Clube processa jogadora grávida por “não informar intenção de ser mãe”
Lara Lugli sofreu um aborto espontâneo cerca de um mês após comunicar o Volley Pordenone da sua gravidez
atualizado
Compartilhar notícia
Lara Lugli, ex-jogadora do Volley Pordenone em 2018/19, teve seu contrato rescindido com o clube, em março de 2019, depois de anunciar gravidez, sofreu um aborto espontâneo após cerca de um mês e agora briga na justiça com o Pordenone. O clube processa a italiana por perdas e danos consequentes de sua gravidez e por ela não ter avisado que “tinha intenção de ser mãe”.
A equipe argumenta que Lara deveria ter informado o desejo de engravidar e, ao omitir esse detalhe, ela “violou a boa fé contratual”. Quando a atleta exigiu que recebesse seu salário de fevereiro e não recebeu, foi o pontapé para o caso ir parar na justiça. Lara falou sobre o caso nas redes socias:
“Se uma mulher engravidar, ela não pode fazer mal a ninguém e não deve compensar ninguém por isso. Meu parceiro e eu sofremos o único dano por nossa perda (o aborto), e todo o resto é tédio e baixeza de espírito”, disse. Laura Boldrini, deputada do Partido Democrata, pediu para que o caso fosse investigado.
Em carta ao Primeiro Ministro italiano, Mario Draghi, e ao Presidente do Comitê Olímpico Italiano, Giovanni Malagò, a Associação Nacional de Atletas do país questionou “o que pretendem fazer para acabar com a vergonhosa situação a que as mulheres italianas estão expostas, como o caso da atleta Lara Lugli”.
“Este caso é emblemático porque mostra que a iniquidade da condição feminina no trabalho esportivo é tão internalizada que não só é considerada correta como anula completamente um contrato legítimo (…) Nesta iniciativa inescrupulosa reside o verdadeiro escândalo cultural do nosso país, que chegou a nublar a consciência dos empregados do trabalho desportivo, a ponto de esquecer quais são os direitos fundamentais das pessoas”, constou a associação.