VAR nos estaduais: por que tanta confusão?
O uso do árbitro de vídeo em lances interpretativos ainda gera dúvidas. Vamos acabar com essa discussão?
atualizado
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No Campeonato Carioca, o VAR (video assistant referee, ou árbitro assistente de vídeo, na tradução livre) gerou muita polêmica durante um Fla x Flu. Aconteceram duas intervenções em lances interpretativos. Já no Campeonato Paulista, na semi entre Palmeiras x São Paulo, outra decisão interpretativa transcorreu com auxílio do VAR. Tá, mas o recurso não seria usado somente para erros claros? Por que o VAR está chamando o árbitro para revisar lances interpretativos também?
O protocolo prevê que o VAR chame o árbitro em erros claros ou incidentes não vistos. Ou seja, se o que o árbitro vê e descreve para o árbitro de vídeo for algo diferente da imagem, ele pode convocar o árbitro sim. Mas somente quando o árbitro não tenha visto com clareza o lance, causando uma percepção alterada na hora da interpretação.
No futebol, lances interpretativos são aqueles em que não há consenso. Também são chamados de lances cinza, nem branco nem preto. Em tais ocasiões, a prioridade para a interpretação tem que ser do árbitro, pois ele está dentro do campo de jogo e consegue avaliar melhor as ações dos jogadores. Não cabe ao árbitro de vídeo analisar se um contato foi ou não suficiente para derrubar um atleta, ou se durante uma disputa de bola a ação foi faltosa ou não. A não ser que seja aquele lance claro. Aquele que tanto aqui quanto no Japão todas as pessoas terão a mesma opinião.
Agora, eu proponho um desafio para você, leitor. Você será o árbitro de vídeo e, no final, vai refletir o que faria nessas duas situações cotidianas:
Situação 1: Rodolfo Augusto está atrasado para o trabalho, mas, antes, precisa pagar uma conta. Ele estaciona seu carro na vaga de deficiente, mesmo não possuindo qualquer deficiência. Afinal, ele vai ficar pouco tempo, algo “bem rapidinho”. Detalhe importante: você está vendo tudo através das câmeras da rua.
Situação 2: após sair do trabalho, Rodolfo Augusto passou no mercado. Enquanto esperava na fila, percebeu que estava na hora de tomar seu remédio. Ele, então, abriu a garrafa de água antes de passar pelo caixa. Quando chegou sua vez, Rodolfo pagou pela água. Você viu toda a cena pelas câmeras de segurança do mercado.
Em qual situação você, como VAR, iria intervir? Em qual situação há um erro claro e em qual situação existem vários pontos de vista?
Na vida, podemos checar e revisar nossas ações e, assim como o VAR, devemos sempre fazer a seguinte pergunta: houve um equívoco claro?