Chef de Brasília Gabrielle Pellin faz sucesso com Padoca no Canadá
A cozinheira abriu a casa especializada em produtos brasileiros e divulga nossa cultura em Montreal
atualizado
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É no mínimo curioso estar andando pelas ruas de Montreal e dar de cara com um letreiro escrito “Padoca“. No estabelecimento, coxinhas, bolo de cenoura com calda de chocolate, pastéis, rocamboles e vários outros quitutes brasileiros esquentam os canadenses durante os rigorosos invernos. A responsável pela padaria é Gabrielle Casara Pellin, nascida em Caxias do Sul (RS), mas que trilhou sua carreira gastronômica em Brasília.
Chegada ao Canadá
Gabrielle Pallin começou a trabalhar com gastronomia na capital federal, primeiro como garçonete no Outback e, mais tarde, no cargo de auxiliar de confeitaria no Gero. Rotina complexa para a jovem, formada pelo Iesb. Mas tudo tinha um propósito: estava juntando dinheiro para sua imigração ao Canadá.
O país é extremamente aberto a imigrantes, tendo recebido, entre os anos de 2010 a 2016, 8 mil brasileiros. A média nacional de estrangeiros na população é de 21,9%, chegando a 29,1% na província de Ontário.
Quando chegou lá, a jovem não pretendia abrir um negócio. Começou a trabalhar em restaurantes, entre eles, uma casa portuguesa. Ao passear pelas ruas de Montreal, percebeu que no país ninguém tinha conhecimento sobre a gastronomia brasileira – doce ou salgada. Nem mesmo restaurantes dedicados à nossa culinária tinham força por lá. Assim surgiu a ideia de difundir o tempero brasileiro no Canadá.
Padoca
Antes de a loja existir, ela já possuía nome. Uma homenagem a como os paulistanos, em especial uma amiga de Gabrielle, chamam as padarias. Aberto em 2014, o negócio era, inicialmente, apenas para produção e distribuição de bolos e salgados a restaurantes. Porém, em 2015, ganhou espaço físico.
A Padoca é descrita pela chef como um café ou lanchonete – e, entre os montrealenses, como uma confeitaria. Não há pães sendo vendidos lá para serem levados para casa. Mas nossa cultura está presente por todos os balcões e prateleiras. Tem coxinha (R$ 10,10), pastel (R$ 12,10), brigadeiro (R$ 2,50) e, é claro, o nosso tradicional bolo de cenoura com calda de chocolate (R$ 9,60). Os preços, curiosamente, estão um pouco abaixo da média encontrada na capital federal.
Escolhi os pratos pelas coisas que eu gostava e queria mostrar para as pessoas. Todas as receitas são clássicas, sem adicionar nada ou inventar uma ‘gourmetização’ dos preparos
Gabrielle Pallin
A vontade de divulgar a cultura gastronômica nacional não parou nos quitutes:
estrogonofe, churrasquinho e, em junho, os preparo típicos de São João (R$ 31,50) entram no cardápio da casa.
A rotina não é fácil: são seis dias de trabalho por semana, 15 a 16 horas diárias dedicadas à Padoca. O sucesso da casa é tão grande que figurou matérias de jornal e TV locais.
Burocracia
A abertura de uma empresa é algo simples no Canadá, desde que se tenha conhecimento do processo burocrático. Cada pequeno item é considerado pelo governo, por exemplo, placas de tamanhos diferentes exigem licenças distintas. Ainda assim, a tramitação é rápida, chegando a durar menos de 24 horas.
A receptividade da cidade a novos tipos de gastronomia é excelente. O hobby de Montreal é comer. É possível encontrar nas ruas representantes de todos os países e, após o sucesso da Padoca, há mais casas brasileiras.