Papo Espresso: projeto capacita baristas e chefs com Síndrome de Down
No Dia Mundial do Café (14/4), conheça um projeto que ensina sobre o mundo do café para profissionais com Síndrome de Down
atualizado
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Nas últimas décadas, os avanços médicos melhoraram a qualidade de vida dos indivíduos com Síndrome de Down. A longevidade desse grupo, por exemplo, evoluiu de 35 anos para 60 anos. Essas pessoas também estão mais inseridas na sociedade, conquistando espaço, inclusive, no mercado de trabalho.
No entanto, o desafio de ter plenos direitos assegurados ainda é enorme. Segundo a pesquisa Mercado de Trabalho e Síndrome de Down, realizada em 2018 pelo Instituto Síndrome de Down em parceria com o Instituto Ipsos, apenas 17% das pessoas com síndrome de Down no Brasil estão inseridas no mercado de trabalho.
Desde 2006, o projeto voluntário Instituto Chefs Especiais vai na contramão das dificuldades, capacitando e inserindo diversos profissionais no mercado. Encabeçado pela advogada Simone Lozano, a ONG nasceu para ser, inicialmente, um trabalho mensal, realizado em um sábado por mês, com locais cedidos gratuitamente. Contudo, diante do sucesso das aulas, a busca pelo projeto cresceu de forma significativa.
“Vamos fazer 17 anos de projeto no dia 5 de maio. O intuito principal é agradecer por tudo o que eu tinha. A gente não percebe que tem diversos privilégios… Eu percebi os meus e quis dedicar uma parte do meu tempo para ajudar o próximo”, conta Simone ao Metrópoles.
Com sede equipada e adaptada para pessoas especiais, a instituição realiza aulas, workshops, cursos, eventos e outras atividades gratuitas — e mais: tem a própria cafeteria, a primeira 100% inclusiva do Brasil. “Ela é a nossa vitrine, a forma que achamos para incluir ainda mais rapidamente os nosso alunos e dar experiência para eles.”
O Chefs Especiais Café, em São Paulo, une aspectos rústicos e modernos em um ambiente aconchegante e livre de qualquer tipo de preconceito.
O serviço é todo feito por alunos do instituto, assim como o cardápio, que oferece bolos, salgados, cafés e chás. “Eles tem CLT, recebem capacitação diferenciada e podem até se destacar no mercado”, explica. “O nosso barista, por exemplo, está entre os 10 melhores de São Paulo”, diz Lozano.
Inúmeros chefs de cozinha renomados já passaram pelas cozinhas do Instituto Chefs Especiais, como o padrinho, Henrique Fogaça, e Erick Jacquin, Olivier Anquier e Guga Rocha. “Esse apoio, tanto de patrocinadores quanto de grandes profissionais da gastronomia, nos ajuda muito a dar visibilidade a essas pessoas e mostrar a capacidade de cada uma delas”, finaliza.
A premissa do projeto é o artigo 27 da convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência, que estabelece o amplo direito a oportunidades iguais de trabalho. Muitos países, assim como o Brasil, contam com uma legislação trabalhista que favorece a inclusão de pessoas com deficiência no mercado, seja através de cotas, seja por meio de subsídios para empresas contratantes.
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