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Racismo, homofobia e preconceito: Douglas Souza denuncia caso em Amsterdã

Jogador de vôlei abriu o coração no Instagram e contou tudo o que aconteceu com ele e com seu namorado, Gabriel, no aeroporto holandês

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Douglas Souza
1 de 1 Douglas Souza - Foto: Reprodução/Instagram

Acostumado a ganhar a mídia por conta de suas brincadeiras e situações divertidas, Douglas Souza, da Seleção Brasileira de vôlei, expôs a situação que aconteceu com ele e seu namorado, Gabriel Campos, no aeroporto de Amsterdã, na Holanda.

Viajando para Vibo Valentia, na Itália, a fim de se apresentar em seu novo clube, que leva o nome da cidade, o jogador precisou fazer uma escala na Holanda. Porém, antes que pudesse tomar o voo para Roma, o casal se viu envolvido em uma situação de homofobia e racismo.

O preconceito aconteceu quando Douglas e Gabriel estavam na área de controle de passaporte em Amsterdã. “O atendente estava falando comigo super de boa, me perguntou o que eu ia fazer na Itália, eu falei para ele que eu era jogador de vôlei, que eu tinha sido contratado por tal time. E aí, ele me perguntou quem era o Gabriel e eu expliquei para ele. Quando eu falei que ele era o meu namorado, a fisionomia do atendente mudou na hora e o tratamento dele também. Ele perguntou o que o Gabriel ia fazer lá e aí eu falei que ele era meu namorado, mostrei o documento que a gente tem uma união estável, que ele estava indo para me acompanhar, trabalhar lá, enfim”, contou o jogador.

E, em um telefonema, o tempo de espera do casal no aeroporto subiu de “umas 3h, para quase 11h”. “Eles levaram a gente para o lado da fila do controle de passaporte, aonde tinham mais umas 20 pessoas, e largou a gente ali durante umas 5h, sem dar nenhum tipo de explicação. Eu perguntei para ele o que tinha acontecido, se ele precisava de ajuda, se a gente podia ajudar de alguma forma, mas eles não quiseram nem me escutar e eu achei muito estranho. Depois disso, de umas 5h, eles me chamaram para uma salinha e fizeram toda uma entrevista para perguntar o que eu ia fazer lá, para eles saberem o que eu ia fazer no país. Só que eles bateram na tecla de novo de quem era o Gabriel e eu tentava explicar que era o meu namorado e eles estavam com uma super dificuldade de entender esse termo, para eles era companheiro e não falava de jeito nenhum que era o meu namorado. A gente tinha ali um documento falando que temos uma união estável. Mas ele insistia no companheiro e não queria deixar de jeito nenhum o Gab passar. Ele perguntou se o meu clube sabia que o Gab ia morar comigo, se estava tudo bem essa situação e eu falei que estava e ele me liberou”, disse.

Voltando à fila que permaneceu por 5h anteriormente, Douglas percebeu que o buraco era muito mais embaixo. Além da homofobia, ele também denunciou que os atendentes estavam sendo racistas com outras pessoas. “A gente foi colocado ali com mais 20 pessoas e, dessas, umas 18 eram pretas ou latinas e as outras duas eram eu e o Gab. Uma dessas pessoas que estavam esperando ali ficou muito revoltada porque uma moça ficou uns 15 minutos, no máximo, era uma loirinha de olho azul, ela foi atendida e ele se revoltou e começou a gritar porque que eles estavam atendendo ela e não estavam atendendo a gente, ‘o que aconteceu, é porque ela é branca?’. Ela ficou até sem graça, meio constrangida. Eu perguntava para eles quantas horas a gente teria que ficar esperando, porque que a gente tem que esperar, não falavam nada”, explicou.

O problema se estendeu até o fechamento do aeroporto, deixando Douglas e Gabriel completamente sem saída. “A gente teve que ficar dormindo dentro do aeroporto, não tinha como a gente ir para um hotel. Ficamos, literalmente, jogados, sentados ali no chão até 7h da manhã, que era o próximo voo para roma. Então, assim, foi o que eu senti, foi uma situação muito estranha, foi muito difícil porque a gente se sentiu fragilizado com a situação, a gente não podia fazer nada, era contra a polícia, então, se a gente falasse alguma coisa, se a gente se exaltasse, poderia dar problema para a gente”, continuou o ponteiro.

Ele deixou o seu recado sobre o acontecido, visto que Amsterdã é uma cidade conhecida como “liberal” em muitos quesitos. ” Eu não achei normal essa situação, sabe, é uma coisa que acontece em todas as partes do mundo, e aí as pessoas vão ‘Amsterdã é super liberal’, mas não é assim que funciona. Eu vivi aquilo, eu sei o que eu vivi, eu sei o olhar, eu sei o jeito que trataram eu e o meu namorado na frente de todo mundo, foi uma situação muito constrangedora”, pontuou ele, lembrando que essa é sua primeira viagem internacional dessa maneira, já que, nas outras situações, ele estava fardado com a camisa da Seleção Brasileira.

Em uma nova fase de sua carreira, o campeão olímpico na Rio-2016 completou o seu relato com muita tristeza. “Infelizmente, é importante a gente mostrar e falar que existe. Eu só estou falando sobre isso porque é importante a gente ter voz e expor esse tipo de situação que aconteceu com a gente porque é real e as pessoas tentam colocar para debaixo do tapete, falar que não aconteceu, que era só coisa da minha cabeça, mas, sabe, tinham mais pessoas ali que perceberam esse padrão diferente das pessoas, mas enfim, foi isso, infelizmente aconteceu, já passou. O meu clube não teve nada a ver com essa situação, eles tentaram ajudar da melhor maneira possível, o meu empresário tentou ajudar também, a gente tentou a comunicação, mas enfim, uma bosta. Eu espero que ninguém mais passe por isso, mas eu sei que vai passar, infelizmente, mas a gente tem que lutar contra isso”, completou Douglas.

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