na mesma semana, ele fez testes, chegou à receita, colocou no cardápio dele. Está indo muito bem: achamos que seriam dois quilos de queijo por mês, mas essa é a quantidade que estamos fornecendo por semana”, comenta a empresária.
“A resposta foi muito boa, estamos vendendo uma média de 50 unidades por dia. O Teta já tinha clientes fiéis, então conseguimos novos frequentadores graças a essa parceria”, comemora o português, que planeja trocar o queijo do pasteta (R$ 7,50) a cada mês.
O intercâmbio de clientes é uma consequência desse tipo de negócio. Convidado para participar do novo cardápio do restaurante Contê com uma sobremesa, o empresário João Gabriel Amaral, dono do Café e um Chêro, contribuiu com sua torta do Tio Cacau. O jovem não esperava que a logo de seu empreendimento impressa no menu do parceiro lhe renderia novos clientes.
“Esse tipo de colaboração atinge um público que, no caso, talvez não seja o frequentador do Café, não conhece. Foi o melhor feedback que já tive: conhecer clientes que comeram a torta no Contê e decidiram conhecer minha casa“, comemora João. “É com certeza a nossa sobremesa mais pedida”, garante Guilherme Silva, sócio do restaurante contemporâneo. Para 2020, a dupla planeja levar pratos da cozinha da 403 Sul para o cardápio do café.
Pão quentinho
Fazer pão não é tarefa fácil: e não é raro descobrir que o insumo servido em um restaurante é, na verdade, fornecido por um padeiro de outra empresa. A parceria para este tipo de produto, que precisa ser muito fresco, acaba esbarrando no artesanal.
A dificuldade de fazer pães para consumo diário e o fato de terem os mesmos clientes aproximou a chef Inaiá Sant’Ana, da Quitutices, da padeira Tatiana Meira, da Alimentação Diferenciada. A dupla trabalha com produtos voltados para o público alérgico: tudo é feito sem leite, sem glúten, sem lactose e sem soja. “Eu não sou padeira, só me viro com pão. A produção da Tati é maravilhosa, sempre acompanhei o trabalho dela e há três meses entrei em contato para firmar a parceria”, elogia Inaiá.
As cozinheiras trocam um tipo muito específico de figurinha, o retorno dos clientes. “O feedback é o melhor possível, só tem elogio tanto pela iniciativa, quanto pelo produto em si. Para esse público com restrição alimentar, o que se encontra no mercado não tem muita qualidade. Achar uma comida que satisfaz o paladar e que não dá tanta diferença em relação à receita tradicional rende bons retornos”, comenta Inaiá.
Para 2020, Inaiá planeja elaborar sanduíches com os pães da colega. “É uma forma de crescer no mercado. Uma ajuda a outra, fica mais fácil ter visibilidade. Quem ganha é o consumidor final”, garante Tatiana.
No caso do Ricco Burger, o fornecedor de pão é o vizinho La Boulangerie. “Movimentar a comunidade faz parte do nosso manifesto. O Ricco é uma empresa brasiliense. Não é só a Boulangerie como parceiro, também usamos o sorvete da Vai Bem, o Bolo da Ivone, as empresas de embalagem e de compostagem são daqui… A ideia é trazer o Cerrado, e principalmente Brasília, para fomentar o comércio local”, garante Renata Carvalho, chef e proprietária da casa.
A hamburgueria fez recentemente uma parceria com o Seu Patrício Querido Café: com a ajuda de Fabrício Lima, barista e proprietário da casa na Octogonal, Renata elaborou uma edição limitada do milkshake do Ricco com o cold brew do colega. Com calda de doce de leite e crumble crocante, a sobremesa ficou no cardápio até o fim de abril deste ano. “Foi nossa primeira experiência de colaboração criativa. Queríamos fazer não só um shake com café, mas fazer com alguém de Brasília. O Fabrício é um excelente barista e eu amo o cold brew dele. A ideia agora é colaborar com mais gente”, planeja a chef.