Papo espresso: saiba qual é o melhor café para você tomar no dia a dia
Na continuação da série de todas as sextas-feiras, o Metrópoles te apresenta o mundo dos cafés especiais
atualizado
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Não é normal tomar café e fazer cara feia pelo gosto de queimado. Afinal, café é uma fruta adocicada que pode gerar uma bebida igualmente doce e suave (a depender do tipo de grão). Por estar presente nas primeiras horas do dia, naquela pausa à tarde e até mesmo em momentos de lazer, a xícara não deve ser um martírio para o paladar.
Brasileiros consomem muito café: em 2016, por exemplo, os consumidores do país alcançaram a impressionante marca de 1,1 milhão de toneladas de café no ano, segundo os dados mais recentes da Euromonitor. Os números expressivos desse mercado demonstram também um crescimento pela procura de um grão com qualidade mais elevada do que os oferecidos nas gôndolas de mercado. De acordo com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), o consumo da versão mais refinada da bebida em terras tupiniquins cresceu de 10 a 15% em 2017. Ela, aliás, é a mais indicada para o consumo diário.
A palavra pode ser comum, mas você entende o conceito?
“Os cafés especiais são feitos com grãos e processos diferenciados, com um produto mais encorpado em sabor e mais aromático”, conta a barista Amanda Mocellin. No geral, os cafés encontrados nos supermercados recebem o rótulo de tradicional, superior ou gourmet e recebem nota abaixo de 85 na classificação da Specialty Coffee Association (SCAA). Os produtos com notas acima de 85 são os considerados cafés especiais, normalmente encontrados em cafeterias e empórios.
Qual a diferença do café especial para o tradicional?
“É importante ressaltar que, antes de tudo, o café é uma fruta. O pé de café é feito com frutos pequenos, mais complexos de serem selecionados. No mesmo galho, você também pode encontrar frutos maduros, verdes e podres. Na hora de selecionar, o café especial só é feito com frutos bons. Já o café tradicional engloba tudo: podres, verdes e maduros”, explana a expert. Essa seleção da fruta madura influencia totalmente as notas sensoriais sua bebida.
Na produção do café tradicional (também chamado de commodity), os grãos não passam por essa escolha rigorosa. “Resumindo, o que chamamos de café tradicional é aquele grão excessivamente torrado com moagem muito fina, café preto e amargo, podendo ser composto por grãos defeituosos e possíveis impurezas da lavoura cafeeira. Está disponível no supermercado, normalmente é formado por um blend de café arábica e robusta (ou conilon), o que prejudica muito na complexidade do sabor da bebida final”.
Já os cafés especiais têm o processo totalmente diferente. “São grãos de café perfeitos, torrados com muita ciência, para expressar todo potencial de qualidade sensorial do grão. Costumam ser um produto de qualidade muito acima da média, valorizados de acordo com a sua escassez, qualidade do grãos e atributos sensoriais. É diferenciado, quase livre de defeitos”, ressalta.
“A diferença fica clara quando você experimenta esses dois cafés. Enquanto o café tradicional possui características não desejáveis, como o amargor bem acentuado, os cafés especiais apresentam uma gama infinita de sabores e notas aromáticas, além de serem mais equilibrados, possibilitando extrair diferentes sensoriais a partir de uma curva de torra adequada”, complementa Amanda.
E o que você ganha consumindo cafés especiais?
Além de possuir muito mais sabor, aroma e ter benefícios para saúde, ele ajuda na cadeia sustentável de produção de cafés. “Quando você consome grãos de qualidade, você não estará adquirindo somente um café, você estará incentivando a história e evolução do produtor responsável pelos grãos que você escolher para consumir. Mais do que isso, você está garantindo a persistência dele em sempre produzir cafés de excelente qualidade”, finaliza Mocellin. Então, qual café você vai tomar hoje?
