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Por que o VAR funciona melhor na Inglaterra do que no Brasil?

Entre os motivos que fazem a Premier League se entender melhor com a tecnologia estão o treinamento prévio e a definição clara de critérios

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Robbie Jay Barratt – AMA/Getty Images
Manchester United v Liverpool FC – Premier League
1 de 1 Manchester United v Liverpool FC – Premier League - Foto: Robbie Jay Barratt – AMA/Getty Images

Se você já viu um jogo da Premier League em que o VAR foi utilizado, certamente ficou impressionado com a rapidez com que o árbitro tomou a decisão. Tanto na Inglaterra quanto no Brasil, a operação do VAR é feita pela mesma empresa: a Hawk-Eye. Mas por que lá funciona bem e aqui não?

O primeiro motivo é a maneira como foi implementado. Na Inglaterra, foram feitos estudos e criadas estratégias para definir a melhor maneira de introduzir a tecnologia sem causar impacto negativo no campeonato. No Brasil, ele quase foi introduzido por impulso. Bastou a polêmica com o gol de mão do Jô, em 2017, para a CBF querer o VAR já na próxima rodada. Perceberam que a lista de requisitos da FIFA era enorme. Desistiram na época e o introduziram somente neste ano, sem muito planejamento. Nesse meio-tempo, poderiam ter aproveitado os campeonatos para treinar o árbitros off-line. A Inglaterra assim o fez.

Quando começou o campeonato, seus árbitros, além de terem o treinamento obrigatório, já tinham a experiência de atuação em jogos, mesmo em partidas não valendo nada.

Mas, se a empresa que opera o VAR é a mesma, por que eles levam minutos para traçar a linha de impedimento aqui, e lá é feita em segundos? Porque a empresa é inglesa. Ou seja, eles possuem os melhores operadores de vídeo. Aqui no Brasil, os operadores são novos na função e, por isso, demoram mais.

Diferentemente daqui, lá são divulgadas na transmissão e no estádio todas as imagens da construção da decisão. O torcedor consegue entender melhor o que está acontecendo. Dá até para ver a linha de impedimento sendo feita. Aqui mostram apenas algumas imagens e a linha pronta, o que gera muita confusão.

Além disso, na Premier League a quantidade de câmeras à disposição do VAR é o dobro da utilizada no Brasileirão. Isso facilita o trabalho do VAR na hora de identificar melhor se houve ou não erro do árbitro.

Outro motivo é o critério na hora de chamar o árbitro. Na Inglaterra, o VAR só chama para corrigir erros claríssimos e leva mais em conta a parte final do ataque do que a fase de ataque inteira, como orienta a FIFA. Por isso, o VAR não chamou o árbitro para ver a falta claríssima a favor do Liverpool e que gerou o ataque e o gol do Manchester United no jogo desse último domingo (20/10/2019).

No Brasil não há um critério definido, chamam para tudo. E essa diferença de critérios faz com que lá o árbitro apite sem depender do VAR, já que a interferência é mínima; aqui, o árbitro apita sendo totalmente dependente da tecnologia, colocando toda a responsabilidade das grandes decisões do jogo na cabine.

Claro que os ingleses não estão totalmente satisfeitos com o VAR. O critério para as intervenções ainda é muito rígido, e muitos lances duvidosos não são revisados. Eles ainda reclamam de lances interpretativos em que o árbitro deveria olhar a imagem para mudar a decisão. Lá o árbitro já decidiu uma jogada de interpretação sem ir até o monitor.

Se ter critério gera discussão, imagina a falta dele. No Brasil, praticamente todas as rodadas têm polêmica de arbitragem. A insatisfação é muito maior. Nunca se sabe o tempo de espera e em qual lance o árbitro de vídeo vai chamar ou não. O VAR aqui é uma cabine de surpresas.

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