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Tribunal mantém Rosell absolvido em caso de corrupção no Brasil

Rosell havia sido acusado de apropriação indébita de fundos da venda de direitos televisivos envolvendo amistosos da Seleção Brasileira

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Arquivo/Estadão Conteúdo
sandro rosell, ricardo teixeira
1 de 1 sandro rosell, ricardo teixeira - Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo

O tribunal de apelação da Audiência Nacional da Espanha rejeitou um recurso apresentado pela promotoria e confirmou, nesta quarta-feira (03/07/2019), a absolvição de Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, da acusação de lavagem de dinheiro no processo de venda de direitos televisivos de jogos da Seleção Brasileira.

Depois de passar 21 meses na prisão, na qual ficou após ser detido em maio de 2017, o ex-mandatário do clube espanhol havia sido absolvido em julgamento encerrado em um tribunal de Madri, no último dia 24 de abril, quando a sentença que o favoreceu disse não ter encontrado evidências suficientes para considerá-lo culpado neste caso.

Rosell havia sido acusado de apropriação indébita de fundos provenientes da venda de direitos televisivos envolvendo amistosos da seleção brasileira, bem como de um contrato de patrocínio entre a empresa de material esportivo Nike e a CBF. Ele também foi acusado de fazer parte de uma organização criminosa.

Inicialmente, a promotoria pediu pela aplicação de uma sentença de 11 anos ao ex-dirigente do Barça e pela cobrança de uma multa de cerca de 60 milhões de euros (aproximadamente R$ 261 milhões, pela cotação atual). Os promotores afirmam que ele ajudou a lavar cerca de 20 milhões de euros (algo em torno de R$ 87 milhões) relacionados a comissões para os jogos do Brasil durante o período em que Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, estava no comando da entidade. O ex-cartola é acusado de ter ficado com pelo menos 6,5 milhões de euros (cerca de R$ 28,3 milhões).

Insatisfeita com a absolvição de Rosell, a promotoria entrou com um recurso contra a sentença, mas nesta quarta-feira o tribunal de apelação da Audiência Nacional da Espanha o rejeitou e justificou a sua decisão pelos “acertados fundamentos” da sentença proferida no último dia 24 de abril. E o tribunal também confirmou a absolvição de outras cinco pessoas que foram acusadas de envolvimento neste caso de lavagem de dinheiro, entre elas a esposa de Rosell, Marta Pineda, e Joan Besoli, ex-sócio do ex-presidente do Barcelona. Pep Colomer, Pedro Andrés Ramos González e Shane Ohannessian são os outros absolvidos.

Após a confirmação da sentença de 24 de abril, aplicada em primeira instância, a promotoria ainda pode voltar a apresentar um novo recurso no próprio tribunal de apelação da Audiência Nacional da Espanha ou entrar com um pedido de cassação da decisão judicial na Suprema Corte do país.

Ex-executivo da Nike no Brasil e presidente do Barcelona entre 2010 e 2014, Rosell negou ter praticado qualquer irregularidade e conseguiu ganhar liberdade na Justiça no fim de fevereiro para continuar respondendo ao processo contra ele fora da prisão. Para isso, os seus advogados de defesa fizeram vários pedidos pela sua soltura, alegando que era injusto ele ficar sob custódia por tanto tempo sem que o seu cliente tivesse sido condenado por qualquer crime.

Atual presidente do Barça, Josep Maria Bartomeu, expressou o seu apoio a Rosell durante o julgamento, que começou em fevereiro. Preso em 2017, ele teve vários pedidos de soltura para deixar a prisão negados anteriormente.

Ao se defender na Justiça, Rosell admitiu ter feito alguns investimentos em negócios com Ricardo Teixeira, mas que não teriam, na sua versão, qualquer relação com os contratos para as partidas do Brasil. Mas admitiu que o ex-presidente da CBF lhe emprestou dinheiro para ajudá-lo a comprar um apartamento, algo que declarou ter pagado com juros três anos depois. Os promotores dizem que o empréstimo fazia parte do esquema de lavagem de dinheiro supostamente montado pelos dois ex-dirigentes.

Relembre o caso
Teixeira, que renunciou à presidência da CBF em 2012 e fez parte do Comitê Executivo da Fifa, foi indiciado pelas autoridades norte-americanas em 2015, como parte do escândalo da corrupção no futebol. E Rosell disse que a empresa para a qual ele trabalhava, o conglomerado ISE, da Arábia Saudita, fechou um acordo com a CBF para pagar US$ 1,15 milhão (cerca de R$ 4,4 milhões, na cotação atual) por cada uma das 24 partidas do Brasil que iria organizar e deter os direitos de TV.

Pelo acordo, o ex-presidente do Barça afirmou que a sua própria empresa ganharia US$ 250 mil (aproximadamente R$ 963 mil) depois que cada jogo fosse realizado.

Ele disse que seu contrato com o ISE terminou após 14 partidas porque decidiu concorrer à presidência do Barcelona, o que significa que ele renunciou a US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 9,6 milhões), algo que teria direito pelo restante do acordo. “Era um ou outro. Eu não teria tempo para fazer as duas coisas”, afirmou.

Absolvido neste caso, Rosell ainda não se livrou dos problemas com a Justiça. Um deles é referente a uma outra investigação, relacionada à transferência de Neymar do Santos para o Barcelona em 2013. As acusações surgiram após o grupo de investimento DIS afirmar que recebeu um valor menor do que o correto pela transferência, porque parte da quantia paga não foi informada. O ex-dirigente também deverá ser julgado em um caso de suposta fraude fiscal praticada por ele.

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