Conheça o vinho laranja: técnica milenar em ânforas de barro
A exótica bebida tem sua origem no berço da viticultura, a Geórgia. Há cinco mil anos, o vinho é feito em ânforas enterradas no chão
atualizado
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Um vinho tão antigo que não envelhece em barris de carvalho, mas em ânforas de barro enterradas: o vinho laranja é uma bebida muito tradicional da Geórgia – o país no Leste europeu é considerado o berço da viticultura – que ganhou o continente nas últimas décadas. No Mundo Novo, a bebida ainda tem ares de novidade e, embora seja encontrada nas principais lojas de Brasília, não é a maior oferta da bebida alcoólica na cidade.
“O vinho laranja é o branco que tem contato com as cascas da uva na hora da fermentação. O tinto tem aquela cor escura porque também tem contato com as cascas, ao contrário do branco. Tanto é que você pode fazer o branco com uva tinta. O laranja é uma técnica milenar da Geórgia: eles fazem o vinho branco com a vinificação do tinto. Ele tem essa cor que varia do dourado ao âmbar, tanto é que tem gente que nem gosta de chamar de vinho laranja, chama de vinho âmbar para não confundir o consumidor”, define a sommelière Etiene Carvalho.
O sabor, diferentemente do que o nome sugere, não tem nada de cítrico. “Quando tem gosto de laranja, é o sabor da fruta confitada. São vinhos complexos, que misturam notas de frutas secas, cristalizadas e mel, e tem leves toques oxidados”, define a especialista, que acredita que este é um vinho para um consumidor mais versado na degustação da bebida. “Não que a pessoa não possa beber, mas são notas muito complexas e uma bebida cara. Às vezes, o iniciante não consegue captar tudo que o vinho tem a oferecer”, explica.
O sommelier Frederico Benjamin concorda com a colega: esta é uma bebida muito complexa e leva algum estudo para ser apreciada. “Ele foge muito da rotina de quem toma vinhos brancos frescos, é muito interessante. É um estilo que ainda tem que ser descoberto e conhecido”, defende.
Por se tratar de um método muito tradicional, a fermentação da bebida geralmente é feita com as chamadas leveduras selvagens, ou seja, da própria uva. Não se adicionam sulfitos e o vinho pode ter tanino.
Para harmonizar, carnes brancas e muito tempero. “Vai bem com pratos mais complexos, comida com especiarias como curry. Pode também se relacionar com uma boa moqueca, que é mais carregada no sabor”, aconselha Frederico.