Um brinde! 4 marcas de bebidas alcóolicas chefiadas por mulheres
No Dia Internacional da Mulher (8/3), conheça quatro marcas de bebidas alcóolicas chefiadas por figuras femininas
atualizado
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Tempos atrás, quando se falava em bebida alcoólica, as pessoas costumavam associá-la ao universo masculino (muito pelo comercial de cerveja estereotipado ou até mesmo pelos filmes em que homens “poderosos” sempre estavam segurando um copo de uísque). Contudo, os tempos mudaram: tem sido cada vez mais comum encontrar mulheres produzindo e consumindo bebidas alcóolicas no Brasil.
O mercado cervejeiro, por exemplo, tem visto um aumento significativo na participação feminina, com mais mulheres se aventurando na produção artesanal de cervejas e na degustação de novos sabores. De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal, a Abracerva, realizada em 2019, cerca de 35% dos cervejeiros caseiros no país são mulheres. O levantamento também apontou que 33% das cervejarias artesanais já possuem figuras femininas em suas equipes de produção.
Apesar do crescimento da participação delas no mercado de bebidas alcóolicas, ainda há muito espaço para a inclusão e a valorização das mulheres na indústria, conforme empreendedoras bem-sucedidas do setor afirmam.
Uma das marcas chefiadas por mulheres que está fazendo sucesso no mercado de bebidas é a Noi. De portas abertas há quinze anos, a cervejaria artesanal é dirigida por três mulheres: Bárbara Buzin, Bianca Buzin e Beatrice Signor. As três são da mesma família e da segunda geração advinda de ramos da gastronomia.
“Nós trabalhamos desde pequenas nos restaurantes da família e, quando a Noi surgiu, tive interesse pelo assunto, comecei a estudar e me apaixonei completamente pelo mercado cervejeiro”, declara Bárbara ao Metrópoles.
Segundo ela, a marca soma 11 casas, entre restaurantes, bares e quiosques, nas cidades de Niterói, Rio de Janeiro, Búzios e Itaperuna. Mantém uma linha de 20 rótulos e o título de cervejaria artesanal mais premiada do Rio de Janeiro, com mais de 75 prêmios nacionais e internacionais. Além disso, as três expandiram na criação da Distilleria Noi e lançaram, em 2021, o Íon, um London Dry Gin.
“Empreender requer muita resiliência, constância e persistência. Sempre encontramos diversas dificuldades, e não podemos desistir por isso. Quando você se dedica plenamente, o resultado acontece”, diz, enaltecendo a grandeza da Noi. Para Buzin, ser uma mulher no meio não deveria ser um impedimento para empreender em cervejas.
“Não acho que seja uma função da mulher mudar como somos vistas. Quem vê a cerveja como algo masculino é que precisa ampliar a visão. Essa questão é cultural, e a cultura é viva. No geral, somos julgadas, avaliadas e testadas em quase todos os momentos”, afirma.
Embora goste de ressaltar a igualdade, ela conta que já passou por situações machistas. “Infelizmente, senti isso muitas vezes, inclusive por parte de mulheres mais velhas. Porém, a que mais marcou foi quando, numa sessão de fotos para uma matéria, perguntaram se não havia algum homem para posar conosco”, lamenta.
Onde comprar?
Cerveja Noi Fiorella American IPA 600 ml
Cerveja Noi Avena Belgian Pale Ale 600 ml
Vinhos de mulheres para mulheres
A presença feminina no mercado de bebidas alcóolicas vai além da produção de cervejas. Segundo dados do Sebrae, as mulheres são responsáveis por 45% das vendas de vinhos no Brasil. O estudo aponta que as pessoas do sexo feminino são mais exigentes e procuram por qualidade e sabor nas bebidas que consomem, o que tem impulsionado o mercado de vinhos de alta qualidade no país.
Uma marca de vinhos feitos por mulheres para mulheres é a Amitié. Fundada em 2018 em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, a grife foi criada por duas amigas vindas de famílias de viticultores: Juciane Casagrande Doro e Andreia Gentilini Milan. Com um histórico recheado de boas influências e exemplos da área, elas uniram experiência e conhecimento do mercado para criar vinhos e espumantes.
“Foi uma ousadia entrar em um mercado dominado por grandes nomes. Hoje, nosso portfólio conta com um total de 19 rótulos: sete espumantes, nove vinhos (tintos, brancos e rosés) e três vinhos que importamos do Chile”, explicam as sócias ao portal.
O caminho até o sucesso não foi fácil e, lastimavelmente, a dupla já enfrentou algumas dificuldades. “Já ouvimos, por exemplo, perguntas como ‘São só vocês duas?’, ‘Precisam de um sócio?’. Mas mudamos essa visão por meio do nosso trabalho, de novas propostas e novos olhares para o consumidor. Os desafios ainda são muitos e similares, certamente, aos que todas as mulheres enfrentam ao empreender”, relembra Juciane.
