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Wendell Belarmino: o jovem que brincou nas piscinas e virou campeão paralímpico

Desde 2012 dedicado às piscinas, o brasiliense se espelhou em Daniel Dias e contruiu o seu caminho até a medalha de ouro Tóquio

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Wendell Belarmino
1 de 1 Wendell Belarmino - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Nas Paralimpíadas de Tóquio, Brasília ganhou mais um grande motivo para acompanhar a natação: Wendell Belarmino, natural da cidade, se sagrou campeão nos 50m livre, categoria S11, para deficientes visuais.

Porém, quem o acompanhou somente no megaevento pouco sabe que ele quase foi para o hipismo e que fez tudo acontecer com muita dedicação e treinamento.

Prematuro, Wendell foi para as piscinas ainda muito jovem, quando tinha apenas 3 anos, para fazer umas “aulinhas de natação”. “Eu conheci a piscina para estimular o desenvolvimento motor e porque eu tinha problemas respiratórios, como asma, bronquite. Além disso, eu sempre gostei muito de água, tanto é que lá em casa tem piscina desde que eu nasci e eu passava o dia brincando”, disse o campeão, que hoje tem 1,5% da visão e consegue enxergar um pouco de cor e vultos.

E Foi em 2012 que o competitivo nadador, como ele mesmo se define, descobriu o mundo da natação paralímpica. “Eu liguei a TV nas paralimpíadas de Londres 2012 e a primeira prova que eu vi tinha um brasileiro, o Daniel Dias. Ele virou notícia, saiu ganhando tudo e eu queria muito ser igual a ele e ganhar tudo também”, revelou, enfatizando que via o atleta como uma grande referência e desejava ser como ele. 

Depois de muito insistir para entrar em uma competição, o Brasiliense ganhou a oportunidade, em um campeonato regional, e logo foi para as paralimpíadas escolares. O resultado? Um presságio do que aconteceria em 2021: duas medalhas de ouro, uma nos 50m livre e outra nos 100m.

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O nadador e seu técnico, Marcão, começaram a trabalhar juntos em 2015.
Na pandemia, ele contou com o apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro e de seu técnico, Marcão, para voltar às piscinas melhor do que quando parou.
Nos 50m livres, sua primeira prova no megaevento, ele se sagrou campeão paralímpico.
Nos 100m borboleta, após uma incrível recuperação, Wendell ficou com a medalha de bronze.
Após realizar três sonhos de uma vez só em Tóquio, ele continua com a forte preparação para quebrar os recordes mundiais e paralímpicos.
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Em sua primeira paralimpíadas, Wendell Belarmino já conquistou três medalhas, sendo uma de cada cor: ouro, prata e bronze.

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O nadador e seu técnico, Marcão, começaram a trabalhar juntos em 2015.

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Na pandemia, ele contou com o apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro e de seu técnico, Marcão, para voltar às piscinas melhor do que quando parou.

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Nos 50m livres, sua primeira prova no megaevento, ele se sagrou campeão paralímpico.

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Nos 100m borboleta, após uma incrível recuperação, Wendell ficou com a medalha de bronze.

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Após realizar três sonhos de uma vez só em Tóquio, ele continua com a forte preparação para quebrar os recordes mundiais e paralímpicos.

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E coube ao seu ídolo, Daniel Dias, entregar a premiação. Algo que ficou marcado na memória de Wendell.

Já em 2014, ano seguinte dos ouros paralímpicos escolares, ele conheceu o seu treinador, Marcão. E foi com os melhores que ele aprendeu a ser o número um. “Em 2014, o pessoal me convidou para um meeting paralímpico aqui em Brasília Eu vi a equipe dele (Marcão), eles ganhavam tudo, e eu virei para o meu pai e minha mãe e falei que queria treinar com esse pessoal, porque eu ainda não treinava no alto rendimento”, lembrou Wendell, contando que foi convidado, inicialmente, para fazer um teste.

Foi em 2015 que ele consumou o desejo e nos reservou uma conversa de gente grande.

“Se você quiser, a gente vai para Tóquio, disse Marcão. “Esse cara é meio maluco. Faltam cinco anos para esse negócio e eu mal sei nadar”, pensou Wendell, mas respondeu “Ah é?” “É, se você treinar, você vai para Tóquio”, falou o treinador. “Ah, legal, vou realizar o sonho de ir para a Paralimpíada”, imaginou o nadador.

E foi nesse ano que ele começou a plantar tudo aquilo que colheria nos anos seguintes. Tanta competitividade e força de vontade resultaram em grandes conquistas pouco tempo depois. No Parapan de Lima, em 2019, ele conquistou quatro medalhas de ouro e duas pratas. No mundial, ele subiu no pódio em três oportunidades: uma vez no topo, outra no segundo lugar e também levou um bronze.

Mesmo sendo campeão mundial de 2019, o que o garantiria a vaga nas Paralimpíadas Tóquio 2020, ele estava decidido a fazer o seu máximo para garantir o alto nível até sua viagem à Tóquio. “Acabou que eu tinha sido convocado já em 2019, quando eu tinha sido campeão mundial, então eu tinha realizado o sonho de ir para a Paralimpíada. O pensamento era ganhar medalha em Paris e ser campeão paralímpico, que era outro sonho”.

Como todos os outros esportistas, Wendell também teve de se reinventar na pandemia e ele contou com a estrutura domiciliar para continuar nas piscinas. “Eu tenho uma piscina de sete metros em casa. O Marcão me passou uma planilha de exercícios, que incluía nado atado, então eu nadava preso a uma corda. Eu fazia, mais ou menos, 45 minutos de treino, e também fazia exercícios fora d’água. O Comitê Paralímpico Brasileiro disponibilizou toda a equipe multidisciplinar, com fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, apesar de eu já ter a minha equipe, para auxiliar.

O CPB também convocou os atletas, em 2020, para realizarem o treinamento em São Paulo. “A gente foi para São Paulo em julho e ficou lá até o final de agosto. Quando voltei para Brasília, o Mackenzie abriu as portas para a gente treinar, já que o centro olímpico da UNB, onde a gente normalmente treinava, ainda estava fechado”, lembrou Wendell.

Ele comemorou quando as Paralimpíadas foram adiadas para 2021 e também contou com todo o trabalho psicológico de sua equipe. “O adiamento foi um alívio, a gente não tinha local para treinar, não podia ir para a academia, não podia ir para a piscina, que era o principal.”, contou o medalhista, que, com tantos contratempos, voltou a treinar “melhor do que quando tinha parado”.

Contratempos

Wendell ainda passou por outro problema. Quando chegou a Tóquio, ele teve que ficar em isolamento junto com outros atletas e técnicos, sem treinar, às vésperas do evento, por seis dias.

Porém, Wendell estava pronto e, com toda aquela competitividade, mudou o patamar de seu nome na natação paralímpica. “Eu fui para o Japão, nadei a minha primeira prova, os 50m livres, e realizei três sonhos de uma vez só: Ir para as Paralimpíadas, ganhar uma medalha e ser campeão”, comemorou o nadador, que ainda voltou para casa com uma prata, no revezamento 4×100, e com um bronze, nos 100m borboleta.

O próximo sonho do atleta já está traçado: ele continua treinando para bater recordes. “Só faltou ser recordista, mas a gente está trabalhando para isso. É cair na piscina para bater o recorde mundial”, pontuou.

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