Programadores brasilienses desenvolvem máquina de chope self-service
Apaixonados por cerveja artesanal e assustados com o custo da tecnologia, sócios arregaçaram as mangas e fizeram o próprio aparelho
atualizado
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O empresário Pedro Henrique Bernardes tinha uma inquietação: dono de uma companhia de tecnologia da informação, ele se incomodava por oferecer um serviço, não um produto. Há males, no entanto, que vêm para o bem. Com a perda de um grande cliente, precisou reinventar o negócio e decidiu adaptar um carro com chopeiras para levar a eventos de food trucks. Daí nasceu o Camburão do Chopp e, pouco depois, uma tecnologia capaz de mudar o consumo em bares especializados: a máquina de chope self-service.
Mesmo quando trabalhou exclusivamente com cervejas, a ideia de Pedro era unir a bebida com a tecnologia. Programador de formação, ele se encantou com as máquinas de chope feitas para o cliente se servir. O funcionamento é simples: o cervejeiro coloca crédito num cartão, escolhe o chope, aproxima o cartão do leitor, próximo à torneira, e se serve da quantidade desejada. Enquanto o cliente enche o copo, o aplicativo vai descontando o valor consumido.
De início, Pedro queria trazer a tecnologia para Brasília. Havia duas marcas que disponibilizavam o serviço. A primeira, americana, impossibilitou o negócio: Pedro não quis trabalhar com dólar. A outra, uma startup brasileira, não tinha um modelo de comercialização interessante.
“Cerveja especial já é um produto caro. Não dá para repassar esse custo ao cliente. Falei com meus sócios e decidimos fazer nós mesmos a máquina. O plano é a cervejaria adquirir a tecnologia e, depois disso, só ter despesas com a manutenção”, comenta Pedro.
Enquanto o cervejeiro apaixonado cuidou da parte administrativa da tecnologia, os programadores Alexandre Lopes e Caio Luiz se encarregaram do software e do hardware do produto. O protótipo pode ser visto na loja do Camburão do Chopp, na 316 Norte: na porta de uma geladeira adaptada, os criadores encaixaram um tablet, que fica virado para o cliente. O plano é vender a tecnologia para cervejarias brasilienses, pois o estabelecimento é voltado para delivery de chope em growlers.
O protótipo já custou mais de R$ 45 mil, mas o preço da máquina para as cervejarias deve orbitar entre R$ 7 mil e R$ 10 mil. Para Pedro, a tecnologia é o futuro das cervejarias especiais. “É uma solução que traz benefícios em relação aos custos da cerveja, pois evita o desperdício de chope. Além disso, traz uma versatilidade, porque o serviço é do cliente. As pessoas ganham tempo, acabam bebendo mais”, argumenta o empresário.
“Nossa ideia é que o garçom torne-se um sommelier de cervejas. Ele seria um cara que ensinaria o cliente a tirar o chope, além de ajudar na escolha”, aponta Pedro. A máquina ainda está em fase beta, mas vem sendo desenhada para servir não só chope, mas qualquer bebida armazenada em barril.
O lançamento da tecnologia está previsto para setembro ou outubro de 2018.