Para quem busca começar na área, Andreia aconselha: “Seja ousada e atenta ao que o mercado demanda, apresente algo que as pessoas ainda não conhecem. Surpreenda e confie na sua sensibilidade, no seu conhecimento”.
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Onde comprar?
Espumante Amitié Nature
Vinho Amitié Chardonnay Oak Barrel
Meu gim, minhas regras
Outra tendência crescente é a produção de gim artesanal. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Destilados Artesanais (Abda) revelou que cerca de 30% dos produtores de gim no Brasil são mulheres. A bebida, que vem conquistando cada vez mais espaço no mercado nacional, é produzida com ingredientes naturais e sem aditivos químicos, o que tem atraído o público feminino, conhecido por buscar opções mais saudáveis e sustentáveis.
O exemplo brasiliense é o Gin Trevo Raro. Comandado por Jeane Resende, Thais Freitas e Flavia Amorim, o destilado idealizado na capital surgiu em plena pandemia de coronavírus, em 2020. “Nos reuníamos virtualmente e decidimos fazer nossos encontros virtuais no horário das famosas lives, para brindar e celebrar a amizade”, relembra Jeane.
Por gostarem muito de consumir bebidas alcóolicas, as três tiveram a ideia de criar o gim a partir de brincadeiras entre si. Depois de muito estudo, o rótulo foi desenvolvido em homenagem ao país. “Uma bebida que representa o Brasil, nas cores, na alegria e nos desafios”, detalha a empresária. “Ele tem uma fórmula única e exclusiva e foi fabricado a partir da cana de açúcar”, frisa.
Mas nem tudo são flores (ou trevos)…. “Por mais que estejamos em 2023, quando as pessoas observam só mulheres em uma mesa de bar, bebendo uma cachaça, uma vodca, um gim ou qualquer outra bebida destilada, elas olham com outros olhos”, ressalta Resende.
“O nosso maior desafio é mostrar que a felicidade em brindar cada conquista é um direito e, acima de tudo, uma vontade de todos. E precisamos realmente quebrar muitos preconceitos e muitas barreiras”, incrementa.
A empreendedora comenta que, mesmo com o segmento sendo, ainda, muito machista, a vontade de “marcar território” é maior. “Somos três mulheres fortes, independentes e realizadas profissionalmente, com uma vontade enorme de brindar cada degrau que subimos nesse desafio de empreender em um mundo heteronormativo”, explica.
“Para toda e qualquer mulher: lute pelos seus ideias e objetivos, busque incansavelmente a sua ‘sorte’ e desperte o Trevo Raro que há em você! Não desanime no primeiro desafio, pois eles nunca acabarão. Aprendemos com cada um deles a nos tornarmos mais fortes para seguirmos em busca de nossos sonhos”, aconselha.
Onde comprar?
Gin Trevo Raro 700 ml
Kit box Raro
Água que passarinho não bebe (mas mulher bebe!)
“Se você acha que cachaça não é para mulher, é porque não entende nem de cachaça, nem de mulher.” O ditado popular é levado à risca por Maria Almeida Braga, uma das sócias da Pindorama. Ela capitaneia a empresa ao lado da mãe, Luiza Almeida Braga, e da irmã, Joana Almeida Braga. A marca existe desde 2017 e conquistou a medalha de prata no International Spirits Challenge, em Londres, em 2019, e o segundo lugar do V Ranking da Cúpula da Cachaça, em 2022.
“O fato é que os brasileiros não valorizam a cachaça. Queremos mudar esse quadro com um produto de alto nível. Foram investidos R$ 2,5 milhões na revitalização do nosso alambique, plantio e implementação da marca. A produção, atualmente, está em torno de 40 mil litros por ano”, informa Maria ao Metrópoles.
Sobre ter uma marca com três mulheres à frente, Maria afirma que o estigma da “cachaça masculina” já está sendo rompido. “Para chegar à cachaça como produto comercial, contamos aqui na Pindorama com ajudas preciosas, como a de Katia Alves do Espírito Santo, da Cachaça da Quinta. Ela é a nossa fada madrinha, e seu produto está entre as melhores cachaças brancas do Brasil. Nesse setor, atualmente, o protagonismo é feminino, e isso já é motivo para comemorarmos”, celebra.
Em um lançamento recente, Almeida Braga contou que o foco do rótulo foi uma mulher. “O lançamento da Pindorama Ouro é bem representativo nessa ocasião. No centro do rótulo, desenvolvido por Oveja & Remi, se destaca uma imagem feminina inspirada em Iara, a deusa das águas. Ela encontra-se dentro de uma canoa, levando um barril de cachaça rio acima, acompanhada de um boto-rosa, espécie nativa da Amazônia que simboliza fertilidade e encontra-se em perigo de extinção”, adianta.