Torcedores se dizem assustados com risco de Brasília deixar de ser sede das Olimpíadas

Os brasilienses que compraram ingressos para assistir aos jogos de futebol nas Olimpíadas de 2016 no Mané Garrincha estão apreensivos com o risco de Brasília não receber nenhuma partida. Esses torcedores enfrentaram uma concorrida fila virtual e gastaram dinheiro para acompanhar, na capital federal, algumas das 10 partidas previstas para o Distrito Federal.

Quando comprou os ingressos em março, a bancária Carmen Brasiliense, 30 anos, imaginou que assistiria às Olimpíadas com o namorado. O casal pagou cerca de R$ 1 mil no projeto de ver todas as partidas em Brasília. No entanto, há dois meses, o relacionamento de quatro anos acabou. Companhia para levar ao Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, diz Carmen, não vai faltar. “Agora, se realmente Brasília deixar de ser sede, eu ficarei muito frustrada, pois não vou para outro estado assistir a nenhum outro jogo.”

A engenheira Marcela Amorim (foto), 30 anos, também quer acompanhar todos os 10 jogos na capital federal. Ela mobilizou os parentes e o namorado em frente ao computador para comprar os ingressos, que custaram cerca de R$ 80 por partida.

“Minha família gosta muito de futebol. Era uma possibilidade única de ver os jogos aqui, porque não temos interesse em viajar para assistir às Olimpíadas”, afirmou. “Se as partidas não ocorrerem aqui, a gente vai desistir. Tem um estádio enorme que foi construído para a Copa do Mundo de 2014. É desapontante perder essa oportunidade por causa de ingerência do governo.”

 

Prazo e orçamento
A secretária-adjunta de Esporte e Lazer do DF, Leila Barros, afirmou que o GDF já cumpriu grande parte dos 326 itens exigidos pela Rio-2016 para garantir Brasília como sede. Esses pontos incluem aspectos como serviço médico, transporte, mobilidade e logística, e devem ser apresentados para o comitê organizador até fim de novembro.

“Acredito que tudo será ajustado porque o interesse é mútuo. O governo está muito empenhado e estamos fazendo de tudo. No entanto, temos que ter responsabilidade. Agora vamos ter que analisar o impacto financeiro dessa demanda”, ressaltou, em alusão à situação financeira do DF. Caso Brasília aceite sediar os 10 jogos, o governo teria de arcar com instalações esportivas, rede hoteleira, limpeza, energia, tecnologia de comunicação e centros de mídia, por exemplo.

No domingo (25/10), Leila Barros admitiu à coluna Grande Angular que o DF enfrenta problemas de prazo e de orçamento para fechar o contrato com a Rio-2016, mas negou que a organização dos Jogos Olímpicos tenha descartado realizar o campeonato de futebol na capital federal.

De fato, passamos as últimas semanas priorizando a junção de secretarias (Esporte e Educação), mas, a partir dos próximos dias, vamos focar esforços em apresentar a matriz de responsabilidade do torneio de futebol

Leila Barros, secretária-adjunta de Esporte e Lazer do DF

 

Pré-requisito
A matriz de responsabilidade é um pré-requisito para a assinatura do contrato. Segundo a secretária-adjunta, até agora, apenas Manaus e São Paulo já assinaram a papelada. “Não somos a única unidade da Federação atrasada”, justificou a ex-jogadora de vôlei. “Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para não perdermos os jogos de futebol.”

O Comitê Rio-2016 informou que Brasília continua como sede dos jogos, mas confirmou que a capital federal está com todos os preparativos atrasados. Questionada, a entidade não quis informar as metas que o Governo do Distrito Federal deve cumprir para assegurar a permanência no evento nem a quantidade de ingressos vendidos.