Mulher, negra e engajada, Naomi Osaka é o rosto das Olimpíadas de Tóquio
Atual número 2 do mundo, tenista é conhecida pelo seu posicionamento político firme e por sincera em relação às suas vulnerabilidades
atualizado
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A tenista Naomi Osaka foi a responsável por acender a chama olímpica, que simboliza oficialmente o início dos Jogos de Tóquio 2020 nesta sexta (23/7). Mulher, negra e consciente, a atleta é um dos maiores ídolos do esporte atualmente, tanto pelo que faz em quadra, como também pelo que representa fora dela.
De mãe japonesa e pai haitiano, Osaka se mudou para os Estados Unidos aos três anos, porém, decidiu competir defendendo a bandeira do Japão.
Apesar de já ter vencido quatro títulos de Grand Slam — se tornou a primeira japonesa a conquistar um Grand Slam de tênis quando tinha apenas 20 anos –, Naomi não hesita em falar sobre suas vulnerabilidades e também dar atenção a causas sociais.
Durante o torneio US Open 2020, Naomi usou diferentes máscaras com nomes de vítimas de brutalidade policial e racismo nos Estados Unidos. Ainda em 2020, ela forçou o adiamento da semifinal do Western & Southern Open após abandonar uma partida em protesto contra os policiais que assassinaram Jacob Blake, se juntando ao movimento iniciado por atletas da WNBA e da NBA.
Uma de suas principais bandeiras e lutas, atualmente, é sobre a conscientização da saúde mental. Na última edição de Roland Garros, Osaka afirmou que não atenderia a imprensa, algo obrigatório para todos os atletas. A decisão gerou polêmica, e ela foi acusada de estrelismo. No entanto, em suas redes sociais, ela detalhou suas motivações, revelando estar passando por problemas com sua saúde mental.
“Nunca banalizaria a saúde mental ou usaria o termo levianamente. A verdade é que tenho sofrido longas crises de depressão desde o US Open em 2018 e tenho tido muita dificuldade em lidar com isso. Embora a imprensa do têni sempre tenha sido gentil comigo (…) tenho grandes ondas de ansiedade antes de falar para a mídia internacional”, escreveu.
Como consequência, Osaka decidiu abandonar Roland Garros na segunda rodada do torneio e também não participou de Wimbledon. No US Open de 2018, mencionado por ela na carta, Naomi foi vaiada após ter batido a americana Serena Williams.
Apesar de ser uma pessoa assumidamente introvertida, Osaka também faz sua parte em relação a encorajar meninas de todo o mundo a assumirem aquilo que as torna diferentes. Ela é uma das cinco atletas que faz parte da campanha Stronger Together, do Comitê Olímpico Internacional (CO). “Se não nos adequarmos a essa expectativa do que as pessoas pensam que devemos ser, ótimo”, afirma.
Por causa de seu engajamento, Naomi Osaka se tornou uma figura admirada nos esportes e na cultura pop. Atualmente, ela é objeto do documentário que leva o seu nome, disponível na Netflix e que conta com LeBron James como produtor executivo. A atleta também ganhou uma boneca Barbie e foi capa recentemente da revista Vogue Hong Kong, motivo que a levou a responder, perfeitamente como de costume, a mais uma crítica.
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A jornalista Megyn Kelly estranhou ela ter participado de uma capa de revista usando um maiô em um momento que ela estava em depressão. Naomi foi direta e certeira, como um de seus potentes backhands: “Já que você é jornalista, eu imagino que teria gastado algum tempo em pesquisar quando a matéria foi feita, e se você tivesse feito isso, descobriria que as fotos foram feitas no ano passado. No entanto, sua primeira reação é vir aqui e distribuir negatividade. Seja melhor, Megan”, finalizou.
Let’s not forget the cover of (& interview in) Vogue Japan and Time Mag! https://t.co/PAAUEwAVi0
— Megyn Kelly (@megynkelly) July 19, 2021
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