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Chef premiado, Benoit Vidal: “A comida é uma forma de expressão”

Com duas estrelas Michelin, o cozinheiro francês está em Brasília e falou com exclusividade ao Metrópoles

atualizado

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Chef francês Benoît Vidal
1 de 1 Chef francês Benoît Vidal - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

De la ferme à la table – ou, como é mais conhecido, farm-to-table (da fazenda à mesa, em português). Eis o conceito que embasa a produção do premiado chef francês Benoit Vidal, responsável pelo L’Atelier d’Edmond, dono de duas estrelas Michelin. A ideia, em voga na alta gastronomia contemporânea, prega a valorização de ingredientes frescos e locais comercializados por pequenos produtores. Essas características estarão presentes nos jantares desta terça (5/6) e quarta-feira (6), às 19h30, no B Hotel (SHN Quadra 5).

Nesta segunda (4), Benoit recebeu a reportagem do Metrópoles no restaurante do hotel. De dólman – tradicional uniforme dos cozinheiros –, o chef conversou sobre sua visão de gastronomia, ingredientes brasileiros, o menu do jantar e de como a “cultura da comida” é algo que precisa ser trabalhado para construir um mundo mais sustentável.

A cozinha é uma forma de expressão. Cada chef imprime sua personalidade [nos pratos]. A ideia é utilizar os produtos daqui e combinar com aquilo que faço ao longo da minha carreira. Quero fazer uma ponte cultural [com o Brasil]

Benoit Vidal
Rafaela Felicciano/Metrópoles
Benoit Vidal e Rodrigo Sato: ponte cultural entre a cozinha francesa e a brasileira

 

Para os brasilienses, Benoit vai servir truta marinada e grelhada; e tuile crocante de tapioca. De prato principal, o chef oferece lagostins com limão confitado, consomé de crustáceos com infusão de flor Galium odoratum das montanhas; filé de linguado da pesca do dia com crocante de pão, molho de cenoura orgânica e raspas de yuzu; e peça de wagyu semidefumado caseiro e grelhado, redução de beterraba orgânica e infusão de flores de hibisco.

Ao fim do jantar, o comensal poderá degustar queijo branco, mirtilo e tuiles de leite e folhas crocantes a três chocolates, creme de chocolate 75% e cumaru, além de sorvete de feno de pastagens dos Alpes.

Gastronomia sustentável
Além dos pratos deliciosos, Benoit se dedica a outra missão: espalhar a ideia de que o ciclo da produção gastronômica pode ser sustentável, privilegiando a criação e os ingredientes locais. Por exemplo, o cajuzinho-do-cerrado, fruta capaz de encantar o estrelado chef francês.

Ao chegar em Brasília, na tarde de domingo (3), o cozinheiro prontamente foi à fazendo do B Hotel, localizada em Planaltina. Lá, conheceu parte dos ingredientes que estarão à sua disposição no preparo do jantar. Produção local é uma das bandeiras empunhadas por Benoit.

“Quero utilizar produtos que temos aqui. Fomos à fazenda ver os ingredientes. Tudo local, sem a necessidade de uma viagem de 200km para chegar até o restaurante, com quase nenhum impacto ambiental. São medidas que, inclusive, impactam positivamente a economia da região”, comenta o cozinheiro.

Arquivo Pessoal
Benoit na fazenda do B Hotel: “Ter uma horta faz bem, aumenta o convívio em família e remete à nossa história”

 

Cultura do “bien manger
Até mesmo importantes premiações têm levado em consideração o uso de produtos e ingredientes da economia local. Entre eles, um que Benoit conhece muito bem: o Guia Michelin. A publicação (terror e alegria dos chefs) busca a identidade dos restaurantes e sua ligação com a região do país.

Não apenas os restaurantes se beneficiam – com condecorações e prêmios – da convivência com produtores locais. É algo que deve ser aplicado no dia a dia para, segundo o chef, se ter, de fato, uma vida saudável. “Ter um horta faz bem. O homem sempre viveu plantando sua comida na terra. Em vários locais é possível cultivar suas cenouras e não apenas comprar no supermercado”, argumenta.

Benoit reforça a necessidade de recuperar a cultura do “bien manger” (comer bem, em tradução livre). Não se trata de frequentar restaurantes todos os dias, mas de voltar a se relacionar com os ingredientes, cozinhar em casa e fazer as receitas da vovó.

 Rafaela Felicciano/Metrópoles
Para Benoit, a valorização da produção local é essencial para uma vida saudável

 

“Para que comer coisas artificiais, feitas de plástico, produzidas por grandes indústrias? É possível preparar coisas simples e saudáveis, como legumes puxados na panela, respeitando sempre a sazonalidade. Os chefs devem mostrar que se pode comer bem no cotidiano”, opina.

Benoit voltará para França com diversos conhecimentos adquiridos no Brasil. Um deles é o nosso tradicional pão de queijo, que, em breve, virará quitute no L’Atelier d’Edmond. “Eu pedi ao Sato [chef do B Hotel] para observar como faziam [o salgado]. Quero reproduzir utilizando um queijo dos Alpes, o beaufort”.

Chefs no B convida Benoit Vidal
Nesta terça (5/6) e quarta-feira (6), às 19h30, no Restaurante do B Hotel (Setor Hoteleiro Norte, Próximo à Torre de TV). Preço: R$ 390 (bebidas à parte). Informações e reservas: (61) 3962-2000

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