Intolerância no futebol: mãe e filho são hostilizados no Gre-Nal
O jogo terminou empatado, mas a cena que repercutiu do jogo, certamente foi uma derrota
atualizado
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Você já deve ter visto o vídeo de dois torcedores do Grêmio, mãe e filho, sendo esculachados por alguns torcedores do Internacional em pleno Grenal. Já presenciei essa cena várias vezes quando ia ao estádio. Se tivesse um torcedor com a camisa de outra equipe, seja lá qual fosse, iniciavam um coro para que ele tirasse a camisa. Um tipo de humilhação pública. Mas nessas circunstâncias com violência física e com uma criança? Essa foi a primeira vez.
É chocante ver a criança desesperada, chorando, vendo sua mãe ser agredida e tendo sua camisa tomada das mãos. Tá certo que local aonde eles estavam não era um dos melhores, afinal era o espaço reservado para torcida do Internacional. E mesmo em meio a torcida rival, comemoraram e balançaram a camisa do Grêmio. Mas sejamos justos, nada justifica a violência e a intolerância.
Na hora me veio a cabeça os jogos de basquete da NBA. A rivalidade com o outro time é pura diversão, faz parte do jogo. Quem joga em casa é quem comanda o som e dá o tom as provocações. Eles toleram o confronto saudável, inclusive a arbitragem entra nessa brincadeira. Um exemplo para todos os esportes.
No Brasil, vibrar em “território inimigo” é um risco, que talvez aquela mãe e aquele filho nem soubessem. Uma das agressoras ainda disse que agiu por impulsividade para preservar a criança. Preservar de quem? Dela mesma? Atitude desprezível que não combina com o futebol e tem que ser tratada como caso de polícia.
Foram tantos incidentes com racismo no futebol, que a discriminação virou um dos pilares do novo Código Disciplinar da FIFA, que vai punir também os clubes. Quem sabe em prol do clube o torcedor não muda de atitude?
Agora, quando houver alguma situação discriminatória seja por raça, cor de pele, origem étnica, gênero, deficiência, orientação sexual, idioma religião, opinião política, riqueza ou qualquer outro motivo, o árbitro deverá cumprir três etapas: tornar público o acontecimento e exigir que tal comportamento acabe; suspender o jogo caso continuem; e acabar com a partida, podendo atribuir a derrota ao time infrator.
Educar o torcedor é muito difícil. O pior é que a justificativa para atitudes desprezíveis como essa é o amor ao clube, que faz perder a cabeça. Que amor é esse que agride, descrimina e humilha outras pessoas? Que amor é esse que é capaz de fazer uma criança chorar? Que amor é esse que o torna uma pessoa intolerante a outros seres humanos? Isso não é amor, é doença de caráter.