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Comandado pelo chef Ian Baiocchi, goiano ÍZ é sensação no Brasil

O restaurante atrai atenções dos gourmands de todo o país. Casa em Brasília está nos projetos do cozinheiro

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Goiânia (GO), 27/02/2018 IZ Goiânia e o perfil do chef Ian Baiocchi Local: IZ Goiânia Foto: Bruno Pimentel/Metrópoles
1 de 1 Goiânia (GO), 27/02/2018 IZ Goiânia e o perfil do chef Ian Baiocchi Local: IZ Goiânia Foto: Bruno Pimentel/Metrópoles - Foto: Bruno Pimentel/Metrópoles

“Você já foi ao ÍZ?”. A pergunta acompanha o burburinho em torno do restaurante que colocou Goiânia no roteiro gastronômico nacional. Com pratos e menus fechados cheios de conceito, personalidade e tempero caseiro, a casa comandada pelo jovem Ian Baiocchi, 28 anos, ganhou status de point turístico. O Metrópoles foi conferir de perto o hype em torno desse estabelecimento.

Influenciado pelo inglês Jamie Oliver, Ian é parte da nova geração de profissionais que cozinham com propósito. Fazer mais do mesmo, segundo ele, não é uma opção.

Eleito pela revista Veja Comer e Beber como Chef do Ano, ele se divide entre duas operações localizadas no Setor Marista, ponto com maior concentração de bares e restaurantes de Goiânia: o contemporâneo ÍZ (com capacidade para 86 pessoas) e o italiano 1929 Trattoria Moderna (102 lugares). Em uma noite, o cozinheiro chega a fazer o percurso entre as casas até seis vezes. Workaholic assumido, o jovem se prepara para abrir o terceiro restaurante, o intimista Grá Bistrô (50 lugares), que terá inspiração na culinária francesa e será lançado em maio, durante a CasaCor Goiânia.

 

Barriga de porco, bombom de goiabada com gorgonzola, wagyu brasileiro com purê rústico, ovo poché acompanhado de camarão grelhado, chuchu e paçoca de rabada sobre creme de mandioquinha com gengibre e aspargo, e o entrecôte servido com molho rôti e risoto de grana padano são algumas das delícias criativas servidas pelo exigente chef, que assume: “Acompanho diariamente as avaliações publicadas no Trip Advisor. Tenho a cabeça boa e lido bem com críticas, mas é preciso o máximo de cuidado”.

As primeiras lembranças que envolvem o cheiro da comida são flashes de brincadeiras infantis. Durante pique-esconde com os primos, ele corria para a cozinha e aproveitava para bicar uma provinha antes do almoço. Não à toa, levanta a bandeira da comida caseira com tempero de vó. “Parece clichê falar de cozinha afetiva, mas realmente acredito em memórias construídas através de receitas, sabores e aromas”, diz.

Cozinhas estreladas
Ian decidiu se profissionalizar em 2007, no Senac-SP. A primeira experiência dentro de uma cozinha profissional foi no premiado D.O.M., de Alex Atala. “Entrei achando que sabia cozinhar, mas felizmente me deparei com outra realidade. Lá percebi que nunca deixaria a gastronomia”, conta. A expertise adquirida na casa serve de base para suas criações até hoje. “Meus cremes e purês, além de vários molhos, são reflexos do aprendizado no D.O.M”, revela.

Na sequência, seguiu para o Eñe, dos espanhóis Sérgio e Javier Torres, onde ficou brevemente. Depois veio o badalado Maní, de Daniel Redondo e Helena Rizzo, no qual atuou por mais de dois anos. O período foi marcado por um grande envolvimento com a culinária espanhola e os processos da gastronomia molecular.

A obstinação em ser cada vez melhor levou-o para a Europa, onde trabalhou em dois dos principais restaurantes do mundo, donos de seis estrelas Michelin ao todo: o número três da lista, El Celler de Can Roca, e o atual nono colocado, Mugaritz, ambos espanhóis. “Claro que foi importante para o meu currículo passar por essas experiências em 2011, mas o mais marcante foi a finesse empregada nas casas. Há naturalidade ao oferecer o melhor alimento do mundo”.

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Chamado de gigante pelos colegas cozinheiros, Ian só troca as panelas pelas quadras de basquete. Fã do esporte, chega a praticá-lo três vezes por semana

 

Estar entre os maiores do globo foi sinônimo de viver intensamente uma rígida estrutura de cozinha, mas também o fez sentir saudades das raízes goianas. O retorno ao Brasil foi cercado por muita ansiedade. E ele ambicionava ter seu próprio negócio para criar releituras da comida caipira, além de pôr em prática as técnicas aprendidas na Europa.

De volta a Goiânia em 2012, Ian se espelhou na trajetória de Roberta Sudbrack e assumiu o posto de chef no Palácio das Esmeraldas, comandado pelo então governador Marconi Perillo (PSDB). Paralelamente, abriu o Monino Buffet, voltado para eventos. As duas operações caíram no gosto da sociedade goiana.

