Aumento no preço do salmão preocupa mercado gastronômico do DF
Donos de estabelecimentos observam um crescimento de até 60% no valor do peixe nas últimas semanas
atualizado
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Os sushis, temakis e sashimis tão apreciados pelos brasilienses estão com os dias contados (ou vão sofrer um aumento de preço considerável). Calma, não é para pânico. Mas é preciso atentar-se para uma onda de alerta que vem surgindo por aí e preparar o bolso.
Como o Brasil não produz salmão, o principal fornecedor do peixe para o país é o Chile. E é de lá que vem o problema. Segundo o Servicio Nacional de Pesca y Agricultura, foram retirados do mar o equivalente a 40 mil toneladas de salmões mortos. Isso ocorreu após um surto de algas marinhas que se instalou nas águas do país em decorrência do El Niño no início de março.
O saldo desse desequilíbrio ambiental refletiu nas mesas dos brasileiros. Em Brasília, empresários do ramo da gastronomia começam a dar os primeiros sinais de como isso afetou suas rotinas e alerta os clientes para possíveis reajustes que podem vir para um adequamento emergencial ao novo cenário. Casas menores, que têm cardápios essencialmente formados por salmão, veem inclusive a possibilidade do encerramento momentâneo das atividades.
Fábio Bindes , um dos sócios da rede Sushi Loko conta que o aumento foi tão brutal, e em tão pouco tempo, que a marca vem buscando ajustes urgentes. A princípio, em cerca de uma semana, os preços nos menus serão alterados. Mas como não se vê um horizonte mais animador em pouco tempo, talvez sejam necessários planos mais audaciosos.
Fábio Bindes, sócio da rede Sushi Loko
Estamos buscando formas alternativas como, por exemplo, incentivar nosso cliente a explorar mais outros produtos do nosso cardápio, como os pratos feitos com outros peixes. Estamos pensando em campanhas nesse sentido e em, talvez, voltar a servir atum no nosso menu, um pescado muito mais consumido fora do país do que aqui
Bindes observou um aumento de até 60% no valor de compra do salmão. A pouca oferta também assusta o empresário, que precisou buscar uma carga de Goiânia na última semana.
Renata Carvalho, chef responsável pelo Ancho Bistrô de Fogo e Loca Como Tu Madre não atua tão fortemente com salmão nos seus cardápios, mas também vem repensando adaptações para uma melhor adequação à nova realidade do mercado. Segundo a chef, o menu será alterado com um acréscimo no valor condizente ao gasto com a compra do peixe.
O New Koto, considerado um dos melhores restaurantes de comida japonesa da cidade, também sentiu o reflexo do preço. Segundo Jun Marcelo, responsável pelo setor de compras da casa, o aumento no valor foi de quase 100% em relação ao mesmo período de 2015. Na semana passada, Jun tentou comprar três caixas a mais de salmão e já não havia mais disponibilidade com seu fornecedor. “Não aumentamos o preço do menu, mas há uma preocupação com esse aumento progressivo”, reflete.
Colaborou Heloisa Caixêta