Chef baiana Lili Almeida conquista Brasil com receitas típicas e afeto
A ex-participante do programa Mestre do Sabor ganhou as redes sociais e compartilha receita de moqueca
atualizado
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“Se até cuscuz precisa descansar pra ficar fofinho, imagine eu”, escreveu a chef Lili Almeida na legenda de um vídeo em que ensina a fazer o tradicional a versão nordestina do prato. A sabedoria popular é uma das marcas da baiana que apostou em dar um “bom dia” mais original para os seguidores que a acompanham.
“Em 2004, quando comecei na cozinha profissional, resolvi anotar ditos populares e frases de minha avó em um dos cadernos da cozinha. Depois de conseguir sair do buraco da tristeza inicial da pandemia, comecei a dialogar com meus seguidores. Para isso, pensei que era uma excelente hora para usar essas frases”, explica a chef.
Ela conta que começou tímida, mas hoje tem uma comunidade forte e engajada que “distribui amor nas redes sociais”. A chef reúne mais de 297 mil seguidores em um perfil no Instagram, entre eles nomes famosos como a participante do BBB21 Juliette Freire e a também chef Paola Carosella.
Lili revela ainda que recebe dezenas mensagens de agradecimento todos os dias. “Não imagino o tamanho do que transmito para as pessoas. Só sei que se for um milésimo do bem que esses feedbacks me trazem, estou indo num bom caminho”.
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A força do axé
Na rede social, as pessoas acompanham o dia a dia da baiana e encontram receitas típicas que ela compartilha, como, por exemplo, a Cocada Boa da Lili e o Acarajé da Bahia. Além de mostrar um pouco do trabalho como chef, ela apresenta pratos que fazem parte das bases culinárias do país. De acordo com Lili, o Brasil nasceu na Bahia e pessoas de todos os estados vão para lá em busca de inspiração.
“Nossa culinária é origem firme, tão firme que consegue ser contemporânea e ainda assim conservar nossa história. Temos aqui o alimento sagrado que conecta e renova nossa força. Não à toa, no verão, o país todo vem para cá se carregar de boas energias. Dendê aqui é entidade. Na Bahia nós, literalmente, comemos Axé”, enfatiza.
E quem quiser provar um pouco desse Axé pode fazer uma encomenda da Casa Dona Lili. Devido à pandemia, o espaço, que funciona dentro da casa da chef, trabalha apenas com retiradas e entregas. No período, a cozinha passou a ser tanto local de criação culinária, quanto de produção de conteúdo para as redes sociais.
Em frente
Entre a cozinha e a internet, Lili retoma origens de formação acadêmica e entrega conteúdos relevantes também em palestras. Ela relata que desde criança sempre gostou de ler e escrever e sempre foi a ouvinte e conselheira. “Ampliar as falas foi natural quando adquiri confiança para isso”, pontua.
A chef baiana ministra palestras sobre a cozinha africana na Bahia. Segundo ela, essa é uma poderosa herança que a avó entregou. No roteiro, ela inclui aprendizados sobre a mulher brasileira e seu empreendedorismo ancestral.
E as mulheres marcam presença em toda a história de Lili Almeida. Ela conta que a maior parte da força de trabalho das cozinhas por onde passou era formada por mulheres, mas lembra que o destaque era sempre para os poucos homens. Hoje, ela usa a visibilidade que tem no meio gastronômico para espalhar as informações que a libertaram.
“É preciso lembrar que, independente de títulos, a cozinha sempre foi e será nosso território. Quero que outras meninas e mulheres se vejam neste lugar onde somos muito poucas, principalmente negras”, ressalta. Ela lembra ainda que as mulheres são a base da sociedade e que está exatamente no espaço que conquistou.
“Daqui só saio pra dar lugar a outras mulheres. Tenho orgulho do trabalho que venho realizando, e essa consciência me transforma num foguete: só para cima, não tem ré.”
Rostinho conhecido
Os talentos de Lili Almeida na cozinha já foram exibidos em rede nacional. Ela participou do programa Mestre do Sabor, da Rede Globo, em 2019, e fez parte do time da chef Kátia Barbosa. Para entrar no programa, ela apresentou um arroz caldoso de rabada. Na hora de sair, levou o aprendizado de se concentrar mais e confiar no próprio potencial.
“Entrei agradecendo a vida por me levar a tantos lugares. Saí agradecendo a mim mesma por sempre acreditar e nunca desistir. Eu deixei a competição cheia de orgulho e me enxergando de outra forma. Isso mudou minha direção”, lembrou a chef.
Almoço em família
A moqueca é o prato preferido de Lili Almeida. O amor nasceu dentro de casa e a responsável pelo sentimento é dona Arlinda, mãe dela. Por lá, a receita era de moqueca de peixe, e essa é a recomendação da chef para um almoço com a família reunida. Mas para ela, o ideal é ir além e preparar um “banquete baiano” com direito também a “feijão fradinho, arroz branco, farofa de dendê e vatapá. Além de uma cocadinha cremosa para sobremesa”. Quem também gosta do preparo, pode tentar em casa a receita de moqueca de peixe que a chef compartilhou com os leitores do Metrópoles:
Ingredientes
– 2 postas de cação
– 1 dente de alho picado + 2 dentes de alho picados
– Sal
– 2 colheres de sopa de azeite
– 50ml de água de coco
– 1 cebola média em rodelas
– 1 pimentão vermelho pequeno em rodelas
– 1 pimentão verde pequeno em rodelas
– 1 tomate em rodelas
– 1⁄2 colher de sopa de coentro
– 1⁄2 colher de sopa de salsinha
– 1⁄2 xícara de leite de coco
– 1 colher de sopa de azeite de dendê
– Limão espremido a gosto
Modo de preparo
Tempere o peixe com sal e um dente de alho picado. Reserve.
Em uma panela, aqueça o azeite e refogue dois dentes de alho. Quando soltar o aroma, regue com a água de coco.
Disponha uma camada de cebola, uma de pimentão vermelho, uma de pimentão verde, uma de tomate e temperar com um pouco de sal, coentro e cebolinha. Monte mais uma camada de cada na mesma ordem.
Coloque as postas de peixe temperadas, tampe a panela e cozinhe em fogo médio por sete minutos.
Adicione o leite de coco e, antes que comece a ferver, acrescente o azeite de dendê e cozinhe por mais um minuto.
Desligue o fogo e pingue umas gotinhas de limão.
Dica do chef André Rochadel: na hora de escolher um peixe para a moqueca, procure os mais fibrosos e evite os gordurosos. Eles também devem ser grandes, para cortar em postas. Exemplos, além do cação, são robalo, namorado, badejo, garoupa e pescada amarela.