“Alimento é a principal rede social”, afirma chef Alex Atala
Ele reforça que a comida conecta as pessoas ao redor do mundo e lembra da importância de valorizar a culinária brasileira regional
atualizado
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Considerado um dos principais nomes da gastronomia brasileira pelo mundo, o chef Alex Atala esbanja simpatia e conhecimento de causa. Eleito o melhor chef brasileiro pelo The Best Chef Awards 2020 e 16º melhor do mundo, ele comanda em São Paulo os restaurantes D.O.M., Dalva e Dito e Bio, além do delivery Noix. Na cozinha, é um grande defensor da culinária regional nortista e das receitas afetivas nacionais. Em qualquer ambiente, ele ressalta a importância do alimento como a principal ligação entre as pessoas.
“As mídias sociais mudam e mudaram profundamente a nossa profissão, mas o que conecta sete bilhões de pessoas no planeta Terra é o alimento. As cadeias do alimento reconectadas, reestruturadas, reentendidas e revalorizadas têm, sim, um poder de impacto num futuro próximo [que é] maior do que a própria internet”, defendeu o chef durante a participação em uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal na última quinta-feira (2/9).
Atala destacou ainda que é preciso resgatar os sabores do Brasil e apresentá-los não apenas a quem vem de fora. Ela deveria ser conhecida – e exaltada – principalmente pelos brasileiros. “A cozinha brasileira é nossa e ela vai ganhar a sua potencialidade no dia que nós conjugarmos esse verbo no presente.”
Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, o chef destaca que é preciso conhecer a gastronomia local para difundi-la. “É superimportante conhecer melhor a Amazônia. Para conhecer melhor o Cerrado, a gente tem que provar o Cerrado. Acredito que se a melhor comida francesa está na França, a melhor comida brasileira só pode estar nas mãos de um brasileiro”, elucida.
Amazônia no prato
Alex Atala esteve em Brasília para participar da audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), que discutiu a internacionalização do turismo gastronômico. Além disso, o debate ressaltou a importância da economia criativa no desenvolvimento do país.
Na conversa, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) ressaltou a proposta de criar rotas de turismo na Amazônia. De acordo com a parlamentar, é preciso utilizar a política externa para desenvolver as regiões do interior do Brasil.
“Queremos usar essa política no combate à desigualdade nesses locais por meio da economia criativa. Junto com a Apex e o Sebrae, vamos elaborar rotas ecoturísticas, valorizando aspectos culturais, artesanais e, principalmente, gastronômicos, para atrair pessoas de todo o mundo. Vamos começar pela Amazônia, mas a ideia é chegar a todo o país”, explica a senadora.
Novos rumos
A pandemia tem sido tempo de muitas mudanças. Na vida de Alex Atala, não foi diferente. De acordo com o cozinheiro, e também empresário, as pessoas precisaram aprender a se comunicar de diferentes formas durante esse período.
“No meu caso, tive que reaprender que eu não trabalhava só dentro de uma cozinha. Eu trabalhava da minha casa, do meu telefone. Acho que a pandemia nos ensinou essa possibilidade de pensar em voz alta. Ainda que não consiga entregar sabor, consigo entregar mensagens”, afirma.
Novos projetos
Além de aparecer mais nas redes sociais e ministrar cursos de culinária pela plataforma Curseria, o chef também colocou em prática um novo projeto gastronômico. Inspirado pelos filhos, ele criou o Noix, um delivery que oferece receitas inspiradas em cozinhas internacionais, principalmente mexicana e asiática.
“Eles gostam de coisas que estão um pouquinho mais na moda e são acessíveis. Então, o Noix abre com essa licença poética de, talvez, me comunicar melhor com o jovem e com o mundo.”