Clássico em finais: sonho que pode virar pesadelo para o árbitro
Quando rivais se encontram em decisões, os nervos ficam à flor da pele, e precisamos nos preparar para o pior
atualizado
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A maioria dos estaduais no Brasil já tem seus finalistas definidos. E nada de zebra! Muito pelo contrário, serão vários clássicos valendo a taça. Uma dona encrenca para a arbitragem. O clássico, sem duvidas, é um dos jogos mais difíceis de apitar, ainda mais quando ele acontece em uma final.
Engana-se quem pensa que o trabalho do árbitro começa com o apito inicial. Ele vive o jogo bem antes disso. Em sua cidade, em seu estado, só se fala disso, seja no noticiário da TV, na padaria ou no mercado. A responsabilidade só aumenta. E ainda tem de lidar com seus parentes, amigos, conhecidos e desconhecidos pedindo uma forcinha para seu time: “Rouba para o meu time”, “marca um pênalti para nós”, “expulsa o fulano”, como se isso fosse surtir algum efeito. Comentários chatos, mas que fazem parte do dia a dia do profissional do apito.
Lidar com os torcedores antes, durante e após um clássico é um desafio que se estende inclusive à federação de futebol, aos clubes e ao policiamento. Tanto é que, algumas finais, infelizmente, serão com torcida única.
Claro que o árbitro fica feliz de apitar uma final, o maior jogo do seu estado. Ele trabalha o campeonato inteiro pensando nisso. É o reconhecimento por um trabalho bem-feito e uma forma de se projetar nas competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Mas a felicidade pode acabar em 90 minutos (mais acréscimos), isso se ele conseguir terminar o jogo. A rivalidade é tão grande que ninguém quer perder nem o cara ou coroa. Os nervos ficam à flor da pele e, mentalmente, o árbitro precisa estar preparado para o pior.
Geralmente, no vestiário, os árbitros discutem tudo que pode acontecer no jogo. Mas, como diria um amigo meu, o jogo é moleque e às vezes apronta. Sempre tem um lance difícil ou inusitado. Isso é que faz o futebol ser tão fascinante e tão difícil de apitar ao mesmo tempo.
A rivalidade nas arquibancadas muitas vezes é transferida para o campo. A busca pela vitória transforma emocionalmente os jogadores. Por isso, o árbitro precisa acalmar os ânimos, controlar o jogo e passar convicção quando toma uma grande decisão. Caso contrário, quem perde a partida é ele!
Apitar um clássico na final é muito bom quando tudo dá certo e não tem polêmica. Caso contrário, a carreira do profissional ficará marcada e o que era para ser um sonho pode virar um pesadelo.
Confira abaixo quais estaduais já têm suas finais definidas com clássicos:
DF: Brasiliense x Gama
GO: Goiás x Atletico-GO
MG: Atlético-MG x Cruzeiro
RJ: Flamengo x Vasco
RS: Grêmio x Internacional
PR: Athletico-PR x Coritiba
AL: CSA x CRB
PE: Sport x Náutico
MA: Imperatriz x Moto