Kombucha: aprenda a fazer o “refrigerante natural” em casa
O mais incensado dos fermentados exige dedicação e cuidados quase diários
atualizado
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A fermentação acompanha a humanidade há milênios. A kombucha, chá que passa pelo processo junto a uma colônia de bactérias, foi inventada na China e vem, pouco a pouco, conquistando o lado ocidental do globo. Pelo aspecto gelatinoso do scoob, a matriz de microorganismos, muita gente considera a bebida um pouco nojenta. O preparo, no entanto, é um excelente probiótico, além de ser um substituto saudável para o refrigerante.
A designer brasiliense Flávia Dutra estava, há três anos, procurando soluções naturais para melhorar a digestão, complicada desde a infância. “Havia lido sobre a kombucha, mas isso não existia no Brasil. Fiz uma viagem à Califórnia e lá tinha uma loja em cada esquina. Bebi muito naqueles dias e me senti melhor: decidi estudar esse negócio”, lembra.Os defensores do kombucha afirmam que a bebida renova toda a flora intestinal e ajuda pessoas com intestino preso ou solto. Na época, o preparo não era difundido no país e Flávia comprou um scoob na internet.
A brasiliense teve relativo sucesso nas primeiras tentativas, mas matou três colônias antes de pegar o jeito da coisa. No final de 2016, ela abriu o Seu Patrício Café junto ao marido, Fabrício Lima, e teve o estalo: ninguém em Brasília vendia kombucha. “Decidi servir e foi um boom. Muita gente me procurou. Como é artesanal, ainda estamos nos organizando para ter uma linha de produção”, comenta. Atualmente, diferentes preparos da bebida podem ser encontrados em diversos cafés da cidade, mas é possível executar a receita em casa.
Depois do processo mostrado no vídeo, o chá está pronto para ser bebido. É possível ainda fazer uma segunda etapa, que é quando se fazem as combinações de sabores. O scoob deve ser armazenado em geladeira, com um pouco do líquido formado na jarra. O chá é guardado em uma garrafa de vidro com boa vedação: adiciona-se um pouco mais de açúcar, somente o necessário para o consumo da colônia. “Aí é a hora da brincadeira. Dá para usar diferentes temperos. Eu gosto de pimenta caiena, extrato de baunilha, cúrcuma… Isso varia com o paladar de quem prepara”, ensina a designer.
A garrafa deve ser armazenada em temperatura ambiente e, depois de três dias de fermentação, é preciso verificar como está o andamento do produto: basta abrir a tampa e observar o barulho. Se soar como se estivesse bem cheio de gás, é hora de guardar na geladeira e consumir.
“Minha única ressalva é que a fermentação com frutas pode ser perigosa. Esse alimento fresco pode alterar o equilíbrio da colônia, mudar o ritmo de fermentação e… explodir a garrafa”, alerta Flávia, que já lidou com um acidente em uma kombucha de amora na cozinha de casa.
Paciência
Para a proprietária da Kombuchar, Jamile Nunes, muita gente opta por comprar a kombucha pronta porque o preparo é longo: leva-se em torno de 15 dias para ser concluído. “Tenho uma cliente que ganhou o scoob e aprendeu comigo como cuidar. Uns dias depois, me ligou perguntando se eu queria a colônia, porque ela não tinha mais paciência. É preciso zelar pelo ser vivo que está ali, alimentar e cuidar, se não ele morre”, alerta.
Independentemente do preparo trabalhoso, a empresária acredita que os fermentados devem fazer parte do dia-a-dia das pessoas, seja fabricando ou adquirindo. “Todo mundo deveria ter esses produtos em casa. A gente está superacostumado a sabores tão parecidos, nada tem gosto diferente. Quando você se propõe a fermentar, ludicamente, usa a sua criatividade para colocar temperos e frutas em um alimento”, argumenta Jamile.