Luxemburgo acerta ao criticar o VAR? Que linha é essa, “pofexô”?
A CBF deveria liberar a construção da decisão. Como foi criada e traçada a linha? Só assim quem é leigo consegue entender
atualizado
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O Vasco empatou por 1 x 1 com o Ceará, no sábado (26/10/2019), mas saiu reclamando. A grande polêmica foi, de novo, a linha tecnológica de impedimento que validou o gol do time cearense. O assistente em campo levantou a bandeira, mas no VAR o lance foi legal. O treinador vascaíno Vanderlei Luxemburgo soltou o verbo em entrevista coletiva pós-jogo. Vamos ver se suas reclamações procedem?
1) “Tem que ter um critério único. Vi o jogo do Flamengo contra o Grêmio, foi um árbitro argentino. Em momento algum o VAR foi chamado.”
Realmente, a arbitragem argentina foi muito boa, provavelmente ele esqueceu que o VAR era brasileiro. Mas uma coisa é a arbitragem na CBF, outra coisa é a arbitragem na Conmebol. Os árbitros seguem os critérios e as orientações que lhes são passados por gestores diferentes. No Brasil, claramente não há um parâmetro definido para as intervenções do VAR. Mas, para quem acha que na Conmebol tudo são flores, basta lembrar o vexame do VAR na Copa América. Não tinha critério!
2) “Agora temos quatro árbitros no jogo.”
Ele tem razão, todo mundo palpita e apita! Os árbitros dentro de campo estão inseguros e dependentes do VAR, que, por sua vez, assume o papel do apito em lances que são de campo. Quando muitos opinam, com certeza, em algum momento, vai haver divergência e equívocos na hora de decidir.
3) “Contra o CSA, não tinha câmera para analisar o lance. Mas tinha árbitro, p***! Contra o Palmeiras, a mesma coisa: o Castán fez o pênalti.”
Para quem não lembra desse lance, o jogador do CSA tocou a bola com a mão dentro da área. O árbitro em campo nada marcou. Errou feio. O VAR ficou de mãos atadas. Não chamou porque a imagem não era conclusiva para definir se foi dentro ou fora da área. Azar e falta de ângulos. As transmissões são feitas geralmente só com 12 câmeras. Apenas com outra tecnologia, uma que o VAR não tem por ser mais complexa e demorada, é que foi possível verificar que o lance foi dentro. Se a mão de Castán contra o Palmeiras foi marcada é porque o VAR tinha as imagens que comprovavam a infração. Se não tivesse, não seria marcado.
4) “Contra o Corinthians, foi o mesmo lance de hoje. Aí pega aquele negócio lá e pensa que somos idiotas. Ele bota a régua onde quer que parta.”
Mais uma vez, a imagem divulgada gerou mais confusão do que esclarecimento. E, não, não é colocado onde quiser. Pontos bem específicos são marcados para traçar a linha: a imagem é congelada no momento do toque na bola, é marcado o membro mais próximo da linha de fundo do atacante (linha vermelha) e o do defensor (linha azul). Caso não seja o pé, é tracejado uma linha do ponto mais a frente até o chão. A chamada linha 3D. Lembrando que para impedimento não vale o braço. Todo esse procedimento é padrão para qualquer lance de impedimento. Depois de colocar os pontos, aí é com a tecnologia.
5) “Quero ver abrir o campo, botar as placas, que são referências, para a gente ter uma referência das placas com a linha de impedimento.”
Não há necessidade disso. Seria uma falsa ilusão de justiça, pois as marcações do campo seriam as mesmas. O gramado é todo medido e os ângulos das câmeras são sincronizados para que, no momento de traçar a linha, o desenho saia correto. É tecnologia!
O presidente do Vasco, Alexandre Campello, comprou a briga e disse que vai cobrar da CBF imagens que comprovem a posição legal de Bergson, do Ceará. Apesar de confusa, a imagem é conclusiva, sim. O que a CBF deveria fazer é liberar a construção da decisão. Como foi criada e traçada a linha. Só assim quem é leigo consegue entender melhor o que a imagem confunde.