Artigo: como é a receptividade dos LGBTs na cozinha profissional

Em junho, comemora-se o mês do Orgulho LGBT no mundo – em 28 de junho, celebrou-se o Dia Internacional do Orgulho LGBT. Nesse contexto, cabe comentar a inserção dos membros dessa comunidade no ambiente de cozinha industrial.

É um universo dicotômico, pois brincadeiras, sempre desrespeitosas, existem, porém, reconhece-se que se trata de um bom ambiente para os LGBT no mercado de trabalho. No Masterchef Profissionais 2018, um dos participantes, Thales, disse ser o lugar mais seguro para um transexual, ao menos, o local onde ele se sentiu mais acolhido.

Lucas Corazza também afirmou isso em entrevista ano passado. Ele garante nunca ter sofrido homofobia de fato na cozinha, mesmo tendo que encarar algumas brincadeiras. Segundo ele, se deve ao fato de que o ambiente é extremamente diverso, tendo desde o estudante rico de gastronomia, até o imigrante do interior.

Atribuo outros fatores à situação pela minha vivência também. A convivência na cozinha é muito intensa, passamos muito tempo confinados juntos e, principalmente, em momentos que normalmente se passa com sua família: Natal, Ano-novo, Dia dos Pais e Dia das Mães. O elo criado acaba ultrapassando qualquer preconceito, mesmo que a aceitação não seja completa.

Outro fator que acaba por facilitar a inserção, que considero ruim, é a falta de contato com o cliente. Isso facilita a sua contratação, o estabelecimento pode se concentrar na competência do profissional sem ter de pensar em trejeitos e aceitação da clientela.

Prova viva desta receptividade é que várias ONGs de integração de trans no mercado de trabalho focam na sua capacitação na área de gastronomia, seja na produção ou no atendimento. Há muito o que mudar ainda, mas é razoável dizer que é um dos ambientes mais receptivos no meio profissional.