Vinho na caixa: entenda por que o produto virou moda no Instagram
A tendência das “bag in box” veio para ficar e promete conservar a bebida por até 30 dias
atualizado
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Nada melhor que tomar um vinhozinho. Ainda mais se for brasileiro. Melhor ainda se for numa “bag” de três litros. E, sim, isso é possível. Se tornou cada vez mais comum (principalmente no Instagram) ver pessoas consumindo vinhos em uma espécie de caixa… Chamada de “bag in box”, a embalagem, que antes era muito mais utilizada por restaurantes, agora está fazendo sucesso com o consumidor final.
“Com o fechamento dos bares e restaurantes com a pandemia, era esperada uma retração na venda dos vinhos envasados dessa embalagem”, contou a sommelière Olívia Rodrigues. Mas os dados da Ideal Consulting mostram o oposto: em 2020, a venda da categoria bag in box registrou aumento de 10%, chegando a 2,2 milhões de litros.
Esse crescimento é resultado da maior procura pelos vinhos finos brasileiros nesta embalagem, que aumentou 30%, e da importação dos vinhos bag in box, com alta de 21%, no ano passado em relação a 2019. Foram 732,7 mil litros de vinhos finos brasileiros e 986,6 mil litros dos importados nesse período. O setor só não cresceu mais porque teve uma queda de 24% na comercialização dos vinhos de mesa em bag in box, que caiu de 615 mil litros para 468,7 mil litros entre 2019 e 2020.
Essa “roupa nova” do vinho brasileiro reflete em um novo comportamento do consumidor, principalmente o mais jovem. “É um modelo que conquista quem gosta de um bom vinho e não quer gastar muito com ele. Além de mais barato, esse tipo de embalagem chama a atenção pela praticidade”, comenta a expert.
Pioneira nesse tipo de negócio, a Fabenne não transforma água em vinho, mas promete um “milagre” quase tão bom: a bebida não vira vinagre depois de aberta — mesmo fora da geladeira. A startup vende vinhos com validade de até 30 dias após a primeira taça. Hoje, são quatro tipos: os tintos Cabernet Sauvignon e Cabernet Sauvignon Seleção Especial, o branco Moscato Giallo e ainda o Rosé.
Embora o consumo no Brasil tenha crescido 18,4% em 2020, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), o país responde apenas por 2% do consumo global de vinhos. Olívia comenta que o mercado ainda mantém uma pegada “super premium”. “Muita gente acha que vinho só é bom se for de fora ou se for caro. Acham que um vinho de R$ 30 vai ser ruim, ainda mais se for brasileiro”, analisa.
De acordo com a profissional, o crescimento pela procura das bags de vinhos brasileiros mostra uma crença maior no potencial do que é produzido no país. “É uma forma mais casual de consumo, diminuindo a barreira de entrada e ‘desgourmetizando’ o momento de tomar um vinho”, comenta.
Esse momento de valorização do vinho nacional vem em boa hora, já que neste primeiro domingo de junho (6/6) é celebrado o Dia Nacional do Vinho, data criada para enaltecer a produção tupiniquim.