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Logo na entrada do restaurante, o comensal depara-se com um simpático bar, onde pode se sentar e consumir enquanto aguarda uma mesa
Mesmo com apenas três anos, a casa já alcançou diversos prêmios e possui visibilidade nacional
Os cardápios da casa
O salão, apesar de fino, não é sisudo
Para quem prefere um espaço mais aconchegante, há os sofás
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Fachada da casa no Setor Marista, que abriga a maior parte da gastronomia da cidade

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Logo na entrada do restaurante, o comensal depara-se com um simpático bar, onde pode se sentar e consumir enquanto aguarda uma mesa

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Mesmo com apenas três anos, a casa já alcançou diversos prêmios e possui visibilidade nacional

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Os cardápios da casa

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O salão, apesar de fino, não é sisudo

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Para quem prefere um espaço mais aconchegante, há os sofás

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O salão possui janelas amplas, ideais para quem quer observar a área externa

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O chef Ian Baiocchi observa atentamente todos os pratos que saem

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Todos os dias, antes de a casa abrir, é feita uma reunião entre o chef e os profissionais do salão

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Não se engane com a pouca idade ou o rosto jovial do chef: sua gastronomia é madura, e sua identidade é perceptível na apresentação de cada prato

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O chef Ian Baiocchi receberá, no próximo dia 12/3, o colega André Castro, do Authoral de Brasília, para preparar um jantar especial no 1929 Trattoria

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O chef namora há dois anos a jovem Mariana Cruvinel

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Grupo Monino
A tradução livre de “ÍZ”, palavra húngara, é “paladar”. A casa, inaugurada em 2015, ostenta hoje o status e títulos de Melhor Restaurante de Goiânia e Melhor Contemporâneo. É também a “joia” de um grupo investidor batizado com o apelido de infância de Ian, Monino. Com faturamento mensal próximo de R$ 1,3 milhão e mais de 100 funcionários, a associação reúne, além do chef, os empresários Domingos Ávila Neto, Victor Tomé e João Gabriel Tomé.

Questionado se ficou rico, o chef sorri e dispara: “Entrei nessa profissão sabendo que ia trabalhar de graça e cavar meu próprio espaço. Estou bem satisfeito com minhas conquistas”.

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Mar e Montanha (R$ 85) combina macia barriga de porco com camarões, arroz de forno com tinta de lula e aioli de abóbora
Detalhe da barriga de porco
O chef Ian Baiocchi  faz questão de acompanhar de perto o funcionamento do salão e detesta "furos" no balé
Pão, Café e Leite (R$ 36) lembra um preguiçoso café da manhã: torrija de brioche, anglaise de café e sorvete de leite
ÍZ Tonic (R$ 29), uma das criações de Thelmo di Castro
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Uma das entradas mais pedidas é o Steak Tartare e Foie Gras (R$ 42)

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Mar e Montanha (R$ 85) combina macia barriga de porco com camarões, arroz de forno com tinta de lula e aioli de abóbora

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Detalhe da barriga de porco

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O chef Ian Baiocchi faz questão de acompanhar de perto o funcionamento do salão e detesta "furos" no balé

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Pão, Café e Leite (R$ 36) lembra um preguiçoso café da manhã: torrija de brioche, anglaise de café e sorvete de leite

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ÍZ Tonic (R$ 29), uma das criações de Thelmo di Castro

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Três Mosqueteiros (R$ 29): gim Beefeater 24, St. Germain, vermute seco e limão-siciliano

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ÍZ Smoke (R$29): Absolut Elyx, sour mix, fumaça líquida e espuma de gengibre

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Mula do Cerrado (R$26): cachaça, Fiu-Fiu Cajazinha, limão, xarope de gengibre e espuma de cajá-manga

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História com Brasília
Ao Metrópoles, Ian confidencia que os laços com Brasília são de longa data. O avô materno viveu na cidade, e sua mãe também. O cozinheiro gosta de fazer um bate-volta à capital para encontrar os chefs amigos. Admira especialmente o trabalho de Thiago Paraiso (Saveur Bistrot e Ouriço), André Castro (Authoral), Lui Veronese (Sallva Bar e Ristorante), Marcelo Petrarca (Lago, Bloco C) e Mara Alcamim (Universal Diner).

A imagem do chef não tem tanta força em Goiânia quanto em Brasília. Vejo que essa valorização é importante para o mercado brasiliense e torço muito para que o nosso segmento abrace essa ideia

Ian Baiocchi

Ultimamente, as trocas de figurinhas estão ainda mais intensas. É que o desejo de abrir uma operação na capital está grande. “O nível da gastronomia feita no Distrito Federal é muito alto. Minhas últimas experiências gastronômicas em Brasília foram muito superiores às que tive em São Paulo nos últimos três anos. Quero fazer parte desse movimento”, admite.

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